Dias de Uma Cronologia Esquecida.
Salutate, meus caríssimos desocupados! Tudo tranquilo com todos vocês?
Mais um domingo chega, e com ele chega também mais um post novinho em folha! Que tipo de post? Nunca se sabe, pode ser uma Indicação, um Artigo, um Top 10... Só há duas regrinhas indispensáveis: O post tem que estar aqui exatamente todo fim de semana (todo domingo, mais especificamente); e não há regras sobre assuntos, ou seja, podemos falar de Games, Cinema, HQs, Séries, Livros, Moda, Tecnologia, Preços de Pedras de Ametista ou o que mais nós tenhamos em mente. E graças a Magnus, esta semana não será exceção!
Nesta semana, trago à vocês o mais novo filme de franquia mais rentável da Fox. Sim, meus amigos, estou falando de X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido, a segunda peça da nova trilogia dos mutantes nas telonas, marcando o retorno de Bryan Singer (diretor de X-Men e X-Men 2 e produtor de X-Men: Primeira Classe, filme que antecede Dias de Um Futuro Esquisito) à Mansão Xavier para Jovens Super-Dotados. X-Men: Dias de Um Passado do Pretérito chegou aos cinemas nesta quinta-feira, dia 22 de Maio de 2014, e está em cartaz num cinema pertinho de você. Ou quase perto, não sei, depende de onde você mora...
O mundo nunca foi justo com os mutantes. Discriminação, exclusão social, preconceito... Dentre diversos outros problemas. Porém, no futuro, este quadro fica ainda pior. No futuro, nós, seres humanos, desenvolvemos os Sentinelas, poderosíssimas armas conscientes que têm como único intuito caçar e neutralizar mutantes. Os X-Men são a única resistência que se impõe contra os Sentinelas, mas eles estão fracos, suas linhas de frente reduzidas a poucos sobreviventes e suas quase esgotadas. Quase, pois ainda há uma última chance. Através de Kitty Pryde (também conhecida como Lince Negra), Magneto e o Professor Xavier resolvem enviar telepaticamente um de seus discípulos ao passado, com o objetivo de alterar os eventos que culminaram naquele futuro catastrófico. Mas não um discípulo qualquer. Ele é o melhor que há no que faz, mas o que ele faz não é tão legal. Se você não sacou a referência, eles mandaram o Wolverine.
Há muitos pontos para se discutir sobre em Dias de Um Futuro do Passado, alguns deles muito bons, outros um pouco ruins, mas talvez o principal ponto a ser discutido seja o retorno de Bryan Singer a direção, afinal, é a partir dele que muitos desses pontos, bons ou ruins, provém. Ok, o cara pode ter pulado fora da direção no terceiro filme da franquia (X-Men: O Confronto Final), e pra falar a verdade, ele nunca largou o osso dos X-Men. Boa parte dos filmes da franquia mutante (exceto por Wolverine: Imortal e X-Men: O Confronto Final) tem o nariz de Bryan Singer no meio, mas só agora o diretor que trouxe os mutantes da Marvel aos cinemas e conseguiu fazer com que eles fizessem sucesso voltou oficialmente ao comando da franquia. Se isso é bom ou ruim? Na minha opinião, um pouquinho dos dois, mas o resultado final é bastante favorável, é claro. Afinal, se não fosse, este post não se chamaria "Se não viu, veja!", não é?
Começando, como sempre, pela parte visual do filme, Dias de Um Pretérito Imperfeito leva facilmente o prêmio de Filme Mais Bonito da franquia X-Men. Desde a Direção de Arte aos Efeitos Especiais e à Fotografia, tudo é muito convincente e bem polido. No que diz respeito a direção de Arte, constantemente, durante o desenrolar da trama, a narrativa leva nos leva do futuro aos anos 70 — onde boa parte da história se desenvolve — e dos anos 70 de volta para o futuro. Um deles nós já conhecemos, já sabemos como foi — suas tendências, seus costumes, vestimentas, estilos de cabelo... —, e equipe de figurino e maquiagem do filme soube reproduzir muito bem o estilo daquela época; mas é o desconhecido que nos interessa mais. É no futuro que a Direção de Arte realmente mostra a que veio. Em comparação ao passado, pouco do futuro nos é mostrado em Dias de Um Passado Futuro, mas pouco que vemos é o bastante para convencer dos acontecimentos catastróficos que ocorreram naquela linha temporal. Os próprios X-Men são um reflexo disso, usando peças de armaduras em seus uniformes. Até o carcaju Wolverine está usando um traje reforçado, mesmo com sua fisiologia quase indestrutível. Falando em uniformes, a Direção de Arte também teve o cuidado — e o carinho, por que não — de fazer com que os trajes dos personagens não desviassem muito da estética utilizada nos filmes anteriores de Bryan Singer (tons escuros com poucas linhas coloridas), fazendo com que aquele futuro se tornasse convincente dentro da cronologia da franquia.
