domingo, 13 de janeiro de 2013

Se não viu, veja! - A Viagem (2012)

Um doce pra quem perceber o trocadilho aqui em cima!



Fala galerinha desocupada, tudo bem com vocês?

Como todos vocês bem sabem, (quase) todo fim de semana temos uma indicação bacana (modéstia à parte) aqui no Desocupado e, como eu ainda não editei a indicação dessa semana do Angelo, aí vai a minha!

E a recomendação batuta dessa semana é A Viagem (Cloud Atlas, no original), adaptação cinematográfica do livro homônimo de David Mitchell, dirigida pelos irmãos Andy e Lana Wachowski (a dupla por trás de Matrix), ao lado de Tom Tykwer.

Cloud Atlas - como irei me referir ao filme daqui em diante - nos conta 6 diferentes estórias, em tempos e lugares variados e com personagens diferentes, porém, de alguma forma misteriosa, todas elas estão conectadas, direta ou indiretamente, umas com as outras, todas levando à mesma pergunta: seria a morte o fim de tudo, ou apenas um novo começo?


Como dito antes, Cloud Atlas nos conta seis estórias diferentes em tempos e lugares variados. Seis estórias diferentes requerem seis tipos de estética diferentes, e Cloud Atlas é muito bem sucedido em emprega-las. Cada conto (se é que posso chamar assim) possui sua própria estética, seu próprio clima, usando e abusando de efeitos especiais belíssimos, quando necessário. Seja num passado não tão distante ou em um futuro distópico, Cloud Atlas prima pela credibilidade de cada ambiente, o que só foi possível graças à ótima direção de arte do filme. Algumas estórias - a maioria delas - se passa em ambientes "reais", fáceis de retratar, já outras se passam em lugares incríveis, como a futurística Nova Seoul ou em uma misteriosa ilha habitada por guerreiros e assassinos canibais. Até mesmo estes ambientes surreais dão um sentimento de credibilidade em Cloud Atlas, não somente pelo visual, mas também pelo contexto em que se encaixam no roteiro do filme. Uma das coisas que você mais verá em Cloud Atlas é o reaproveitamento de atores. O elenco é ótimo, bastante variado, e grande parte dos atores aparece em mais de uma estória, porém nunca com o mesmo visual. Alguns debaixo de uma camada de toneladas de maquiagem, e outros até travestidos do sexo oposto. Infelizmente, nem todos esses "disfarces" funcionam bem aos olhos. Alguns parecem bastante forçados, mas, por outro lado, há outros que funcionam com tanta naturalidade que você nem notará. Todos os personagens, de alguma forma, aparecem em mais de uma estória, conectando a mais antiga delas à mais nova, ou vice-versa. Cabe a você localiza-los em cada uma das estórias, o que é um ótimo passatempo para se fazer durante o filme, afinal, ele tem quase 3 horas de duração. Assistir Cloud Atlas pode ser uma experiência um tanto cansativa por causa da duração, mas que deve ser apreciada na tela grande do cinema. Infelizmente, são poucas as salas que exibem o filme (pelo menos aqui onde moro), ou seja, tente chegar cedo no cinema pra não perder o lugar. Devido a esse fato, eu tive que assistir o filme de uma maneira "alternativa" (Torrent). Enfim, seja na tela grande ou na pequena, Cloud Atlas não vai deixar de ser um deslumbre visual.


