segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Se não jogou, jogue! - Shadow Dancer (Mega Drive)

Dançar nas sombras é bem melhor do que com lobos.



Produtora: SEGA
Distribuidora: SEGA
Ano: 1990
Gênero: Plataforma


Um ninja de costas para o por-do-sol. Não dá pra ficar mais poético que isso.

No ano de 1997, um novo grupo criminoso surgiu. Seu nome era Union Lizard (que podemos traduzir por União Calango). Esse grupo tomou Nova Iorque e destruiu toda a cidade, assim como a maior parte das pessoas que lá moravam. Os poucos sobreviventes viraram reféns desse grupo, que pretende se espalhar pelo mundo. Cabe a um guerreiro ninja salvar esses reféns e aniquilar essa organização. Mas ele não está só, seu fiel companheiro canino, Yamato, o auxiliará nessa cruzada para salvar o mundo. Torne-se você o guia do ninja, mas lembre-se: o destino dele está em suas mãos.

Nada melhor que uma boa surra ninja nestas férias. Aquelas shurikens perfeitamente lançadas e guerreiros das sombras brigando furtivamente. Shadow Dancer sofre do problema de tradução/adaptação do japonês para o inglês. Enquanto na versão americana dizem que o protagonista é o proprio Joe Musashi, personagem principal da série Shinobi, a versão japonesa o chama de Hayate, filho de Joe. Óbvio que isso causou um problema psicológico em Hayate/Joe, e fez com que ele matasse outros ninjas em busca de descobrir porque fizeram isso com ele. Outra coisa legal de Shadow Dancer é que ele faz parte do seleto grupo de jogos que ficam "prevendo" o futuro. O cara cria a história pra 7 anos no futuro. Foi assim que eu entendi o que era futuro do pretérito. Pensem nisso.



Levando um tiro no pé enquanto um ninja pratica balé.

O design de Hayate é ótimo. Ele é grande na tela e tem um jeito de "ninja do bem". Nisso que dá usar roupa branca. Os inimigos normais parecem os bonecos de barro da Rita Repulsa. Os cenários são bem trabalhados, e em algumas partes eles são muito bons. Melhor, num lugar só. Na fase 4-2, onde temos o titulo do jogo fazendo sentido. Infelizmente isso só acontece lá. Algo tão legal e tão mal aproveitado. No restante das fases, já não temos nada que as destaque, a não ser que você considere o background de Nova Iorque em chamas algo muito impactante e que mereça nota. A música do jogo atende bem ao ambiente, e torna a experiencia mais agradável. Minha preferida é a música do estágio bonus, que por algum motivo me lembrou Kid Chameleon.

Um ninja incomoda muita gente, um ninja e um cachorro-ninja incomodam muito mais. Palavras nunca foram tão verdadeiras. Hayate, como todo bom ninja, usa Shurikens para ataques à distância e sua Katana para combates corpo-a-corpo. Seria legal ver um ninja atirando Katanas à longa distância e usar Shurikens no corpo-a-corpo... mas enfim, além dessas armas básicas, ele conta com um ninjutsu (da aldeia da folha) mortal, que aniquila os inimigos fracos e arranca uma senhora quantidade de life dos chefes. Muito útil quando se está cercado de inimigos. O "algo a mais" de Shadow Dancer vem da utilização estratégica de Yamato, o cão, que quando ataca um inimigo o deixa imobilizado, permitindo que Hayate possa assassina-lo sem perigo. Infelizmente, o cachorro não pode fazer isso com todos os inimigos, e nos momentos mais importantes torna-se apenas um enfeite. Pior ainda, se o cachorro levar uma porrada, por menor que seja, ele quebra todas as leis da biologia e altera magicamente sua forma física atual, virando apenas um filhotinho. Ao salvar reféns, Hayate recebe algo em troca, normalmente pontos e algumas vezes o power-ups, que o permitem matar qualquer inimigo com um só golpe. Seria ótimo se pudéssemos usar isso contra os chefes, mas a vida não é tão fácil quanto devia...


Serras são as flores do século XX.

Hayate é o ninja de vidro. Ele não aguenta um soco, e já vai logo perdendo uma vida. Isso é bem frustrante no começo, quando estamos pegando o jeito da bagaça. Uma facada no pescoço? Hayate morre. Um disco na cabeça? Hayate vai pro limbo. Poxa vida Hayate, dá pra aguentar feito macho?
Para balancear o um-golpe-mata-o-ninja-de-vidro, a dificuldade é ajustável, ou seja, você poder ir no modo Easy (fácil) . Caso você se sinta muito macho, pode optar por usar apenas a Katana e ir no modo Hard. Será bem divertido ver você se esforçar em vão em algumas partes. Os chefes acompanham esse aumento da dificuldade, não muito com a criação de novos padrões de ataque, mas com um maior life e uma maior velocidade na execução de seus golpes. Vale lembrar que cada chefe é vulnerável em apenas um ponto, e por um curto período de tempo, o que obriga ao jogador se tornar um ninja - literalmente - para descobrir esses pontos e momentos.

Para mim, o jogo não pecou em aspectos técnicos como gráficos e som. Ele pecou na falta de "ninjosidade" (neologismo é o que há) de Hayate. Ele não faz acrobacias, que seriam bastante bem-vindas em um jogo de ninja. Pôxa, até o Vega do Street Fighter tem mais movimentos ninja que ele! O jogo também poderia ter se aproveitado mais da fase 4-2, colocando inimigos nas sombras, onde só o cachorro nota a presença, tornando assim Yamato muito mais essencial do que ele é. Claro, o jogo tem seus prós. Uma fase bônus bem bacana e um level design bom em certas partes. Shadow Dancer está longe de ser um jogo ruim, mas poderia ter sido melhor.* O jogo tem o fator replay de fazer a maior pontuação e de melhorar nossas habilidades, o que pode parecer pouco hoje, mas quando não tínhamos emuladores e os cartuchos eram caros, esses fatores valiam o suficiente para isso.






* Interessante como nós, que gostamos de criticar, fazemos parecer que é fácil criar um ótimo jogo, principalmente com os pitacos. Alguns pitacos parecem ótimos na teoria, mas sabe-se lá como aconteceria na prática.


Por Angelo, que se vivesse de piada, morreria de fome.

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