Uma das características mais marcantes da direção de Bryan Singer é que o diretor valoriza bastante a participação humana em seus filmes. Não sei quanto aos outros filmes que ele dirigiu em sua carreira, mas na franquia X-Men isso pode ser facilmente notado pelo uso altamente moderado dos efeitos especiais. Toda e qualquer cena que puder ser feita com pessoas normais em vez de bonecos feitos de Computação Gráfica — de preferência com os atores originais, ao invés de dublês —, mesmo que acabe custando mais caro e seja mais perigoso; Bryan Singer a fará sem pensar duas vezes. Até mesmo no próprio X-Men: Primeira Classe é possível notar a mão de Bryan Singer em algumas cenas, mesmo ele estando lá apenas como produtor do filme. Em Dias de Um Futuro Presente, Bryan Singer mantém sua assinatura e consegue compor cenas de ação emocionantes e empolgantes sem abusar da Computação Gráfica, e mesmo quando ela é necessária, o diretor consegue mescla-la tão bem com as cenas reais que fica difícil de distinguir o que é de verdade o que é de mentirinha.
O que? Vocês querem que eu cite um bom exemplo de cada (digital, real e, se possível, os dois juntos)? Ok, tudo bem, vamos lá. Um ótimo exemplo, aliás, o melhor exemplo real do filme é, sem dúvidas, as cenas de ação com a Mística (interpretada por Jennifer Lawrence, que pode ter meu telefone a hora que quiser). Se você acha que as cenas de luta da Viúva Negra nos filmes da Marvel Studios eram cheias de firulas bem coreografadas, então espere até ver a Mística em ação em Dias de Um Futuro Superlativo.
Do outro lado da moeda, fazendo um ótimo uso dos efeitos especiais, temos a personagem Blink (interpretada por Bingbing Fan, a atriz com o nome mais curioso que já vi nesta minha vidinha), cuja a mutação garante à ela o poder de criar portais e viajar pelo espaço através deles. Quem jogou, ou pelo menos chegou a ver um pouco dos jogos da série Portal, desenvolvidos pela Valve, sabe que brincar com portais é um tanto quanto confuso, mas bastante divertido. Bryan Singer usa dessa mesma lógica para criar as cenas de ação mais bem elaboradas do filme inteiro. É um pouco triste pensar que a personagem não teve mais cenas durante o filme, mas as poucas em que ela está presente já valem o ingresso. Particularmente, eu rezo pra que Singer não esqueça dela no próximo filme dos mutantes. Afinal, quem não tem Noturno, caça com Blink.
Juntando os dois lados em um só, temos aqui aquele que, em minha humilde opinião fecal, foi o ponto alto da ação e dos efeitos especiais do filme: Peter Maximoff, também conhecido como Mercúrio (interpretado por Evan Peters,o cara que tem o sorriso mais Troll que eu já vi). Diga-me, caro desocupado: até hoje, quantos personagens com poderes de velocidade você viu em filmes de super-herói até hoje? Pouquíssimos, pra não dizer nenhum, estou certo? Dias de Um Pretérito Semântico faz justiça aos velocistas super-poderosos ao mostrar, sem timidez alguma, um herói com super-velocidade em ação, em uma das cenas mais bem feitas não só do filme, mas de todo o gênero de filmes de Super-Heróis. Boa sorte tentando fazer melhor com aquele EXCELENTE (pra não dizer o contrário) ator chamado Aaron Taylor-Johnson, Marvel Studios...
