Tick Tick Tick - Boom!
Pois é galerinha, cá estou eu de volta para falar de mais nerdice. Dessa vez, uma das melhores HQs que já li desde que comecei a ler HQs (o que não faz muito tempo). Sim, estou falando de Nova Onda: Agentes do O.D.I.O (NextWave: Agents of H.A.T.E. O nome original é bem melhor. Inclusive peço permissão para me referir à HQ apenas pelo nome original), mais uma HQ da minha editora favorita, a Marvel (Sim, a DC é melhor, mas este quem vos fala não morre de amores por ela).
Antes de começar a resenha, gostaria de pedir permissão para usar um vocabulário mais escrachado e, por que não, inculto, beirando o vulgar. Acho que assim eu conseguirei me aproximar mais do clima da revista, que se trata de um humor altamente escrachado e com vários palavrões (censurados, é claro). Não se preocupem, esta resenha vai seguir a mesma linha das outras que venho fazendo (ou seja, longas, chatas e cheias de rodeios). Sem mais delongas, vamos lá!
NextWave: Agents of H.A.T.E é uma HQ da Marvel Comics lançada em 12 edições no período de aproximadamente um ano entre 2006 e 2007, escrita por Warren Ellis (conhecido pelo famoso arco Extremis do Home de Ferro) e desenhada por Stuart Immonen (artista bastante conhecido na Marvel. Entre seus trabalhos mais famosos estão Homem-Aranha Ultimate e Novos Vingadores). NextWave conta a história de um grupo de super-humanos reunidos pela célula anti-terrorismo chamada H.A.T.E. Entre eles estão: Monica Rambeau, ex-membro dos Vingadores; Elsa Bloodstone, a caçadora de monstros; Aaron Stack, ex-vilão conhecido como Homem-Máquina; Tabitha Smith, a ex-X-Man Boom Boom; e O Capitão... Em poucas palavras, um zé-ninguém superpoderoso. Esta galerinha descobriu que a H.A.T.E estava sendo financiada por uma célula terrorista chamada Beyond Corporation©, antigamente conhecida como S.I.L.E.N.T, e resolveu se rebelar contra os planos malignos apoiados pela H.A.T.E, que é liderada pelo psicótico Dirk Anger, que, como dito em uma das imagens publicitárias da HQ, "Tem 90 anos e é mais bonito que você".
Você curte humor nonsense? Não? Pois espero que aprenda a gostar, pois NextWave é cheio disso! Seja nas piadinhas ou nas criaturas malucas que aparecem no decorrer da revista, NextWave tem como maior arma o ridículo. Sim, o ridículo. Warren Ellis pensou "Por quê eu devo retratar os super-heróis como coisas legais ou dramáticas? Por que não mostrar que, na verdade, eles são uns completos retardados?", e, junto com o excelentíssimo Sturt Immonen (e o resto da equipe, é claro) deram a luz a esta HQ. Ao contrário de mostrar heróis poderosos da Marvel, como Os Vingadores, Warren Ellis resolveu usar personagens não conhecidos pelo grande público e dar a eles um novo rumo. Por que não? Ninguém tá fazendo nada com eles mesmo... "Mas os personagens não vão ficar muito apelativos, se o foco da HQ é o humor nonsense?", você pergunta. E a resposta é não. Pelo contrário, ao mostrar esse lado mais cômico dos heróis, Ellis acaba humanizando eles, tornando-os mais críveis, mais palpáveis. Sério, o que você faria com voo e superforça? Claro você que iria sacanear alguém ou dar uma surra naquele cara que você odeia. Salvar o mundo fica pra depois. E é assim que o Esquadrão NextWave propõe salvar a América: batendo nas pessoas. Tratam-se de estórias curtas, durando no máximo duas edições, com o intuito maior de divertir o leitor com muita comédia e ação brutal desenfreada. Ah, e com coisas sem sentidos. Como Koalas Assassinos. Em algumas horas, as piadas parecem ficar forçadas, mas não se preocupe, isso passa, e logo a trama passa a retomar o fôlego.
Falando em personagens, todos eles são ótimos. Tabitha segue o esterótipo da "loira burra" americana, e está sempre no celular e falando em gírias (a mais usada por ela é a famosa "tipo assim"). Aaron, o Homem-Máquina, é um robô convencido viciado em cerveja com várias frustrações em sua "vida", mas ainda assim encontra espaço pra se achar melhor que os humanos. Monica Rambeau é a única heroína do grupo que já sentiu o gostinho da fama, ao lado dos Vingadores, e sempre que tem a oportunidade, se refere ao tempo em que "era líder dos Vingadores", o que acaba se tornando um jargão odiado pelo resto do grupo. Elsa Bloodstone vem de uma renomada família inglesa que caça monstros há milhares de anos, e na maior parte das suas cenas de luta ela age como se fosse um brucutu de filme de ação, e chega até a parodiar uma cena famosa de outra excelente HQ da Marvel (conhecedores conhecerão). Não posso esquecer de flar do comandante Dirk Anger, uma versão pirada de Nick Fury, que é de longe o personagem mais maluco da revista. Não fica claro em momento algum quem ele realmente é, e ele chega até a dar medo com suas manias bizarras. O que se pode esperar de um cara que veste o vestido da mãe?
