quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

[ESPECIAL] O Senhor dos Anéis - O Silmarillion (Parte 4)

Quando deuses caminhavam sobre a Terra Média.


Saudações galerinha desocupada, tudo em cima por aí?

Dando continuidade ao nosso especial em homenagem à estreia de O Hobbit Uma Jornada Inesperada nos cinemas - que, a propósito, acontece nesta sexta-feira, dia 14 - marcando a volta de Peter Jackson, diretor responsável pela adaptação da trilogia Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien, para as telonas.

E hoje é dia de falar sobre O Silmarillion, um dos livros de J. R. R. Tolkien que foi publicado depois de sua morte por seu filho, Christopher Tolkien (que também adaptou o conteúdo do livro para que ele pudesse ser distribuído), em 1977.

O Silmarillion conta a estória da criação da Terra Média e de como ela se tornou aquilo que vimos em O Hobbit e em Senhor dos Anéis. Desde a primeira gota de chuva até o primeiro elfo a pisar na grama verde, o Silmarillion narra através de vários relatos tudo aquilo que aconteceu antes das aventuras de Bilbo e Frodo, datados de tempos imemoriáveis, que falavam sobre guerreiros lendários e de deuses que caminhavam sobre a terra.


Basicametne, O Silmarillion nada mais é que uma grande coletânea de relatos sobre a criação da Terra Média que Tolkien usava como fundamentação para suas outras obras que se passavam no mesmo local, como O Hobbit e O Senhor dos Anéis. Muitos desses relatos não possuíam ordem cronológica, enquanto outros ainda estavam inacabados ou em formato de rascunho. Tolkien nunca teve planos de publicar esse material, principalmente por se tratar de algo bastante experimental e particular. Porém, após sua morte em 1973, seu filho, Christopher Tolkien, adaptou todo o material experimental do pai, dando fim aos relatos inacabados, aperfeiçoando os esboços e juntando-os em uma ordem cronológica, formando uma coletânea de estórias batizada de O Silmarillion, que foi publicado 4 anos depois, em 1977.

Apesar de não ser uma obra de autoria 100% "tolkieniana", O Simarillion remete muito à narrativa do autor, porém com um estilo de abordagem diferente. A aventura romanceada de O Senhor dos Anéis deu lugar à clareza e objetividade dos relatos históricos sobre a Terra Média. Isso é algo que muitos leitores desprevenidos não sabem: O Silmarillion não é mais uma das aventuras épicas de Tolkien, mas sim uma "enciclopédia", uma "bíblia" que contem todo do seu conhecimento sobre a Terra Média e seus primórdios. O livro é dividido em relatos sobre diferentes épocas da Terra Média, todos muito bem organizados cronologicamente por Christopher Tolkien, de um modo que o leitor possa ler (quase) qualquer um dos relatos à sua escolha. O livro também conta com um mini-dicionário de termos em élfico de outros dialetos daquele mundo, além de um mini-glossário com os nomes de todo e qualquer personagem citado ao decorrer do livro. E aí está um dos detalhes que mais vai confundir a cabeça dos leitores ao começarem O Silmarillion: os nomes. No decorrer do livro, somos apresentados a milhares de personagens diferentes, todos eles com nomes parecidos e com 2 ou 3 títulos de batalha ou apelidos, que posteriormente são citados em alguma parte de seus relatos, o que acaba causando uma verdadeira bagunça na cabeça do leitor. Mas sempre que isso acontecer você pode dar uma olhadinha no mini-glossário no final do livro. As vezes não vai ajudar muito, mas com certeza vai dar uma clareada na sua memória.


