Eu sou mau, e isso é bom.
Fala aí galerinha desocupada, tudo em paz? Curtiram o fim do mundo? Não? Nem nós... quem sabe ano que vem melhora...
Enfim meus queridos, como já é de praxe, toda semana algum desocupado da nossa vasta equipe de 4 pessoas traz uma indicação do barulho para vocês, e, depois de algum tempo sem trazer alguma indicação maneira, eu, Breno Barbosa, estou de volta, para a alegria de todos! (Ou não)
E a minha indicação bacana dessa semana é o filme Detona Ralph (Wreck-it Ralph, no original), a mais nova animação da Disney para as telonas. O filme só entra em cartaz oficialmente no dia 4 de Janeiro, mas alguns cinemas já liberaram algumas (poucas) sessões de pré-estréia, é só dar uma pesquisada antes.
Na trama, Detona Ralph é o vilão do jogo Conserta Felix Jr. (Fix-it Felix Jr., no original), herói com o qual Ralph dividiu a tela pixelada de seu fliperama durante 30 anos. Depois de tanto tempo sendo maltratado por seus colegas de jogo, Ralph decide deixar para trás o Conserta Felix Jr. e partir para novas aventuras, a fim de conquistar uma medalha e tornar-se um herói renomado, mas sua jornada para o estrelato lhe reserva muitas surpresas.
Graficamente, Detona Ralph não trás muitas novidades ou diferenciais exclusivos, mas funciona perfeitamente. A direção de arte do filme também é ótima, e consegue levar o espectador a diversos mundos (jogos) diferentes, cada um com sua própria personalidade e clima. Do clássico joguinho de plataforma ao shooter em primeira pessoa, do mais simples ao mais complexo, a equipe de arte entrega ambientes belíssimos, sempre aproveitando pra fazer uma homenagem a uma franquia ou outra do mundo dos games. A equipe de produção do filme faz com que a animação funcione tanto como um longa-metragem quanto como um jogo de verdade. A movimentação de alguns personagens é baseada nos clássicos movimentos pausadamente exatos dos clássicos games de plataforma, como Super Mario Bros. e Alex Kidd, por exemplo. Como se trata de um filme sobre video-games, não poderiam faltar referências a games de verdade, e Detona Ralph é cheio delas. Desde as mais explícitas ás mais sublimes, as referências pipocam na telona a cada instante só pra satisfazer os olhos (e por que não o coração também) dos gamers. Mas se você não é ligado em games não precisa ter medo, o filme funcionará perfeitamente pra você também. Não é preciso entender tudo de video-games para se deleitar com Detona Ralph, e isso é uma grande vantagem do filme, principalmente para as crianças mais novas, que não tiveram a oportunidade que muitos de nós tivemos de apreciar os video-games em suas eras mais frutíferas. O 3D do filme é quase inexistente, e não adiciona (ou reduz) nada à experiência, ou seja, um total desperdício do seu dinheirinho suado. Se possível, procure por sessões normais, em 2D, pois o 3D de Detona Ralph nada mais é do que um caça-niqueis sem vergonha. Mas se não houver outro jeito, não deixe de assistir o filme.