O fato de Cloud Atlas se tratar basicamente de uma coletânea de estórias aparentemente dispersas, porém todas conectadas entre si, é ao mesmo tempo o ponto forte e o ponto fraco do filme. Um ponto forte pelo quão divertido e impressionante é ver todas as estórias se conectando pouco a pouco, junto com o desenrolar do filme, e um ponto fraco pelo fato de o filme requerer 100% da sua atenção à cada momento. Vire-se pro lado pra falar com seu colega e BOOM! Lá se vai o entendimento do filme. Isso faz com que Cloud Atlas não seja um filme "acessível" para todo mundo. Se você não se concentrar nas estórias ou simplesmente não estiver no clima pra ver um filme desse naipe, é preferível qeu você opte por outro filme. Relaxe um pouco a cabeça e deixe Cloud Atlas pra depois, quando estiver mais disposto. Aí sim você vai conseguir aproveitar o filme. Mesmo que você dedique toda a sua atenção ao filme, você não vai conseguir capturar todos os mínimos detalhes que ele lhe mostra na primeira vez que assistir, o que faz com que Cloud Atlas seja um filme pra se assistir mais de uma vez, se possível pausadamente - principalmente por causa da duração do filme -, acompanhado dos amigos. Assim, você terá opiniões e visões diferentes das passagens do filme, tornando a experiência bem mais prazerosa e impressionante. O fato de as estórias estarem acontecendo todas ao mesmo tempo dá um bom tom de dinamismo ao filme, mas também ajuda a deixa-lo mais confuso que o normal. Uma hora você está em um navio do século XIX, e 15 minutos depois já está nos arranha-céus futuristas de uma cidade coreana, e mais 10 minutos depois, quando você menos se dá conta, já está acompanhando um senhor de idade em sua fuga de uma casa de repouso. Através dessas estórias, o filme também procura abordar questões filosóficas, como a vida (e amor) após a morte, reencarnação e outras questões anti-governamentais, adicionando mais lenha na fogueira que você chama carinhosamente de cérebro. Como eu disse antes, é muito informação pra se pegar de primeira. As estórias aparentam ser bem variadas, mas na maioria delas o romance, o drama e as crises existenciais reinam soberanos, fazendo com que essa dita variedade fique um pouco mal das pernas. Ainda assim, Cloud Atlas consegue ser uma amálgama convincente de ação, drama, romance, comédia e ficção científica.


Como eu já havia falado antes, Cloud Atlas conta com um elenco bem variado. Temos desde atores famosos e renomados à ilustres iniciantes semi-desconhecidos, todos eles muito bons. Alguns deles são bastante explorados em algumas estórias, já em outras fazem apenas uma pequena ponta, só pra dizer que estavam ali de alguma forma. Você dificilmente verá o mesmo ator protagonizando mais de uma estória, mas verá com bastante frequência que ele terá uma participação em mais de uma delas. Hugo Weaving (o Elrond, de O Senhor dos Anéis e O Hobbit), por exemplo, está presente em todas as seis estórias, já Doona Bae participa apenas de duas delas. Todas as estórias, de algum modo, são interessantes, mas, em minha humilde opinião fecal, é o conto de Timothy Cavendish que se destaca dentre os demais e, junto com ele, a(s) atuação(ões) de Jim Broadbent, que toma o filme pra si com seus personagens.

Não sei se posso dizer que o filme possui realmente uma trilha sonora. Praticamente todas as faixas são variações do tema principal, que, por "acaso", se chama Cloud Atlas. Mas sabe o que é mais legal? Isso não é um ponto fraco do filme. Pelo contrário, se encaixa muito bem no contexto, basta ficar atento ao filme e você perceberá.


Enfim garotada, acho que isso é tudo. Hora daquela notinha marota de cada indicação.

Aí está -> 8,5 / 10

O único pecado de Cloud Atlas foi ser muito grande: grande em duração, grande em ambição e fazer uma grande confusão na cabeça de quem não se ligar no filme. Fora isso, Cloud Atlas é uma experiência única até então (pelo menos pra mim, que ainda sou praticamente um infante) e que vale a pena ser experimentada do jeito que foi feita: na telona do cinema. Portanto, se você ainda não foi ver Cloud Atlas (ou A Viagem, se preferir), garanta já seu ingresso e corra pro cinema mais próximo!

Até a próxima, galerinha!

Por Breno Barbosa

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