Desculpem por colocar a imagem no meio do texto, mas eu tinha que mostrar isso... |
Por fim, temos o Capitão. O que falar sobre ele? Usando das palavras da própria HQ, ele é incrivelmente forte voa, apesar de ninguém conhecê-lo. Trata-se de uma paródia com todos os heróis que tem "Capitão" em seu codinome. O próprio personagem brinca com isso na HQ. Como você pode ver, nenhum deles parece real, ao mesmo tempo que parecem bem palpáveis. A interação do grupo é ótima e rende vários momentos em que você racha o bico de rir sem saber exatamente por quê.
No que diz respeito a arte da HQ, Stuart Immonen foi a escolha perfeita para desenha-la. Não podia ser outro cara, apenas Stuart Immonen conseguiria dar vida às maluquices de Warren Ellis com tanta maestria. Além de dar um ar bem caricato aos personagens, ele consegue desenhar ótimas sequências de ação com coreografias melhores ainda. Não se acanhe pelo fato de o traço de Immonen ser um pouco diferente do que se vê nas outras HQs, ele se encaixa perfeitamente nesta aqui, pode ter certeza. Outra das qualidades do lápis de Stuart Immonen é a sua versatilidade. Poucos artistas conseguem variar seu traço sem perder a identidade visual como Immonen faz. Rola até uma homenagem ao incrível Mike Mignola (de Hellboy), dê uma olhada e compare com as outras imagens acima:
O cara se garante mesmo, não é? Sim sim, não se deve poupar elogios quando se trata de Stuart Immonen, o cara desenha muito. Wade Von Grawbadger (o arte-finalista) e Dave McCaig (o colorista) também não podem ficar de fora. Se Immonen dá vida às maluquices de Warren Ellis, Wade e Dave dão o o corpo e a alma. Existe até uma versão especial da edição 5 da HQ, apenas com o lápis de Immonen e as tintas de Von Grawbadger. Essa é a prova cabal de que as cores Dave McCaig dão uma "adição a mais" na HQ.
Chega de tanto falar e vamos para a nota da bagaça! (Eu estou me sentindo o maioral tentando falar com todas essas gírias e jargões...) -> 9,5/10
Você não vai se arrepender de perder algumas horas do seu dia lendo NextWave, pode ter certeza. A não ser que você tenha que estudar para provas, trabalhar ou algo do tipo. Se você se encaixa no perfil, termine suas obrigações e vá ler NextWave!
P.S: Pra quem tem interesse de conferir as aventuras da NextWave, a HQ foi publicada no Brasil pela Panini nas páginas da revista Marvel Max durante 2007 e 2008, ou seja, não vai ser tão fácil acha-la. Pra quem tiver condições, há também um encadernado gringo com todas as 12 edições juntas (inclusive, recomendo a leitura em inglês. Algumas piadas se perdem na tradução), mais ou menos da mesma época. Se você não conseguir por nenhum dos meios anteriores, só lhe resta o bom e velho Torrent ou os sites especializados em scans de quadrinhos.
P.S.S: Não estou incitando os leitores a deixar de comprar HQs nas bancas e livrarias ou deixar de baixá-las via aplicativos provenientes das próprias editoras através de seus tablets ou smartphones. O fato é que, por se tratar de uma HQ um pouco mais antiga, não é fácil acha-la mesmo em lojas especializadas, deixando como única opção baixá-la através de scans. Inclusive foi o que eu, Breno Barbosa, fiz para ler HQ e escrever esta resenha. Não sou contra as scans, mas também não sou totalmente a favor. Nem sempre elas são as vilãs das editoras, como muitos gostam de ressaltar, mas, sempre que tiver a oportunidade, compre uma HQ física, para ter a verdadeira experiência de como se ler quadrinhos.
Se você concorda, discorda, ou simplesmente quer ver o mundo pegar fogo, deixe sua opinião nos comentários!
Por Breno Barbosa
Desculpa a demora pra responder Matheus, mas se você ainda estiver aí, eu baixei via Torrent (por isso o motivo de as scans estarem em inglês). Eu ainda tenho a HQ salva aqui no PC, se você ainda quiser é só mandar um e-mail pra desocupado_contato@hotmail.com.
ResponderExcluirValeus!
Realmente é muito difícil achar essa HQ. Eu tava morrendo de curiosidade pra ler e fiquei mais ainda depois de ler o seu artigo.
ResponderExcluirOnde você conseguiu baixar o scan?