A trama do filme é cativante e se desenvolve bem, mas aparenta inconsistência de vez em quando. Alguns elementos se mesclam de uma maneira quase que forçada, e alguns personagens são mal explorados e/ou mal desenvolvidos, como a Sargento Calhoun, por exemplo, que tem frequentes "inserções psicológicas" sempre que convém ao desenrolar da trama. Pequenos defeitos à parte, o filme conta uma estória empolgante e emocionante, abordando sutilmente temas mais sérios, como a exclusão social e o bullying, que na trama são sanados com belos ensinamentos sobre superação, respeito e autoconfiança. Tudo isso sem parecer chato ou óbvio demais, ou seja, sem incomodar os espectadores mais velhos (ou aqueles que vieram pra ver personagens de video-game na telona). Os personagens são principais são poucos, mas são bastante cativantes, cada um de seu próprio jeito. Ralph é cativante como um anti-herói sem regras, mas com um bom coração; Vanellope é a garotinha fofinha e espertalhona. Quem não gosta de garotinhas fofinhas e espertalhonas?; A Sargento Calhoun funciona como a linha-guia de toda a ação do filme, portanto, é indispensável para sua (nossa) empolgação durante o filme; e Felix Jr. é um personagem tão chato que acaba sendo legal. Detona Ralph pode ser facilmente encarado como um Toy Story no mundo dos video-games. O roteiro é parecido, os personagens principais tem objetivos bastante semelhantes e os ensinamentos mostrados em cada um dos filmes também são parecidos. Isso é ruim? Não, pelo menos pra mim. Seria uma grande honra se você fosse comparado ao seu ídolo, não? Ainda assim, Detona Ralph funciona muito bem, sem parecer uma cópia descarada do grande clássico da história das animações, já que ambos impactam o público de maneiras diferentes.
Uma grande pena foi o sub-aproveitamento dos personagens clássicos dos games. Pelo menos pra mim, gamer desde criança, o filme seria perfeito se todos os heróis que marcaram minha curta e preciosa vidinha participassem abertamente do filme. Todos são muito contidos, com aparições curtas, justamente pra dar aquela ganchada no seu coração e faze-lo jorrar nostalgia. Durante 108 minutos de filme, eu esperei que o Ryu, de Street Fighter, desferisse um hadouken em um inimigo, ou que o ouriço azul da SEGA, Sonic, pulasse na cabeça de algum vilão ou que passasse como um borrão azul pela tela em uma cena qualquer. Infelizmente, nada disso acontece, mas há um prêmio de consolação nos créditos do filme.
A trilha sonora do filme é boa. Só isso. Nada de temas memoráveis ou momentos em que ela encaixa perfeitamente. Ela simplesmente funciona sem chamar atenção. A dublagem está muito boa, pecando somente pelo excesso de artistas convidados. Dentre eles, temos Tiago Abravanel (atualmente na novela Salve Jorge da Globo) como Ralph, MariMoon (desconheço totalmente) como Vanellope e Rafael Cortez (do CQC da Band) como Felix Jr.. Todos estão bem em seus respectivos papéis. Tiago Abravanel foi bem sucedido - pra quem está dublando pela primeira vez -; MariMoon esbanja carisma com sua personagem, Vanellope, e nem parece que é sua primeira vez dublando; e Rafael Cortez, bem... ele consegue ser tão irritante quanto seu personagem, Felix Jr., então está tudo ok.
Ah, quase ia esquecendo! Como é de praxe no mundo das animações cinematográficas (principalmente as da Disney), não poderia faltar um pequeno curta-metragem animado no inicio do filme, e em Detona Ralph não é diferente. Aqui somos apresentados à O Avião de Papel (The Paperman, no original), que conta com uma animação extraordinariamente bela, no maior estilo das animações clássicas da própria Disney, e um roteiro simples, belo e cativante. É de se impressionar o que o curta consegue mostrar (e transmitir) em tão pouco tempo. Não deixe de assisti-lo!
Enfim galerinha, isso é tudo. Hora daquela velha e boa nota, né?
Aí está -> 8,0 / 10
Apesar de algumas inconsistências menores, Detona Ralph funciona muito bem não só como um animação para espectadores das mais diversas idades, mas também como uma bela ode a todos nós, gamers, que há muito não tínhamos um "representante" cinematográfico que transmitisse nossas vozes para o mundo inteiro. Seja você um gamer, um adulto, uma criança ou um adolescente chatinho, Detona Ralph é uma animação que irá lhe cativar de uma maneira ou de outra.
Portanto, se você ainda não viu Detona Ralph, corra para os cinemas e veja!
Por Breno Barbosa
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