E fazendo contraponto à todos esses personagens legais, temos o Fera (interpretado por Nicholas Hoult). Desde o terceiro filme da franquia — no qual ele fez sua primeira aparição —, nenhum diretor conseguiu fazer cenas de ação convincentes e empolgantes com o personagem. Todas são uma galhofa total, chegando a dar vergonha alheia em quem assiste. Brett Ratner até tentou em O Confronto Final, mas não foi feliz. O que mais se aproximou de algo realmente legal foi o diretor Matthew Vaughn, em X-Men: Primeira Classe. Teoricamente, Bryan Singer, o homem responsável pelo sucesso da franquia mutante nos cinemas, faria um trabalho melhor que seus companheiros anteriores, certo? Errado. Bryan Singer conseguiu fazer com que seu Fera fosse ainda mais galhofa que o de seus antecessores. Tomara que da próxima vez ele resolva deixar o Dr. Hank McCoy apenas no laboratório.
Mas chega de falar de ação e de personagens galhofas. Há mais que isso pra se falar sobre em Dias de Um Passado do Passado. Como, por exemplo, o roteiro.
Para muitos, a simples ideia de viagem no tempo é complicada de se entender. O mesmo acontece quando alguém que não está familiarizado com esse conceito assiste um trailer ou lê uma sinopse mais resumida de Dias de Um Futuro do Futuro. E não há como culpa-los ou questionar seus respectivos intelectos (eufemismo pra "chama-los de burros"), pois é realmente algo difícil de se absorver. "Enviar a mente de uma pessoa para o seu corpo no passado? Como assim?!". Felizmente, Dias de Um Pronome Pessoal do Caso Reto simplifica a ideia de viagem no tempo, desconsiderando as teorias (reais) de que o tempo não é exatamente uma linha reta, na qual você pode viajar somente para frente ou para trás. Isso pode incomodar alguns fãs mais ligados nessas coisas (também conhecidos como "chatos"), mas não é algo que chega a prejudicar o desenvolvimento da história em si.
O que incomoda, porém, são as incoerências cronológicas da franquia, que ficaram ainda mais gritantes neste último filme. Graças aos prequels da franquia — X-Men: Primeira Classe e X-Men Origens: Wolverine, que se passam antes dos acontecimentos da trilogia original —, alguns detalhes e acontecimentos acabaram ficando deslocados na linha temporal. Por exemplo, o fato de Xavier ter dito, no primeiro filme, que construiu o Cérebro com a ajuda de Magneto, e em Primeira Classe, o mesmo aparato ter sido criado pelo Dr. McCoy (o Fera); ou ainda o fato de o Professor Xavier ter sido desintegrado pela Fênix Negra em O Confronto Final, mas ter aparecido totalmente recuperado, feliz e faceiro, em Wolverine: Imortal, para recrutar o carcaju para sua nova equipe. Dias de Um Sujeito Sem Predicado prometia consertar essas incongruências temporais, mas ao invés disso resolveu ignora-las e usar apenas os que lhe fosse conveniente, como, por exemplo, o fato de Xavier e Mística serem irmãos adotivos em X-Men: Primeira Classe, mas não terem nenhuma relação aparente na trilogia original.
No geral, Dias de Uma Interjeição de Apelo tem um roteiro simples e fácil de se absorver, tendo como elemento mais interessante a narrativa, que faz com que a história não seja contada de uma maneira exatamente linear, levando e espectador do futuro ao passado e vice-versa. Desconsiderando os furos cronológicos, o roteiro de Dias de Uma Preposição Subordinativa é redondo e sem muitos buracos. Redondo até demais, diga-se de passagem. Inicialmente, a ideia de usar o artifício da viagem no tempo em um filme de super-heróis foi uma jogada bastante ousada do estúdio, mas o próprio roteiro esquece de ser tão ousado quanto a iniciativa do filme, e a trama culmina em um desfecho tão redondo que acaba tornando difícil seguir em frente com a franquia a partir do ponto aqui estabelecido, ainda mais quando uma sequência — X-Men: A Era do Apocalipse — foi anunciada antes mesmo de Dias de Um Verbo Transitivo Direto chegar aos cinemas. Ah, falando nisso, não se esqueçam de ficar até o finalzinho dos créditos, caros desocupados!
