sexta-feira, 10 de maio de 2013

Se não leu, leia! - O Espadachim de Carvão (2013)

Ikibu...




Saudações, galerinha desocupada, tudo em paz com vocês?

Como vocês bem sabem, faça chuva ou faça sol, com novidades durante a semana ou não; o fim de semana é aquele momento mágico em que um de nós, desocupados de marca maior que comandam esta espelunca, trazer a vocês uma indicação super bacana (na nossa opinião, é claro). E essa semana, graças aos Quatro, não será diferente.

Ah, antes que eu me esqueça! Este post está vinculado à Campanha de Incentivo à Leitura, que, como o próprio nome já diz, tem como objetivo despertar em você, desocupado safado que não bate o olho em um livro desde a última vez que precisou estudar para as provas de recuperação do colégio; o interesse (e quem sabe até a paixão) pela leitura. Nós tivemos a honra de ser indicados pela Taranis, nossa parceira do ThunderWave, cujo post relacionado à campanha você pode conferir clicando aqui.


E se você também quiser entrar na brincadeira, basta seguir as seguintes regras:

  • Indique 10 blogs para participar da campanha (não necessariamente todos os 10, eu acho);
  • Avise aos indicados que eles estão participando (porque ninguém é adivinho);
  • Use o selo da campanha em seu post (esse que está aí em cima);
  • E, por último, responda a seguinte pergunta: Qual (ou quais) livro(s) indicar para quem quer começar a ler?

Enfim, onde eu tinha parado mesmo? Ah, sim!

E a indicação desta semana é o livro O Espadachim de Carvão, lançado em 2013 sob selo Fantasy - Casa da Palavra, da editora Leya, escrito pelas mãos do autor brasileiro Affonso Solano, que alguns (talvez muitos) de vocês devem conhecer do site e podcast Matando Robôs Gigantes, que hoje faz morada no Grupo Jovem Nerd.

Adapak é um rapaz pacato, que habita a Ilha do Lago sem Ilha ao lado de seu pai, Enki'nar. Ambos têm uma vida calma, isolados de Kurgala, o mundo que foi abandonado ao caos pelos Quatro que São Um. Porém, a vida pacata de Adapak e seu pai tem um fim quando ambos são atacados por guerreiros misteriosos, que têm como objetivo assassinar Adapak a todo e qualquer custo. Sem saída, o jovem rapaz se vê obrigado a abandonar sua morada no Lago sem Ilha, em uma fuga que o levaria ao âmago de Kurgala, um mundo ainda desconhecido por ele (e por nós), em busca de segurança e respostas.


