terça-feira, 17 de julho de 2012

Se não viu, veja! - Nascido para Matar (1987)


A dualidade da guerra.


E aí galerinha desocupada, como vão vocês? Tudo em paz?

Pois é galerinha, faz tempo que eu não venho aqui recomendar algo velho legal pra vocês não é? Pois esta escassez de recomendações acaba agora! Hoje vos trago um dos maiores clássicos do aclamado diretor Stanley Kubrick (de O Iluminado e Laranja Mecânica), Nascido para Matar!

Nascido para Matar (ou Full Metal Jacket, no original), baseado no romance The Short Timers de Gustav Hasford, nos conta a estória de um pelotão de soldados estadunidenses, que estão sendo treinados para combater na guerra do Vietnã. O filme pode ser dividido em dois grandes atos: o treinamento dos soldados e a ida deles ao Vietnã. A sinopse básica do filme é essa. Qualquer coisa a mais poderia ser considerado spoiler, e acredite, você não vai querer spoilers deste filme.


Não se deixe enganar, ainda que o título sugira um filme de ação, Nascido para Matar não tem muito disso, ou seja, não espere por um deleite visual de violência gratuita. Não há muito o que se falar deste filme no que tange à estética, já que esta não é o foco principal do filme. O que é legal mesmo no visual são as paisagens e locações que vão aparecendo no decorrer do filme. Se o lugar para onde os soldados são enviados não for realmente o Vietnã, eu não tenho ideia de onde seja. Os cenários do filme são bem caprichados, e conseguem levar o espectador aonde o diretor deseja, tanto visualmente quanto "psicologicamente".


Agora sim poderemos começar a falar deste filme de verdade, vamos para o roteiro! Eu gosto de dizer que Nascido para Matar, como um todo, é um filme completo. Ele consegue passar a impressão de ser, ao mesmo tempo, um filme de terror, um filme de terror, um documentário, um filme de ação, um drama e uma comédia. Ele só não consegue ser um romance, mas quem se importa? Quando se tem tudo isso junto num filme só, a última coisa que você vai querer ver é um romance! À primeira vista, Full Metal Jacket parece ser um filme chato, já que em suas primeiras horas, vemos apenas o treinamento dos soldados, mas com um pouquinho de paciência, você vai conseguir enxergar a obra-prima que é este filme. A divisão do filme em dois atos diferentes é fundamental não só para o desenrolar da trama, mas para a sua empolgação. Depois de conseguir passar do primeiro ato do filme aos trancos e barrancos (não que ele seja ruim, muito pelo contrário. Vai te arrancar muitas risadas), quase dormindo, você é recompensado com algumas cenas de ação. Ao mesmo tempo que mostra tudo isso, o filme também discute, de maneira sublime e ao mesmo tempo escrachada, sem perder o humor (humor negro, na maior parte do tempo), a questão da presença dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. São todos esses detalhes (alguns maiores que outros) que me fazem considerar Nascido Para Matar um filme completo. Espero que eu não seja o único...


Os personagens do filme também não ficam pra trás. Os atores conseguem fazer a interpretação de do personagem mais difícil de se interpretar (na minha opinião, é claro): a pessoa comum. Nada de psicopatas ou de personalidades excêntricas. Todos aqui são pessoas como eu e você (com exceção do sargento Hartman, é claro). A única diferença é que estão numa guerra, mas continuam agindo como pessoas normais. Ainda que comuns, cada personagem cativa de um jeito diferente, assim como diferentes pessoas na vida real conseguem lhe cativar, cada uma de sua maneira particular. Alguns personagens vão abandonar a trama de repente, mas logo serão substituídos por personagens igualmente interessantes. Acompanhar o desenvolvimento destes personagens ao longo do filme acaba se mostrando uma experiência que poucos filmes vão lhe proporcionar.


A trilha sonora é excelente, e só é chamada quando necessária, ou seja, levante os braços pro céu quando uma musica começar a tocar. Isso pode parecer um ponto ruim, mas não é. Muitas cenas só funcionam do jeito que funcionam aqui neste filme justamente pela ausência da musica de fundo. Mas não se preocupe, ainda que poucas, as musicas escolhidas para permear o filme são grandes clássicos da música americana, com direito à Rolling Stones e sua inesquecível Paint It Black nos créditos, fechando o filme com chave de ouro.

Acho que já falei bastante né galerinha? Vamos para a nota -> 10/10

Não consigo pensar em outra nota para Nascido para Matar. Não há nenhum defeito que salte aos olhos, e, como eu falei inúmeras vezes nas linhas acima, trata-se de um filme completo. Sem mais. Portanto, se você ainda não assistiu esta pérola de Stanley Kubrick, feche esta janela e veja soldado!

Mas não antes de escutar esta musica:



Um crássico!

Até a próxima galerinha!

Por Breno Barbosa

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