X-Men: Dias de Uma Sílaba Tônica conta com um dos elencos de filmes de super-heróis mais queridos pelos fãs. Os fãs de longa data têm boa parte dos seus ídolos da trilogia original de volta, e os fãs mais novos também contam com a presença da Primeira Classe dos mutantes do Instituo Xavier. Teoricamente, com tantos atores e atrizes bons assim, é praticamente impossível fazer com que todos tenham seus 15 minutos para brilhar de maneira apropriada, mas Bryan Singer consegue driblar um pouco esse problema e dar à todo seu elenco participações bacanas e relevantes para a trama. Claro, alguns acabam tendo mais tempo em tela que outros, mas são ossos do ofício. Não se pode ganhar todas.
Dentre as atuações, particularmente, meu destaque vai para o Charles Xavier de James McAvoy. Depois de ter assistido o filme e parado para analisar com mais calma, o personagem de James McAvoy é praticamente o único que, durante o desenrolar da trama, passa por uma transformação de caráter. Caráter esse que, por conta própria, já é uma versão deturpada do que um dia, em um filme anterior (X-Men: Primeira Classe), já foi Charles Xavier. Além disso, o personagem é responsável por carregar grande parte do drama do filme nas costas, e executa seu trabalho com a mesma maestria mostrada em seu filme anterior. Esforçando-me para não soltar um tremendo spoiler, uma cena que merece destaque é quando Xavier tem um "vislumbre do futuro".
A trilha sonora de John Ottman é forte e tem uma participação ativa e significante durante o filme. A direção sempre faz questão de reproduzir o tema principal da trilogia original durante as cenas mais importantes e épicas do longa, fazendo com que a mesma fique marcada facilmente na cabeça dos espectadores desocupados.
As faixas variam bastante entre musicas com pegadas mais calmas e introspectivas e musicas com um caráter mais épico de empolgante. Dentre elas, não há como destacar o saudoso tema principal da trilogia original X-Men. O próprio título da faixa, Welcome Back, parece querer dar as boas vindas à Bryan Singer e à John Ottman por seus respectivos retornos à franquia dos mutantes. Escuta só:
Paaan paran-pan-paraaaaan, paaan paran-pan paraaaan... ops, desculpa, acabei cantarolando aqui no teclado também! Onde é que eu estava mesmo? Ah sim, na nota! Está na hora da nota! Pois é, desocupados, hora daquela boa e velha nota marota de cada post!
Aí vai! -> 8.5 / 10
Viagens no tempo, elenco extenso e repleto de excelentes atores, um diretor cujo boa parte do sucesso se encontra na franquia X-Men... Dias de Um Futuro Esquecido tinha tudo para dar muito certo ou muito errado. Felizmente, ele acabou dando muito certo, mas sem estar livre de sua parcela de erros. A cronologia ficou ainda mais incoerente, e a vista do horizonte está embaçada para os mutantes daqui em diante, mas como uma peça única e como uma sequência do excelentíssimo Primeira Classe, Dias de Um Futuro Esquecido faz um ótimo trabalhado, galgando facilmente o posto de filme mais épico e ambicioso da franquia — porém, ainda um pouco distante de conseguir o posto de Melhor Filme. (Na minha opinião, este seria X-Men: Primeira Classe)
Portanto, se você resolveu que hoje (seja que dia for) é o dia perfeito para ir ao cinema com os amigos e/ou com a sua amada (ou amado), não tenha dúvidas: vá matar a saudade dos mutantes assistindo X-Men: Dias de Um Futuro Carcomido!
Bem, galerinha, acho que isso é tudo. Obrigado por mais alguns minutinhos da atenção de vocês!
No mais, fiquem com esta foto super-fofa da irmãzinha do Mércurio.
Até o próximo post. Fui!
Por Breno Barbosa
O mundo nunca foi justo com os mutantes. Discriminação, exclusão social, preconceito... Dentre diversos outros problemas. Porém, no futuro, este quadro fica ainda pior. No futuro, nós, seres humanos, desenvolvemos os Sentinelas, poderosíssimas armas conscientes que têm como único intuito caçar e neutralizar mutantes. Os X-Men são a única resistência que se impõe contra os Sentinelas, mas eles estão fracos, suas linhas de frente reduzidas a poucos sobreviventes e suas quase esgotadas. Quase, pois ainda há uma última chance. Através de Kitty Pryde (também conhecida como Lince Negra), Magneto e o Professor Xavier resolvem enviar telepaticamente um de seus discípulos ao passado, com o objetivo de alterar os eventos que culminaram naquele futuro catastrófico. Mas não um discípulo qualquer. Ele é o melhor que há no que faz, mas o que ele faz não é tão legal. Se você não sacou a referência, eles mandaram o Wolverine.