Bem, por onde começar? Acho que é melhor seguirmos o padrão de sempre e começar pela estética do livro. Sim, você não leu errado (muito menos eu digitei errado), a estética de O Espadachim de Carvão. Não é muito comum prestarmos atenção nesse quesito em outros tipos de livro, mas quando se trata de literatura fantástica, a estética do mundo que você cria / está abordando é quase que essencial, e pelo visto o senhor Affonso Solano estava bastante ciente quanto a isso quando decidiu dar vida ao mundo de Kurgala. Grande parte dos elementos (eu ousaria dizer tudo, mas não é tão legal generalizar) aos quais somos apresentados em O Espadachim de Carvão poderão apresentar certa estranheza no começo, já que o autor resolveu criar um universo o mais diferente possível dos quais já estamos habituados em outros livros, filmes, quadrinhos e outras coisas. As raças que habitam Kurgala, o sistema monetário deste mundo, as matérias-primas usadas para construir objetos, armas e armaduras e até mesmo a nomenclatura e o vocabulário dos personagens, são diferentes do que estamos acostumados a ver por aí, o que ajuda a construir toda uma identidade para aquele universo, incluindo aí também a identidade visual do mesmo. As descrições de cenários e feições de personagens são bastante simples e diretas, resumindo em poucas palavras as principais características daquilo que o autor quer que vejamos em nossas cabeças, ao mesmo tempo em que abre muito espaço para nós, os leitores, construamos nossas próprias "versões" das localidades e das figuras peculiares que compõem Kurgala. Particularmente, acho que isso tudo é devido à experiência do autor. Pra quem não sabe, antes de se jogar no mundo da literatura, o sr. Affonso Solano tinha (e ainda tem) como ofício original a ilustração, algo que deve ter contribuído bastante na hora de criar a parte visual de O Espadachim de Carvão. Quando se é desenhista, a habilidade de criação se torna bastante desenvolvida devido ao uso constante, o que ajuda muito na hora de passar para o papel aquilo que se tem em mente. E falo isso com um certo tom de propriedade, já que eu mesmo também sou um apaixonado por desenho (e principalmente pelo ato de desenhar), ainda que não seja um profissional na área como o sr. Solano e muitos outros ilustradores bacanudos por aí. Voltando ao raciocínio de antes, ter domínio sobre esta habilidade dá uma certa vantagem em relação àqueles que possuem "apenas" o dom da escrita. Claro, isso não impede nem um pouco que um escritor não-desenhista crie um universo muito mais rico que um autor-ilustrador, mas o fato de dominar a ilustração já ajuda na hora de pensar em uma estética para as suas histórias. Seguindo o mote da Campanha de Incentivo a Leitura, este é um dos principais motivos para que eu considere O Espadachim de Carvão um ótimo livro para adentrar no mundo da literatura: o fator novidade. Se você é um daqueles que quer começar a ler não por obrigação, mas por gosto — ler à força é realmente um saco, e isso acontece muito quando se é estudante —, e acha que não tem uma carga de conhecimento muito rica para ler livros de fantasia, O Espadachim de Carvão é uma boa pedida para você. Não precisa ter um conhecimento amplo sobre outros países e suas respectivas culturas, O Espadachim de Carvão cria a sua própria cultura, uma cultura que recebe de braços abertos todos os tipos de leitores, tanto os iniciantes quanto os veteranos.




Um livro de fantasia não seria um livro de fantasia se não nos contasse uma história, concorda? E O Espadachim de Carvão nos conta uma excelente. O Espadachim de Carvão tem todos os elementos necessários para um bom livro de fantasia: aventura, suspense, ação, drama, comédia e, obviamente, a fantasia. O universo criado no livro a mitologia dele também merecem ser citados aqui. Eu sei que até agora não poupei elogios ao autor, e não é agora que isso vai acabar. Aplausos de pé para o senhor Affonso Solano e sua bendita criatividade. Além de ter toda uma estética própria (como eu já falei antes), O Espadachim de Carvão também conta com uma mitologia só sua, que nos é apresentada conforme a história vai avançando. O livro consegue criar um universo tão rico que chega a ser impressionante o fato de ser um stand-alone (uma peça única, autossuficiente). Todos esses elementos convergem muito bem na trama, de um maneira sutil e agradável de se ler. Aproveitando o assunto, a trama de O Espadachim de Carvão com certeza está entre as melhores que eu já tive a oportunidade de ver. Não pela ideia ou pelo conceito da trama — que, à propósito, são muito bons —, mas principalmente por causa do ritmo e da narrativa. Devo dizer que o sr. Solano escolheu muito bem o estilo narrativo a ser usado em seu livro. Logo no começo do livro, ele nos jogo no meio de Kurgala, sem lenço nem documento, e o mesmo acontece com Adapak, o protagonista da história. À medida em que o livro vai se desenrolando, nós vamos descobrindo, ao lado de Adapak, todos os segredos e nuances daquele mundo fantástico, repleto de seres estranhos e engraçados. Outro elemento interessante da trama é que a mesma vai se desenvolvendo em duas linhas cronológicas diferentes, intercaladas entre um capítulo e outro. Isso, a principio, pode causar um certo estranhamento, mas você acaba se acostumando depois de dois, três capítulos, no máximo. O mais legal é que ambas as tramas das linhas cronológicas são igualmente cativantes, e o fato de serem intercaladas entre um capítulo e outro só aumenta a vontade de ver o que vem pela frente. É aí que está o "pulo do gato" de O Espadachim de Carvão, o eterno sentimento de: O que diabos, em nome dos Quatro, vai acontecer no próximo capítulo?! O livro despertará tanto sua curiosidade que o fará devorá-lo em poucos dias, mesmo que você não seja o mais assíduo dos leitores, e foi exatamente o que aconteceu com este que vos escreve. Tudo isso distribuído em uma leitura simples, fácil e bastante agradável de se acompanhar, principalmente por aqueles — olha a Campanha de Incentivo à Leitura aparecendo de novo — leitores menos experientes, ou até mesmo aqueles que começarão a vida literária com esta indicação. Se eu tivesse que resumir O Espadachim de Carvão em uma só analogia, esta com certeza seria aos clássicos filmes da eterna Sessão da Tarde. "Altas confusões com espadachim do barulho, que está fugindo de uma galera da pesada em um mundo que até Deus duvida que exista", ou algo parecido. Isso foi apenas um modo sem graça engraçado de dizer que, acima de qualquer outra coisa, O Espadachim de Carvão é, essencialmente, uma aventura, no verdadeiro significado da palavra.




