Número de capítulos: 420 e contando.
Data de lançamento: Dezembro de 2003 e contando.
Quem publica: Shueisha, pela Shounen Jump semanal.
Criador: Hideaki Sorachi
"O país dos samurais". Faz muito tempo desde que nosso país se chamava assim. O céu que antes fazia os samurais sonharem acordados, agora é tomado por naves estrangeiras. "Amanto", estrangeiros que chegaram a Edo há 20 anos. Com sua chegada, o número de samurais tornou-se cada vez menor. Nossas terras e espadas foram tomadas e largamos nosso orgulho e tudo mais. Não somente nós os samurais, mas todos os que viviam na época.
E é nessa Edo que Sakata Gintoki, um samurai de cabelos prateados, vive. Com o declínio dos samurais, todos tiveram que buscar novos meios de vida, seja como rebeldes, vagabundos ou policiais. Com Gintoki não foi diferente e ele acabou por traçar seu caminho como um faz-tudo, acompanhado de seus companheiros Shimura Shinpachi e Kagura. Shinpachi é o rapaz corretinho, que de vez em quando dá seus chiliques, e Kagura é uma garota livre de frescura, com uma personalidade que reflete muito a de Gintoki. E esse trio é quem faz a roda girar no distrito de Kabuki, onde moram.
Porém, parte dos shounens que eu ví sempre tratam a comédia como algo de início de mangá, e ao longo da produção, acabam deixando-a de lado. Em Gintama é o contrário. A comédia é intrinsecamente ligada a história, não a toa é bem provável ter ao menos uma piadinha em cada capítulo. Sorachi conseguiu equilibrar o quebra-pau com as gargalhadas, e foi bastante feliz nisso. Porém, Gintama é um mangá cujo público-alvo maior são os japoneses. Isso porque ele usa muitos trocadilhos usando os Kanjis (ideogramas da escrita japonesa). Vide o o próprio nome do mangá, Gintama, que em japonês significa Alma Prateada, mas com a leitura errada do kanji, ele poderia ser chamado de Kintama, que significa Bolas de Ouro (que é o modo como os japoneses se referem aos seus testículos). Outra prova do público-alvo são termos relacionados à pessoas que participam da cultura pop japonesa. O terceiro carro-chefe do humor de Gintama são suas paródias com outras publicaçoes da Shounen Jump, como Dragon Ball e Saint Seiya.
Mas nem só de felicidade se alimenta a vida, e nesses momentos Sorachi mostra um lado oposto à proposta de sua obra. A tensão cresce muito nas batalhas, que felizmente são rápidas. Não são aqueles 5 minutos de Namekusei (lembram da luta contra o Freeza em Dragon Ball Z), Sorachi sabe ser direto nas lutas, sem embromação. E mesmo que ocorra a explicação de algo durante a luta, o pau não para de comer. Temos arcos com lutas extremamente empolgantes. Como exemplo, em homenagem ao desocupado-mor, Breno, cito a saga da Benizakura.
E falando de arcos e sagas, Gintama tem vários. Mas novamente, Sorachi escolhe por criar uma trama curta e sucinta, ao invés de prolongar algo desnecessariamente (tipo eu quando escrevo um post). Normalmente não se nota quando um arco começa, pois eles surgem das situações mais comuns, que normalmente são os trabalhos que aparecem para Gintoki (um dia) pagar o aluguel.
Gintama conta com um grande número de personagens vivos na trama. De primeira, temos o Shinsengumi, um esquadrão policial que segue ordens do Xogunato, comandada pelo trio Sougo Okita , Hijikata Toushiro e Isao Kondo. Okita é sádico, Hijikata é o durão e Kondo é um pervertido (e comandante do Shinsengumi nas horas vagas). O Shinsengumi realmente existiu no século XIX, mais ou menos na mesma época que o filme O Último Samurai busca retratar. Por outro lado, temos duas facções rebeldes, a de Kotarou Katsura, que é mais pacífica, e a de Shinsuke Takasugi, um rebelde que fará tudo que puder pra destruir o Xogunato. Ainda temos vários outros personagens recorrentes, como Taizo Hasegawa, que teve um bom emprego mas hoje vive na miséria; Shimura Tae, irmã de Shinpachi e que vive sendo perseguida por Kondo; E temos a senhora Otose, uma dos quatro generais que dominam o distrito de Kabuki. Falei de tanta gente e mesmo assim faltou mais ainda. Alguns se repetem mais que outros, enquanto alguns são aparições únicas. Todos os personagens que se envolvem no mangá tem seu passado, seja ele de dor ou de alegria. Mas a recorrência destes personagens não é tão frequente em outros mangás. Em Gintama há a recorrência de personagens que parecem durar uma história só, e esses personagens acabam ganhando uma maior profundidade.
Uma curiosidade bem interessante sobre Gintama (pra quem curte História e/ou cultura japonesa) é o fato de que boa parte de seus personagens principais são paródias de figuras reais (e bastante importantes) na história do Japão. Porém, aqui em Gintama eles tiveram seus nomes alterados (provavelmente pra não sujar suas reputações), como por exemplo o revolucionário Katsura Kotarou, cujo o nome real era Katsura Kogorou, líder dos revolucionários monarquistas que lutavam pela posse do Japão lá pelo século XIX.
Gintama possui seu próprio anime, que havia tido uma pausa muito longa há não muito tempo atrás, resultando no questionamento de que havia sido cancelado ou não. Porém, não muito tempo depois, Gintama voltou a ser exibido normalmente nas TVs japonesas. Caso você esteja interessado, também há versões em HD dos episódios mais antigos que podem ser encontrados pelo nome Yorinuki Gintama-san. Eu não estou muito avançado no anime, que mantém a trama principal do mangá e reproduz muitos dos capítulos do mesmo, porém, como o show tem cerca de 24min de duração, tem muitas cenas extras que não existem no mangá. Isso poderia ter sido feito do jeito certo ou errado. Felizmente, o estúdio Escolheu o jeito certo, que é evitar a encheção de linguiça e colocar ainda mais situações engraçadas.
Eu, Angelo, tenho uma forte impressão de que os Amanto são uma personificação dos estrangeiros, quando esses invadiram o Japão no século XIX com toda a sua tecnologia, na mesma época em que tivemos a queda dos samurais e a criação de grupos rebeldes. Acho que posso explicar isso como a época que O Último Samurai
Gintama tinha tudo pra ser um sucesso internacional: lutas, comédia, drama e uma boa trama. Mas há grande um impasse que não permitiu isso, sem um trabalho maior de adaptação para outros países: O grande número de piadas relacionadas à cultura pop do Japão e à história dele.
Eu aprendi a gostar de Gintama. De primeira eu achei que ele era só mais um anime/mangá igual aos outros. E eu estava certo. Porém ele transforma a mesmice em algo interessante, com suas sátiras e o bom uso do artificio da quebra da 4ª barreira, que é constante. Gintama é uma boa pedida pra quem gosta de Shounens, mas está cansado do gênero. Eu recomendo.
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