Há muitos pontos para se discutir sobre em Dias de Um Futuro do Passado, alguns deles muito bons, outros um pouco ruins, mas talvez o principal ponto a ser discutido seja o retorno de Bryan Singer a direção, afinal, é a partir dele que muitos desses pontos, bons ou ruins, provém. Ok, o cara pode ter pulado fora da direção no terceiro filme da franquia (X-Men: O Confronto Final), e pra falar a verdade, ele nunca largou o osso dos X-Men. Boa parte dos filmes da franquia mutante (exceto por Wolverine: Imortal e X-Men: O Confronto Final) tem o nariz de Bryan Singer no meio, mas só agora o diretor que trouxe os mutantes da Marvel aos cinemas e conseguiu fazer com que eles fizessem sucesso voltou oficialmente ao comando da franquia. Se isso é bom ou ruim? Na minha opinião, um pouquinho dos dois, mas o resultado final é bastante favorável, é claro. Afinal, se não fosse, este post não se chamaria "Se não viu, veja!", não é?
Começando, como sempre, pela parte visual do filme, Dias de Um Pretérito Imperfeito leva facilmente o prêmio de Filme Mais Bonito da franquia X-Men. Desde a Direção de Arte aos Efeitos Especiais e à Fotografia, tudo é muito convincente e bem polido. No que diz respeito a direção de Arte, constantemente, durante o desenrolar da trama, a narrativa leva nos leva do futuro aos anos 70 — onde boa parte da história se desenvolve — e dos anos 70 de volta para o futuro. Um deles nós já conhecemos, já sabemos como foi — suas tendências, seus costumes, vestimentas, estilos de cabelo... —, e equipe de figurino e maquiagem do filme soube reproduzir muito bem o estilo daquela época; mas é o desconhecido que nos interessa mais. É no futuro que a Direção de Arte realmente mostra a que veio. Em comparação ao passado, pouco do futuro nos é mostrado em Dias de Um Passado Futuro, mas pouco que vemos é o bastante para convencer dos acontecimentos catastróficos que ocorreram naquela linha temporal. Os próprios X-Men são um reflexo disso, usando peças de armaduras em seus uniformes. Até o carcaju Wolverine está usando um traje reforçado, mesmo com sua fisiologia quase indestrutível. Falando em uniformes, a Direção de Arte também teve o cuidado — e o carinho, por que não — de fazer com que os trajes dos personagens não desviassem muito da estética utilizada nos filmes anteriores de Bryan Singer (tons escuros com poucas linhas coloridas), fazendo com que aquele futuro se tornasse convincente dentro da cronologia da franquia.
"Foi você quem peidou, Colosso?" |
Uma das características mais marcantes da direção de Bryan Singer é que o diretor valoriza bastante a participação humana em seus filmes. Não sei quanto aos outros filmes que ele dirigiu em sua carreira, mas na franquia X-Men isso pode ser facilmente notado pelo uso altamente moderado dos efeitos especiais. Toda e qualquer cena que puder ser feita com pessoas normais em vez de bonecos feitos de Computação Gráfica — de preferência com os atores originais, ao invés de dublês —, mesmo que acabe custando mais caro e seja mais perigoso; Bryan Singer a fará sem pensar duas vezes. Até mesmo no próprio X-Men: Primeira Classe é possível notar a mão de Bryan Singer em algumas cenas, mesmo ele estando lá apenas como produtor do filme. Em Dias de Um Futuro Presente, Bryan Singer mantém sua assinatura e consegue compor cenas de ação emocionantes e empolgantes sem abusar da Computação Gráfica, e mesmo quando ela é necessária, o diretor consegue mescla-la tão bem com as cenas reais que fica difícil de distinguir o que é de verdade o que é de mentirinha.