É claro que uma boa história não seria realmente uma boa história se não tivesse um ou mais personagens para conta-la / vivê-la, não é mesmo? Em O Espadachim de Carvão, contamos com uma galeria limitada (se comparada com outras obras), porém seleta, de personagens, todos eles bem definidos e a maioria bastante cativante. Mesmo assim, o foco do livro é o protagonista Adapak, suas intrigas, suas motivações e seu desenvolvimento como personagem, que se dá através da convivência no mundo de Kurgala, ao lado dos personagens secundários que permeiam a história. Talvez esta seja a minha única e maior crítica negativa ao livro: a história focada totalmente no personagem principal. Não que Adapak seja um mau protagonista ou um personagem ruim — pelo contrário —, mas o problema é que os personagens "secundários" são tão interessantes que mereciam ter uma participação maior na trama. Talvez o único personagem "fixo" de O Espadachim de Carvão seja o próprio Espadachim, os outros apenas ilustram algumas aventuras do protagonista, e desaparecem sem deixar vestígios. Particularmente, eu queria ver mais dos personagens Jarkenum, um humano safo e astuto que faria qualquer por uma quantia generosa de dinheiro; e T'arish, o interesse amoroso de Adapak nos primeiros momentos de sua juventude. Em minha humilde opinião fecal, ambos abandonam a trama prematuramente, e ainda poderiam render boas passagens. Algo que pode causar confusão em alguns leitores são as muitas raças que habitam Kurgala. Elas são tantas e suas nomenclaturas são tão "diferentes" (pra não dizer confusas) que, algumas vezes, você poderá acabar confundindo uma com a outra. Um glossário ao final do livro poderia resolver facilmente esse problema, mas, como não é o caso, o jeito é você fazer um esforço pra tentar lembrar das feições e características de cada raça.


Como O Espadachim de Carvão não tem trilha sonora, o que resta agora é aquela boa e velha nota de cada post.

E aí está ela -> 9,5 / 10

Criar um mundo fantástico com toda uma mitologia própria não é nada fácil. Fazer com que esse mundo funcione dentro de uma trama de ação e aventura, com personagens carismáticos e uma excelente estrutura narrativa é, com certeza, mais difícil ainda, e O Espadachim de Carvão consegue honrar todos esses méritos. Seja você um veterano dos livros ou apenas um infante no mundo da literatura, O Espadachim de Carvão é uma ótima aquisição para a sua biblioteca particular.

Bem, isso é tudo galerinha. Obrigado e até a próxima!

Por Breno Barbosa

                                                                                                                                                                    


A minha (única) indicação para dar continuidade à corrente da Campanha de Incentivo à Leitura é o nosso parceiro SavePoint BR, blog do grande Lipe Vasconcelos.

- SavePoint BR

Infelizmente, esta foi a única indicação que consegui. Peço desculpas à todos.

Se você participa de um blog e se interessou pela iniciativa, sinta-se pessoalmente indicado por mim, Breno Barbosa, à levar a campanha para a sua página. E se você o fez a partir desta declaração, deixe um link nos comentários aqui embaixo e nós atualizaremos este post com links para sua página e também para o seu post relacionado à Campanha.

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