sexta-feira, 15 de março de 2013

Se não jogou, jogue! - Mass Effect 3 (PC)

E a jornada chega ao fim.



E aí galerinha desocupada que tenta ser produtiva, mas não consegue por causa dos games, tudo beleza?

Pois é meus amores, não sei se eu já falei isso alguma vez aqui, em quase um ano de blog, mas toda semana nós, desocupados responsáveis por esta humilde página na web, vos trazemos uma recomendação super-hiper-mega-maneira de qualquer coisa que nos der na telha no momento, e essa semana não há de ser diferente.

Toda odisseia chega ao fim, e chegou a hora de darmos um ponto final em uma das trilogias mais aclamadas da história dos games: a trilogia Mass Effect! A indicação dessa semana é Mass Effect 3, o ultimo refrão da opera espacial mais épica de todos os tempos. Lançado em 6 de Março de 2012 - e um dos indicados à Jogo do Ano , Mass Effect 3 está disponível em versões para PC, PS3 e Xbox 360. Ah, e se você ainda não deu uma olhada, pode conferir os posts dos jogos anteriores clicando nos links abaixo:

- Mass Effect
- Mass Effect 2

Com a derrota dos Geths e a queda dos Coletores, os Reapers inciam seu avanço contra as forças da Aliança, atacando seus planetas e colônias, deixando um rastro de destruição, caos e morte por onde quer que passem. Sistemas solares inteiros caíram nas garras dos Reapers, inclusive o principal lar da raça humana, a Terra, cuja as casualidades de guerra estão entre as mais alarmantes. A última esperança de sobrevivência da galáxia reside em você, o(a) bravo(a) Comandante Shepard, que deverá mais uma vez vestir o uniforme da Aliança, ao lado da fiel tripulação da Normandy, em busca de meios para combater os Reapers, antes que estes acabem dominando toda a galáxia; mesmo que essa missão acabe custando sua própria vida.

"Pô Joker, eu ainda tô aqui, caramba, num fecha a luz não!"


Tecnicamente, os gráficos de Mass Effect 3 são os melhores, mas o lado mais artístico da série - que recebeu mais atenção no segundo jogo - foi deixado um pouco de lado. Cenários, armaduras, armas, inimigos... todos belíssimos, mas sem muito conteúdo. O foco de ME3 nos combates e na ação influenciou, principalmente, dentre muitos outros aspectos do jogo, o visual. A direção de arte voltou seu foco para a parte militar de Mass Effect, criando bases mais elaboradas, armas mais detalhadas, naves maiores e inimigos mais feios. Estes últimos, à propósito, receberam uma atenção especial. Como em Mass Effect 3 você enfrenta diretamente os Reapers (não mais através de vassalos ou escravos), seus alvos, na maior parte do jogo, serão os Husks, os "tecno-zumbis" do universo de Mass Effect. Nos jogos anteriores, os Husks eram deixados em segundo plano, com algumas variações de espécie aqui e acolá. Agora, você enfrentará os mais diversos tipos de Husks, um mais assustador que o outro. Não serão poucas as vezes em que você vai pular da cadeira ao levar um susto de uma Banshee (espécie de Husk variado das Asari), que teleportou bem na sua frente; ou de um Brute (Husk criado a partir de uma mistura entre um Krogan e um Turian), que, quando você menos espera, está correndo na sua direção como se não houvesse amanhã. Tudo isso fica muito bonito na tela, mas passa uma sensação de vazio. Os seus novos aliados também seguem a mesma linha. Além de você contar com (bem) menos aliados que no jogo anterior, por exemplo, muitos deles são bem genéricos, com pouco apelo visual. Isso quando eles não são personagens veteranos, que te acompanharam nos dois últimos jogos. Se formos contabilizar as carinhas novas de Mass Effect 3, teríamos o impressionante total de duas novas adições na equipe, que, como eu já falei, é bem pequena - principalmente se comparada à de ME2, que conta com aproximadamente 15 personagens, sendo 3 destes veteranos. Mas nem tudo é tristeza em Mass Effect 3. Se tem algo que realmente merece muitos elogios é a atenção dada aos cenários do jogo, principalmente aos panos de fundo. Quando estiver em um cenário mais aberto, ao ar livre, experimente olhar para o horizonte de ME3. Você verá belas paisagens sendo dizimadas pelos enormes Reapers, enquanto soldados e mais soldados tentam, quase que em vão, detê-los. Esses detalhes adicionam à sensação de grandiosidade e terror que Mass Effect 3 tenta passar ao jogador. Falando em momentos grandiosos, estes são os principais atrativos de ME3. Derrubar um Reaper? Confere; Amigos se sacrificando para um bem maior? Confere; A sobrevivência de uma espécie na palma de sua mão? Confere também. Mass Effect 3 é repleto de momentos dignos de um filme do Michael Bay, que, por um lado, não adicionam muito à profundidade de roteiro que aprendemos a gostar nos jogos anteriores, mas, por outro, são capazes de emocionar todo e qualquer bom gamer desocupado.