O que? Vocês querem que eu cite um bom exemplo de cada (digital, real e, se possível, os dois juntos)? Ok, tudo bem, vamos lá. Um ótimo exemplo, aliás, o melhor exemplo real do filme é, sem dúvidas, as cenas de ação com a Mística (interpretada por Jennifer Lawrence
"Senhor, passe todo o estoque de batom azul pra cá e ninguém sai ferido!" |
Do outro lado da moeda, fazendo um ótimo uso dos efeitos especiais, temos a personagem Blink (interpretada por Bingbing Fan
"Colosso, puxa o meu dedo!" |
Juntando os dois lados em um só, temos aqui aquele que, em minha humilde opinião fecal, foi o ponto alto da ação e dos efeitos especiais do filme: Peter Maximoff, também conhecido como Mercúrio (interpretado por Evan Peters,
"HuE!" |
E fazendo contraponto à todos esses personagens legais, temos o Fera (interpretado por Nicholas Hoult). Desde o terceiro filme da franquia — no qual ele fez sua primeira aparição —, nenhum diretor conseguiu fazer cenas de ação convincentes e empolgantes com o personagem. Todas são uma galhofa total, chegando a dar vergonha alheia em quem assiste. Brett Ratner até tentou em O Confronto Final, mas não foi feliz. O que mais se aproximou de algo realmente legal foi o diretor Matthew Vaughn, em X-Men: Primeira Classe. Teoricamente, Bryan Singer, o homem responsável pelo sucesso da franquia mutante nos cinemas, faria um trabalho melhor que seus companheiros anteriores, certo? Errado. Bryan Singer conseguiu fazer com que seu Fera fosse ainda mais galhofa que o de seus antecessores. Tomara que da próxima vez ele resolva deixar o Dr. Hank McCoy apenas no laboratório.
"Não, Professor, não é nada disso que você está pensando!" |
Mas chega de falar de ação e de personagens galhofas. Há mais que isso pra se falar sobre em Dias de Um Passado do Passado. Como, por exemplo, o roteiro.
Para muitos, a simples ideia de viagem no tempo é complicada de se entender. O mesmo acontece quando alguém que não está familiarizado com esse conceito assiste um trailer ou lê uma sinopse mais resumida de Dias de Um Futuro do Futuro. E não há como culpa-los ou questionar seus respectivos intelectos (eufemismo pra "chama-los de burros"), pois é realmente algo difícil de se absorver. "Enviar a mente de uma pessoa para o seu corpo no passado? Como assim?!". Felizmente, Dias de Um Pronome Pessoal do Caso Reto simplifica a ideia de viagem no tempo, desconsiderando as teorias (reais) de que o tempo não é exatamente uma linha reta, na qual você pode viajar somente para frente ou para trás. Isso pode incomodar alguns fãs mais ligados nessas coisas (também conhecidos como "chatos"), mas não é algo que chega a prejudicar o desenvolvimento da história em si.
O que incomoda, porém, são as incoerências cronológicas da franquia, que ficaram ainda mais gritantes neste último filme. Graças aos prequels da franquia — X-Men: Primeira Classe e X-Men Origens: Wolverine, que se passam antes dos acontecimentos da trilogia original —, alguns detalhes e acontecimentos acabaram ficando deslocados na linha temporal. Por exemplo, o fato de Xavier ter dito, no primeiro filme, que construiu o Cérebro com a ajuda de Magneto, e em Primeira Classe, o mesmo aparato ter sido criado pelo Dr. McCoy (o Fera); ou ainda o fato de o Professor Xavier ter sido desintegrado pela Fênix Negra em O Confronto Final, mas ter aparecido totalmente recuperado, feliz e faceiro, em Wolverine: Imortal, para recrutar o carcaju para sua nova equipe. Dias de Um Sujeito Sem Predicado prometia consertar essas incongruências temporais, mas ao invés disso resolveu ignora-las e usar apenas os que lhe fosse conveniente, como, por exemplo, o fato de Xavier e Mística serem irmãos adotivos em X-Men: Primeira Classe, mas não terem nenhuma relação aparente na trilogia original.