Infelizmente, o formato do livro não possibilita o desenvolvimento de seus personagens mais interessantes. É uma pena ver tantas tramas com potencial o suficiente pra render um bom filme serem finalizadas em poucas páginas, sem dar muita atenção para seus personagens, que pareciam bem promissores. Alguns relatos você poderá simplesmente pular ou deixar pra depois, já que grande parte deles se sustenta sozinho, mas haverão outros relatos que vão te deixar grudado no livro, e você só irá conseguir dormir depois de termina-los. Esses geralmente são interligados com capítulos anteriores. O tamanho dos relatos também varia, com uns podendo ter um pouco mais de 3 páginas e outros com 10 ou 15 páginas aproximadamente, e geralmente, esses são os mais interessantes. Se você é um grande fã da obra de Tolkien, ler O Silmarillion vai ser uma das experiências mais gratificantes que você terá. Suas curiosidades serão finalmente sanadas e você pode dar uma de "garoto-enciclopédia" da sua turma. Se você não é lá um veterano de guerra no que diz respeito a literatura Tolkien, é melhor ir com calma com o livro. A principio ele pode parecer bem chato, mas com o tempo você vai se acostumando ao estilo da narrativa e vai começando a encontrar as melhores estórias. Mas se você é um navegante de primeira viagem totalmente alheio a qualquer obra do autor, recomendo que dê uma passeada por outros livros antes de chegar neste aqui. Se você não tiver a mente aberta o suficiente (e uma imaginação bastante fértil) para adentrar em um mundo totalmente desconhecido, você dificilmente vai saber por que diabos está lendo este livro. Não que o livro seja "complexo demais pra você, mero mortal, entender", mas sim porque para quem quer saber ainda mais sobre o universo fantástico criado por Tolkien. Mas se ainda assim você está interessado em ler O Silmarillion, vá com tudo e mergulhe de cabeça.


O Silmarillion é um dos únicos livros que conheço que possui uma trilha sonora. Sim meus caros, um livro com trilha sonora. A banda de rock alemã Blind Guardian (minha banda favorita, a propósito) criou todo um álbum baseado nos contos do Silmarillion, batizado de Nightfall in Middle-Earth (Anoitecer na Terra Média), lançado em 1998. A grande sacada do álbum é dramatizar toda a trama do livro em alguns versos de não mais que 5 minutos. Pode não parecer tão impressionante á primeira vista, mas a profundidade e a dramaticidade que os artistas dão à trama do livro, que é constituído apenas de relatos muitas vezes sem diálogos e sem uma exploração de seus personagens, é de cair o queixo. Algumas faixas são apenas pequenos diálogos gravados em áudio, fazendo referência a algumas passagens do livro, e geralmente são usadas como transição de uma musica para outra. Infelizmente, tenho certeza de que nem todos irão gostar do estilo musical da banda, já que se trata de um nicho um tanto quanto "desconhecido" do rock, chamado tecnicamente de Power Metal, que tem como principal característica a valorização da melodia e da letra da musica, acompanhadas de uma guitarra mais acelerada e uma bateria um pouco mais comportada que o normal, se compararmos com outros artistas de outras ramificações gênero Metal (metaleiros de plantão, corrijam-me se eu tiver falado alguma besteira). Em suma, Nightfall in Middle-Earth pode facilmente ser considerado um complemento indispensável para O Silmarillion, dando toda uma nova dimensão para a experiência de leitura.

E pra dar um gostinho da suposta trilha sonora do livro, fiquem agora com a música Nightfall, uma das faixas de Nightfall in Middle-Earth, que retrata a ira do personagem Feanor e de seus sete filhos após terem suas preciosas Silmarils (pedras sagradas que dão nome ao livro) pelo Senhor do Escuro Morgoth. Escutem aí:


Enfim galerinha, considerações finais: se você é fã de toda a literatura de Tolkien, principalmente tudo o que diz respeito a Terra Média, O Silmarillion é um livro indispensável pra você. Se você pretende começar suas aventuras na Terra Média neste ano (amanhã, mais especificamente) com O Hobbit nos cinemas, recomendo que acompanhe um pouco mais da obra de Tolkien antes de chegar em no Silmarillion. Claro, não ser um expert na literatura tolkieniana não vai tirar seu proveito da leitura, portanto sinta-se livre pra desfrutar do Silmarillion quando e onde quiser. Foi mais ou menos o meu caso, já que estou bem longe de ser um especialista em Tolkien.

Uma nota para O Silmarillion? -> 8,0 / 10

Não é perfeito, e muito menos atrativo, principalmente para quem não é familiar com esse universo, mas continua sendo um ótimo livro.

Bem galerinha, isso é tudo! Espero que tenham gostado do nosso especial até aqui.

E estejam preparados, pois amanhã é dia de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada!


Por Breno Barbosa

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