sábado, 10 de novembro de 2012

Se não viu, veja! - Argo (2012)

Vá se ferrArgo!


E aí galerinha que não faz, fez ou pretende fazer nada da vida, tudo beleza?

Pois é meus queridos e queridas, como todos vocês já estão carecas de saber, toda semana nossa pequena e humilde equipe traz uma recomendação super-batuta de games, quadrinhos, cinema, séries e/ou livros, e infelizmente, esta semana não será exceção.

E a recomendação super-batuta desta semana é Argo, drama dirigido e protagonizado por Ben Affleck, que estreia nesta sexta (09 de Novembro) nos melhores cinemas pertinho de você. (eu sempre quis dizer isso)

Baseado em uma história real, Argo dramatiza a verídica missão Argo da CIA nos anos 80, que tinha como objetivo resgatar 6 reféns da embaixada americana no Irã, que estavam escondidos junto aos líderes da embaixada canadense no país. Não parece muita coisa não é? E nem seria, se o país não estivesse no meio de uma revolução popular causada (em parte) pelos Estados Unidos, resultando em uma forte inimizade entre os dois países. Sem um plano melhor, a CIA teve de recorrer a única opção restante, o plano elaborado por Tony Mendez (Ben Affleck), especialista em exfiltrações da CIA, que era usar a produção de uma ficção científica hollywoodiana - com locações de filmagem no Irã - como fachada para a realização da operação.


Felizmente (sim, felizmente), Argo não é mais um filme cheio de ação e efeitos especiais como aqueles com os quais fomos bombardeados até alguns meses atrás, o que é um alívio. Claro que, assim como 90% do resto do mundo, nós gostamos bastante de filmes de ação carregados de cenas cheias de adrenalina e efeitos especiais, mas é sempre bom dar um descanso aos olhos de vez em quando. O que merece destaque no quesito visual de Argo é a fotografia. O jogo de câmeras de Ben Affleck é muito bem elaborado, e sempre traz ao espectador os melhore (e os menores) detalhes de cada cena. Pare um instante e repare que o foco da câmera muitas vezes estará no rosto dos protagonistas, retratando cada reação e sentimento do personagem, como se fosse uma metalinguagem, já que estamos falando de um filme sobre um filme, literalmente. A caracterização do filme também é sensacional. Vários elementos da época são reproduzidos com fidelidade, desde os penteados estranhos dos personagens principais aos móveis e utensílios das casas vistas durante o filme, sejam elas americanas ou iranianas. As cenas históricas também são reproduzidas fielmente, já que, como dito antes, Argo é baseado em fatos reais (ignorem a redundância). Claro, algumas foram limadas ou adaptadas em prol do entretenimento (afinal, ainda estamos falando de um filme), mas ainda assim o resultado é positivo. Todos esses detalhes parecem ser irrelevantes à primeira vista, mas fazem toda diferença no produto final que chega às telonas. Isso sem contar que são poucos os filmes que dão tanta atenção aos pequenos detalhes.


Argo é um filme difícil de se classificar, e, por tabela, difícil de se analisar. Não dá pra dizer que é um filme de drama, já que ele não é um drama ao pé da letra. Não dá pra dizer que é um filme de suspense, já que o suspense é apenas um elemento (muito bem) explorado no decorrer do filme. Não dá pra dizer que é uma comédia, por mais engraçados que os diálogos do filme sejam. E definitivamente, Argo não é um filme de ação, muito menos um musical ou um romance. Então, que diabos de filme é Argo? Bem, podemos dizer que Argo é uma bela mistura de drama, comédia e suspense, já que cada gênero complementa o outro no filme, fazendo com que a trama desenrole naturalmente em um ritmo agradável, sempre variando entre diálogos irônicos, drama familiar e tensão semi-psicológica (nem sei se existe esse termo, mas é mais ou menos isso que rola no filme). Tensão esta muito bem empregada, diga-se de passagem. Argo vai conseguir te deixar mais tenso que qualquer outro filme de terror que esteja em cartaz por aí, já que se trata de uma situação "real". A cada situação que o filme apresenta, a tensão vai aumentando, e cada problema solucionado, você irá sentir um breve alívio, mas logo estará com as mãos presas nos braços do banco do cinema de novo, porque a tensão só aumenta à medida em que a trama vai evoluindo. Há quem diga que não, mas eu achei sim o roteiro de Argo didático. Não muito, como em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, mas ainda assim didático. Todo o desenrolar do clímax do filme é "explicado" ao espectador no melhor estilo A Origem, onde Christopher Nolan fez questão de primeiro ensinar seu público a acompanhar seu filme pra depois mostra-lo de verdade. Pelo menos pra mim, isso não é nenhum defeito. Pelo contrário, só ajuda a deixar o filme mais "acessível" pra quem não está acostumado com esse tipo de filme que faz você pensar (sem ofensas, ok?).


Uma vez ouvi em um podcast (que não lembro especificamente qual neste exato momento) que muitos atores preferem trabalhar com diretores que também já atuaram em outros carnavais, já que se sentiam mais confortáveis por ter alguém que sabe como é estar em sua pele. Muito provavelmente, isso também se aplica à Ben Affleck em Argo. Todos os atores executam seus papéis com maestria no filme, tendo cada um seu próprio lugar e função, sua própria hora de brilhar, sem que nenhum ofusque o outro. Todos conseguem trabalhar muito bem a tensão psicológica da situação pela qual seus personagens estão passando no momento. Não deve ser nem um pouco fácil estar se escondendo de milhares de pessoas revoltadas que estão caçando seus amigos dia e noite sem descanso, quanto mais fugir vivo por debaixo de seus narizes. Ah, e tem também o Bryan Cranston (o Walter White, de Breaking Bad), que, é claro, dispensa comentários, como sempre.


A trilha sonora de Argo é bastante variada, indo desde hits dos anos 80 (corrijam-me se eu estiver errado) à musicas (aparentemente) típicas da cultura iraniana. Porém, os momentos chave do filme são marcados muitas vezes pela ausência de temas musicais, que ajudam a propagar a tensão em quem está assistindo. Mas o que mais fez falta no filme foi a ausência do tema do trailer, Dream On, da banda Aerosmith (eu jurava que era do Led Zeppelin), que casa (ou casaria) muito bem com a trama do filme. Uma pena. Enfim, fiquem aí com Dream On:


Pois é galerinha, já tá na hora daquela velha e boa nota, não é?

Aí está -> 8,5/10

Por que não um 10? Porque não tem robôs gigantes e dinossauros com armas laser! Brincadeira galera, na verdade eu não sei explicar bem porque não dar um 10 para um excelente filme como Argo, mas também não sei explicar porque deveria dar um 10 a ele. Não existem defeitos que saltem aos olhos no filme, mas ele deixa aquele gostinho de "falta alguma coisa" depois de devidamente assistido. Não se deixe enganar pela (boa) nota, Argo com certeza é o melhor filme que você poderá assistir nesse final de semana, e eu falo isso sem ter assistido nenhum outro filme além desse!

Portanto, se você pretende pegar um cineminha neste final de semana, chame mais 6 amigos e vão assistir Argo o quanto antes!

Por Breno Barbosa

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