No geral, Dias de Uma Interjeição de Apelo tem um roteiro simples e fácil de se absorver, tendo como elemento mais interessante a narrativa, que faz com que a história não seja contada de uma maneira exatamente linear, levando e espectador do futuro ao passado e vice-versa. Desconsiderando os furos cronológicos, o roteiro de Dias de Uma Preposição Subordinativa é redondo e sem muitos buracos. Redondo até demais, diga-se de passagem. Inicialmente, a ideia de usar o artifício da viagem no tempo em um filme de super-heróis foi uma jogada bastante ousada do estúdio, mas o próprio roteiro esquece de ser tão ousado quanto a iniciativa do filme, e a trama culmina em um desfecho tão redondo que acaba tornando difícil seguir em frente com a franquia a partir do ponto aqui estabelecido, ainda mais quando uma sequência — X-Men: A Era do Apocalipse — foi anunciada antes mesmo de Dias de Um Verbo Transitivo Direto chegar aos cinemas. Ah, falando nisso, não se esqueçam de ficar até o finalzinho dos créditos, caros desocupados!
"Como assim 'Não Vai ter Copa'?!" |
X-Men: Dias de Uma Sílaba Tônica conta com um dos elencos de filmes de super-heróis mais queridos pelos fãs. Os fãs de longa data têm boa parte dos seus ídolos da trilogia original de volta, e os fãs mais novos também contam com a presença da Primeira Classe dos mutantes do Instituo Xavier. Teoricamente, com tantos atores e atrizes bons assim, é praticamente impossível fazer com que todos tenham seus 15 minutos para brilhar de maneira apropriada, mas Bryan Singer consegue driblar um pouco esse problema e dar à todo seu elenco participações bacanas e relevantes para a trama. Claro, alguns acabam tendo mais tempo em tela que outros, mas são ossos do ofício. Não se pode ganhar todas.
Dentre as atuações, particularmente, meu destaque vai para o Charles Xavier de James McAvoy. Depois de ter assistido o filme e parado para analisar com mais calma, o personagem de James McAvoy é praticamente o único que, durante o desenrolar da trama, passa por uma transformação de caráter. Caráter esse que, por conta própria, já é uma versão deturpada do que um dia, em um filme anterior (X-Men: Primeira Classe), já foi Charles Xavier. Além disso, o personagem é responsável por carregar grande parte do drama do filme nas costas, e executa seu trabalho com a mesma maestria mostrada em seu filme anterior. Esforçando-me para não soltar um tremendo spoiler, uma cena que merece destaque é quando Xavier tem um "vislumbre do futuro".
Emocionante cena em que Xavier entra no Xou da Xuxa. |
A trilha sonora de John Ottman é forte e tem uma participação ativa e significante durante o filme. A direção sempre faz questão de reproduzir o tema principal da trilogia original durante as cenas mais importantes e épicas do longa, fazendo com que a mesma fique marcada facilmente na cabeça dos espectadores desocupados.
As faixas variam bastante entre musicas com pegadas mais calmas e introspectivas e musicas com um caráter mais épico de empolgante. Dentre elas, não há como destacar o saudoso tema principal da trilogia original X-Men. O próprio título da faixa, Welcome Back, parece querer dar as boas vindas à Bryan Singer e à John Ottman por seus respectivos retornos à franquia dos mutantes. Escuta só:
Aí vai! -> 8.5 / 10
Viagens no tempo, elenco extenso e repleto de excelentes atores, um diretor cujo boa parte do sucesso se encontra na franquia X-Men... Dias de Um Futuro Esquecido tinha tudo para dar muito certo ou muito errado. Felizmente, ele acabou dando muito certo, mas sem estar livre de sua parcela de erros. A cronologia ficou ainda mais incoerente, e a vista do horizonte está embaçada para os mutantes daqui em diante, mas como uma peça única e como uma sequência do excelentíssimo Primeira Classe, Dias de Um Futuro Esquecido faz um ótimo trabalhado, galgando facilmente o posto de filme mais épico e ambicioso da franquia — porém, ainda um pouco distante de conseguir o posto de Melhor Filme. (Na minha opinião, este seria X-Men: Primeira Classe)
Portanto, se você resolveu que hoje (seja que dia for) é o dia perfeito para ir ao cinema com os amigos e/ou com a sua amada (ou amado), não tenha dúvidas: vá matar a saudade dos mutantes assistindo X-Men: Dias de Um Futuro Carcomido!
Bem, galerinha, acho que isso é tudo. Obrigado por mais alguns minutinhos da atenção de vocês!
No mais, fiquem com esta foto super-fofa da irmãzinha do Mércurio.
Até o próximo post. Fui!
Por Breno Barbosa
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