"Eu não falei com você. Falei com o cachorro"
— Nanashi
Pois é galerinha desocupada, tudo ok? Como prometido, cá estou, de volta pra falar de um filme que eu queria falar já há muito tempo...
Sword of the Stranger (ストレンヂア 無皇刃譚 Sutorenjia Mukōhadan, Stranger Mukō Hadan, no original japonês, totalmente copiado da Wikipédia) é um filme de 2007 produzido pela Bones (pra quem é familiarizado com animes, é a mesma Bones dos excelentes Cowboy Bebop e Fulllmetal Alchemist Brotherhood, os quais com certeza falarei posteriormente), e conta a história do garoto Kotaro, acompanhado por seu fiel cãozinho Tobimaru, que começam a ser perseguidos por um grupo de assassinos chineses com intuitos misteriosos. Para sua sorte, Kotaro começa uma pequena amizade com Nanashi, um mercenário errante que procura redenção por seu passado, e Kotaro contrata Nanashi para lhe servir de guarda-costas em sua viagem sem rumo pelo Japão feudal.
Quem já conhece a produtora Bones sabe que os caras não brincam em serviço e fazem animações belíssimas. Mas pra quem não conhece, a animação de Sword of Stranger é praticamente impecável, tanto nas cenas de ação quanto nas cenas mais calmas. As cenas de luta conseguem ser ao mesmo tempo frenéticas e rígidas, contextualizando com os diferentes estilos marciais dos personagens, já que a esgrima chinesa é bem diferente da japonesa. A espada chinesa em Sword of the Stranger é cheia de movimentos estilosos, contando com o uso das pernas e dos braços para contundir o inimigo; já a lâmina japonesa aqui, assim como na vida real, é mais contida e rígida, já que o kenjutsu (a esgrima japonesa) tem como pilar principal a disciplina, prezando por movimentos precisos e definitivos. Ambos foram muito bem ambientados, mas pouco disso importa, já que ambos são belíssimos, ainda mais aqui, em Sword of the Stranger.
Os personagens de Sword of the Stranger são bastante genéricos se formos analisar pelo lado anime, mas, se visto apenas como uma animação (que é o jeito que julgo ser o correto, já que anime também é um tipo de animação), são até diferentes do que se vê por aí. Mesmo que sejam genéricos, é impressionantes como os personagens conseguem cativar o espectador. Kotaro é o clássico garoto japonês de cabelo espetado que se vê em quase todo anime, mas ainda assim, consegue-se notar que há algo a mais nele. Nanashi é o clássico samurai misterioso dos animes, mas ainda assim, ele consegue não parecer um samurai misterioso qualquer. Falando em Nanashi, há um detalhe bem curioso sobre este personagem: ele não se permite usar a espada. Sim, há um motivo para isso, mas essa é a parte legal da jogada, e é por isso que Nanashi não é um samurai misterioso genérico de anime. Onde já se viu, um samurai lutar sem usar sua arma, sua alma? Aqui você verá. Outro detalhe interessante sobre Nanashi é seu nome, que, como explicado no filme, significa "sem nome" em japonês. Claro, o motivo também é explicado no filme.
Por não ser o foco de Sword of the Stranger, a trama não é muito detalhada. Sim, há algumas reviravoltas e outros elementos que adicionam ao filme, mas nada que você não consiga prever ou cogitar. Basicamente, é aquela história que o seu avô conta para você em uma de seus raros encontros. Uma história interessante, não tão impactante e bem detalhada, cheia de mistérios ou elementos nunca antes vistos, mas afinal, quem espera isso de uma história do seu avô? Mesmo não tendo todos esses adicionais para enriquecer a história, com certeza você vai lembrar de Sword of the Stranger por um bom tempo, quiçá pelo resto da sua vida. Trata-se da sutileza, da beleza escondida na simplicidade que poucos conseguem fazer em uma animação, e convenhamos, os japoneses são bons nisso com suas animações. Claro, há bastantes exceções, mas isso é assunto pra outra conversa.
O filme parece ter sido feito para encaixar perfeitamente na trilha sonora. Aliás, o filme parece ter sido feito simplesmente porque já tinham feito a trilha sonora antes, e precisavam de um filme que tivesse a ver com ela. Sério, as musicas de Sword of the Stranger são lindas, e se encaixam perfeitamente em cada momento do filme. Tratam-se de musicas típicas da cultura japonesas, com direito a flauta, tambores e tudo mais. Em alguns momentos do filme a musica é tão suave que chega a dar sono (mesmo sendo um curto, com um pouco menos de 2 horas), e o filme demora um pouco para trazer o ritmo de volta, fazendo com que você fique mais sonolento ainda. Mas quando o ritmo volta e a ação começa você com certeza vai abrir os olhos e ficar atento para o que vai vir. Nessas horas Sword of the Stranger não vai te deixar com sono, pode ter certeza.
Indo direto para a nota -> 8,5/10
Em suma, Sword of the Stranger vai lhe cativar por sua animação praticamente impecável e sua história simples e sutil. Não espere por um roteiro elaborado e personagens dramáticos e introspectivos. O que você vai encontrar aqui é uma animação simples e com pouco a dizer, mas que com certeza vai lhe marcar. Então, se você não viu, vá correndo e veja logo!
Por Breno Barbosa
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