Amigão da vizinhança? Vai sonhando...
E aí galerinha desocupada, como vai essa noite de domingo?
Então galerinha, hoje venho trazendo para vocês mais uma HQ batuta. Aproveitando a volta do amigão da vizinhança, o nosso querido Homem-Aranha, aos cinemas com o filme O Espetacular Homem-Aranha (que eu até já comentei aqui), trago a vocês (finalmente) uma HQ do meu herói favorito, de um jeito que nem você nem ninguém já viram. Sim meus queridos, hoje vos trago Homem-Aranha Noir!
Homem-Aranha Noir (Spider-Man Noir, no original) é um dos títulos da série Marvel Noir, que leva os principais heróis da editora (como o próprio Aranha e até o Homem de Ferro) aos becos escuros e sombrios dos anos 30, baseado nos antigos romances policiais da época.
Na trama, Peter Parker e sua tia são socialistas que, junto com alguns cidadãos de seu bairro, lutam por melhores condições em seu país, Estados Unidos, que acabou de sofrer com a quebra da Bolsa de Valores (a Grande Depressão, que aconteceu em 1930). Todo esse esforço se torna inútil quando toda a cidade está tomada pela corrupção e pela violência, que tem como principal pilar o grande empresário Norman Osborn, conhecido como O Duende. Em uma de suas reportagens como aprendiz de fotógrafo, Peter é picado por uma aranha mística que lhe dá estranhas habilidades. Sedento por justiça, o jovem Peter usa seus novos poderes para derrubar de vez o império corrupto do Duende e de seus companheiros sob a máscara do Homem-Aranha.
A HQ tem arte de Carmine de Giandomenico e roteiro assinado por David Hine e Fabrice Sapolsky. A HQ foi lançada aqui no Brasil pela Panini Comics em um encadernado bem elegante em 2 volumes separados, que correspondem aos 2 volumes da HQ (aqui falo apenas do volume 1). Se você se interessou, a revista pode ser encontrada à venda na Livraria Saraiva, por meio deste link aqui. (Não, não estamos sendo patrocinados. Mas bem que poderíamos...)
A arte de Homem-Aranha Noir é ótima, mas não consegue apresentar 100% o clima sombrio das estórias "noir". A HQ contem muitos tons fortes e vivos em sua coloração, o que não é típico em estórias que são sombrias por natureza. Isso acaba por tirar parte do clima realista e sujo da proposta do "noir", mas felizmente não denigre a trama da HQ. O traço de Giandomenico faz com que todos os personagens da revista pareçam sérios e misteriosos, sempre com semblantes pesados e fechados, reflexo das dificuldades pelas quais passam naquela época sombria. Ainda que com muitas cores, o visual da revista ainda permanece bastante sombrio, e dá um ponto de vista, ao mesmo tempo, bastante diferente e bastante parecido com a proposta original do personagem. Ainda que totalmente diferente do Homem-Aranha que todos conhecemos e amamos, principalmente pelo fato de vestir negro e levar uma arma consigo, você ainda vai conseguir enxergar muito do Aranha clássico em sua versão "noir".
O roteiro da HQ nos traz uma premissa bastante interessante, já que tem como objetivo desconstruir o Homem-Aranha como o grande herói que conhecemos. Amigão da vizinhança? Pode esquecer. O teioso de Homem-Aranha Noir quer justiça e vingança, e não vai medir esforços para isso. Mesmo que isso signifique assassinar seus inimigos um a um, coisa que o Aranha original nunca faria. Além dessa desconstrução do caráter do "herói", a revista também traz uma discussão ferrenha sobre política, que mesmo sendo dirigida à política americana de 1930, ainda pode se aplicar na política de hoje. Por não tomar uma dimensão maior e não procurar mesclar-se à um universo maior, como a HQ original, Homem-Aranha Noir tem um desenrolar um tanto quanto rápido, mas sem sem correria, principalmente pelo fato de a estória ser contada em somente 4 edições. O roteiro é simples e bem amarrado, especialmente acertado para uma leitura rápida de um final de semana, ou até mesmo de um dia, se você for daqueles que gostam de devorar as revistas.
A transposição dos personagens para o universo "noir" é bem interessante, dando um ponto de vista diferente sobre personagens que a maioria de nós já conhecemos. Pena que eles não tiveram tempo de serem melhor trabalhados. Talvez se HQ tivesse mais edições, poderíamos nos aprofundar nas versões "noir" de personagens bastante queridos e bem conhecidos do grande público, como Felicia Hardy (a Gata Negra) e Norman Osborn (o Duende Verde). As versões "noir" dos vilões do Aranha também são bem interessantes, e seriam ainda melhores se tivessem tempo para serem desenvolvidas com mais atenção. Mas o suprassumo da HQ está no jovem Peter Parker, que tem uma reconstrução de valores e uma transformação de caráter que vai acontecendo no desenrolar da estória. É uma pena que só acompanhemos esses personagens durante 4 edições (8, se contarmos com o segundo volume). Seria bem legal se tivéssemos mais HQs do universo "noir" do Aranha.
Minha nota? Vamos lá -> 8.0/10
Ainda longe de ser uma revista perfeita e/ou um clássico do mundo das HQs, Homem-Aranha Noir é uma releitura da estória que todos nós conhecemos do herói que todos nós amamos sobre um prisma bem diferente, mostrando que a história de um verdadeiro herói não conhece os limites do tempo. Então, se você, assim como este que vos escreve, é fã das HQs do teioso, corra atrás de ler Homem-Aranha Noir!
Por Breno Barbosa
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