domingo, 13 de maio de 2012

Se não jogou, jogue! - Trine 2 (PC)


"— Did you know that the octopus has three hearts?"
"— Hey, that's just like us!"
— Amadeus e Pontius


Sim galerinha desocupado, cá estou eu mais uma vez para falar de games. Dessa vez, trago-vos um pequeno prodígio dos games. Um jogo pequeno, mas com um grande coração. Três grandes corações, aliás. Estou falando de Trine 2. Sim, Trine 2, pois não joguei o primeiro jogo...

Trine 2 é um game de plataforma estilo progressão lateral criado pela empresa Frozenbyte, ao melhor estilo dos clássicos da geração 16 bits, e com algumas pitadas de puzzle em sua receita. Trine 2 foi lançado pouco tempo antes de seu antecessor (o primeiro game foi lançado em 07 de Dezembro de 2011, e o segundo em 21 de Dezembro do mesmo ano), e está disponível via DLC para Playstation Network, Xbox Live Arcade e Steam. Trine 2 é uma sequência direta de Trine, e sua história tem início quando a entidade mística do primeiro game, conhecida como Trine, reúne novamente os três heróis da aventura anterior: Pontius, o bravo e glutão cavaleiro, munido de sua espada e escudo e de seu poderoso martelo; Amadeus, o mestre das artes místicas, capaz de criar plataformas e manipular objetos do cenário; e Zoya, a astuta ladina, que carrega consigo um arco capaz de disparar diferentes tipos de flecha e um gancho extensor (ao melhor estilo Hookshot, de The Legend of Zelda) para escalar certas plataformas. Com os três heróis reunidos, a Trine os envia em uma contenda para descobrir o que está perturbando a paz daquele reino, e nessa aventura uma trama misteriosa vai se desdobrando. 

Ainda que seja um jogo pequeno, quase indie (me corrijam se ele realmente for), Trine 2 é graficamente fantástico. Os cenários são bastante bem detalhados, os efeitos de iluminação e a alta interatividade do jogador com a paisagem ao seu redor são de impressionar para um jogo tão pequeno quanto este. Quando digo pequeno, quero dizer que não se trata de uma grande produção como um God of War, mas sim que se trata de um jogo sem ambições maiores, e justamente por causa disso Trine 2 impressiona aqueles que não conhecem seu legado. E eu estou incluso neste grupo. Quando abri o jogo pela primeira vez em meu humilde computador, a primeira coisa que pude observar é que, por mais bonito que o game seja, ele não necessita de requerimentos absurdos no hardware da sua máquina. Um PC novinho deve rodar o jogo tranquilamente, com uma qualidade até alta. O cuidado com a parte artística do jogo é realmente impressionante. Tudo no game parece uma pintura impressionista, com cores fortes quando se trata de ambientes abertos, e tons obscuros quando se está em ambientes fechados. São poucos os jogos que dão atenção ao seu lado artístico, e são esses poucos jogos que se destacam dos demais. Trine 2 faz isso com maestria. 


Trine 2 utiliza tanto o mouse quanto o teclado em sua jogabilidade (referindo-se ao PC, é claro), o que, na minha opinião, é um pouco estranho para um jogo de plataforma. Mas depois de jogar Trine 2, percebi que minha concepção estava errada. A jogabilidade teclado-mouse é bastante funcional e se aplica muito bem ao jogo. O mouse é usado como mira para as flechas de Zoya e para manipular itens do cenário com a magia de Amadeus, enquanto o teclado controla a locomoção do personagem e efetua a troca dos mesmo. No modo para um jogador, só se pode usar um personagem por vez, o que aumenta a dificuldade do jogo, principalmente em alguns enigmas que requerem uma colaboração entre dois personagens. Falando em enigmas (ou puzzles), os mesmo não apresentam bastante dificuldade, e alguns podem ser resolvidos de diversas maneiras diferentes, cabendo a você usar sua criatividade e inteligência (a primeira mais necessária que a segunda). As vezes os conceitos de física do jogo podem atrapalhar em alguns puzzles, como objetos que balançam constantemente e líquidos que escorrem para algum lado mesmo estando parados, por exemplo. Nada que denigra a experiência do jogo como um todo, mas vai lhe deixar com raiva as vezes. Porém, não se pode dizer os mesmo dos chefes do jogo, que são poucos e fáceis de vencer. Uma vez que você descobre o segredo dele, o caminho para a vitória fica bem mais acessível. Mas o tal caminho as vezes é difícil de se achar.

A trama de Trine 2 não é revolucionária, mas encanta e cativa tanto quanto seu ótimo visual. A cada capítulo, a estória é lida poeticamente por um narrador, e as fases do jogo são permeadas por breves e ótimos diálogos entre os três aventureiros, o que aumenta a magia ao redor do jogo, tornando-o ainda mais belo. Mesmo quem não jogou o primeiro game consegue acompanhar perfeitamente a história e entender claramente as motivações e as personalidades de cada personagem. Cada um dos aventureiros é único, e cada um cativa de sua maneira. Pontius é tão bravo quanto é engraçado, e, acima de todas suas qualidades, é um glutão nato, e quer devorar tudo o que vê pela frente. Amadeus é mais cauteloso, beirando o medo, e fica contido e menos entusiasmado em relação a aventura que está vivendo. Já Zoya não está nem aí pra nada, o que ela mais quer é garantir um dinheirinho no final da jornada. Sim, são personagens bem simples, mas é justamente toda essa simplicidade que deixa o jogo ainda mais belo. Tudo isso permeado por um constante clima jocoso. Até mesmo os momentos mais sérios do jogo são divertidos. A tensão de enfrentar um chefe de fase é ligeiramente esquecida ao lembrar do clima zen que o jogo lhe oferece.


 Sonoramente, Trine 2 também não decepciona nem um pouco. A trilha sonora é belíssima, com um estilo menos frenético e com temas menos viciantes típicos de jogos de plataforma. O que reina aqui são as faixas melódicas com bastante embasamento medieval, com muitos temas tocados em flautas, trombones e outros instrumentos de sopro, sem a presença de instrumentos com um som mais pesado, como guitarra e bateria. Quem curte filmes com uma temática medieval, ou até mesmo quem é chegado em Power Metal, vai se sentir em casa em Trine 2. Este que vos fala se encaixa nas duas características acima. Em suma, como tudo neste jogo, a trilha sonora é encantadora.

Ufa, tá bom né? Acho que já escrevi demais. Desse jeito a galera só vai ver as figurinhas e pular direto pra nota... 

Falando em nota, lá vai a minha nota para Trine 2 -> 9,0/10

Trine 2 é uma peça rara no mundo dos games. Poucos jogos tentam resgatar a nostalgia desse estilo progressão lateral de plataforma, e Trine 2 é um deles. E faz isso muito bem, diga-se de passagem. Portanto, se você não jogou, deixe o Diablo 3 pra depois e vá jogar Trine 2!

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