sexta-feira, 1 de junho de 2012

Se não leu, leia! - Os Leões de Bagdá


A liberdade pode ser dada, ou ela deve ser conquistada com esforço e determinação?


Fala galerinha desocupada, tudo "de boa"?

Hoje, mais uma vez, vos trago uma HQ sensacional. Sim, como o prometido, estou falando de Os Leões de Bagdá (Pride of Baghdad, no original), escrita por Brian K. Vaughan e desenhada por Niko Henrichon, lançada em 2008 aqui no Brasil pela Panini Comics.

"Em 2003, depois de um bombardeio norte-americano na cidade de Bagdá, no Iraque, quatro leões escaparam do zoológico local, e, em meio a destruição causada por aquela guerra, descobrem que o preço a se pagar pela liberdade é bastante caro". Esta sinopse define em poucas palavras a origem e o objetivo da HQ, portanto, minhas palavras não são necessárias aqui. Até porque eu escrevo mal pra caramba...

Como eu já disse lá em cima, Os Leões de Bagdá é uma HQ sensacional, principalmente quando se refere a arte da revista. Niko Henrichon desenha animais como ninguém! E o mais impressionante: ele consegue dar emoções a eles. Não que eu esteja dizendo que animais não têm emoções, mas Niko consegue fazer com que entendamos como os personagens/leões estão se sentindo, usando também de expressões faciais, que são igualmente incríveis. Os cenários são lindíssimos. O cara não esquece um detalhe sequer. Se prestar atenção, você consegue ver que cada prédio, cada flor, cada árvore, cada minimo detalhe, foi realmente desenhado por Niko Henrichon. Não posso deixar de falar também das cores, que fascinam assim que você abre a HQ para ler. Uma curiosidade que observei é que a HQ começa "amarela",vai ficando "laranja", volta para o "amarelo", depois retorna ao "laranja", depois toma uma tonalidade "preta", volta mais uma vez para o "amarelo", passa pelo "laranja" e termina escurecendo de uma vez. Pode parecer bobagem, mas essas cores definem os momentos cruciais da HQ, como se fosse um "termômetro" da "temperatura" da HQ. Ela começa mais amena, e depois vai esquentando, depois de esquentar, volta ao normal, e assim por diante, até o desfecho, onde a temperatura some de vez.


Os personagens da HQ não são bem construídos, mas são muito bem definidos. Cada um dos leões tem sua personalidade única. Zill é o macho do grupo (com todos os aspectos de um leão comum, ou seja, preguiçoso e tranquilo), e, consequentemente, o líder do bando; Noor é uma jovem leoa mãe do que pequeno Ali, e organizava fuga  junto com os animais do zoológico; Safa é a leoa mais velha, com mais vivência, e uma exímia caçadora; e, por fim, temos o pequeno e curioso Ali, que tem uma sede enorme de aventuras, e vê toda aquela catástrofe como diversão. Justamente pelo fato de terem sido enjaulados juntos durante anos, a relação entre os leões é mais próxima de uma família do que de apenas um bando. Safa cuida de Ali como se fosse seu próprio filhote, e é mais como aquele patriarca super-protetor, que sempre quer tomar as dores da família toda. Os diálogos entre eles também são ótimos e repletos de discussões filosóficas e/ou selvagens, já que, por serem agressivos por natureza, sempre fazem alguma conotação à caça ou à comida.


A trama da HQ é sucinta, mas a discussão que ela causa sobre liberdade pode durar muito. O que é liberdade? Será que somos mesmo livres, ou só achamos que somos, e estamos sendo constantemente controlados, sem que percebamos? A HQ prima pelo preço que a liberdade tem. Podemos até conseguir nossa liberdade um dia, mas será que isso é bom? Não seria melhor ter ficado lá, preso? Pelo menos você estava seguro... Outro elemento interessante é que a HQ nos mostra uma opinião sobre liberdade através do ponto de vista dos seres mais livres que conhecemos: os animais. E, ao mesmo tempo, mostra que nem mesmo eles, são livres por natureza, estão livres de nós hoje em dia. A trama não conta com revelações bombásticas, grandes reviravoltas ou cenas de luta incríveis, mas narra em poucas páginas uma jornada empolgante com personagens carismáticos.


Enfim, vamos para a nota,não é? Já falei demais! -> 10,0/10


Os Leões de Bagdá é um exemplo de como todas as HQs deveriam ser: únicas. Ainda que hajam outros arcos, ou outras edições pela frente, todas as HQs deveriam se portar como se aquele arco/edição fosse seu último, e se preocupar em sempre trazer algo de qualidade para o leitor.

Eu falei tudo aquilo lá em cima, mas o que eu realmente quis dizer com toda aquele texto é que Os Leões de Bagdá é uma excelente HQ, e se você não leu, vá ler agora!

Por Breno Barbosa

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