Não há nada pior que um Reaper com conjuntivite...


No que diz respeito a jogabilidade, bem, de um modo bem grosseiro, podemos dizer que o universo de Mass Effect foi invadido pela franquia Call of Duty. O foco aqui está voltado quase que inteiramente ao combate, tornando Mass Effect muito mais um Shooter em Terceira Pessoa que um RPG propriamente dito. A combinação quase perfeita entre os dois gêneros foi para o limbo, dando lugar à a uma versão futurista e em terceira pessoa de CoD. Muitos dos elementos presentes nos jogos anteriores, como a personalização de equipamentos do primeiro jogo e o sistema de upgrades do segundo, se perderam aqui, no terceiro capítulo da saga, sendo substituídos por outros mais simples, como o novo sistema de personalização de armas, por exemplo, que permite que você modifique os atributos do seu arsenal, deixando cada arma com a sua cara. Infelizmente, essa personalização é um tanto quanto limitada, mas acaba funcionando bem na do "vamo ver". Outro detalhe importante relacionado às armas do jogo é que agora todas elas possuem atributos mais únicos, tornando aquelas particularidades de ME2 ainda mais acentuadas. O principal atributo a ser observado é o peso das armas. Seu personagem possui uma capacidade limitada de peso, o que força você a escolher bem suas armas antes de cada missão. Quanto menos pesadas forem as armas que você carrega consigo, maior será o bônus de velocidade de recarga que você ganhará. Como bom Infiltrador que sou, minhas melhores amigas foram minha pistola, minha metralhadora e meu sempre fiel rifle sniper. Afinal, o que seria um atirador de elite sem seu rifle, não é? A grade de habilidades foi expandida, e, depois de certo nível, você terá que escolher, a cada novo nível ganho, entre dois tipos de melhorias para a tal habilidade, deixando seu personagem mais "seu". As mecânicas de combate da trilogia alcançam seu ápice aqui em ME3, fazendo com que o jogo aproveite o máximo que o gênero TPS (Third Person Shooter, ou Tiro em Terceira Pessoa, em português) pode oferecer. Quanto mais elaborado o sistema de combate de um jogo é, consequentemente, mais difícil ele se tornará, e essa regra se aplica muito bem em ME3. A inteligência artificial dos inimigos está muito mais esperta, tornando os soldados adversários mais sagazes, com táticas de combate que vão se tornando cada vez mais chatas à medida em que você vai avançando no jogo. Você vai passar por momentos de verdadeiro sufoco em quase todas as missões do jogo, daqueles que te fazem repetir determinada parte da missão três ou quatro vezes seguidas. Isso faz com que você tenha que pensar rápido antes agir, ainda muito mais que nos jogos anteriores. Do jeito que eu estou falando pode até parecer difícil - e é mesmo -, mas a adrenalina ajuda bastante nessas horas. O sistema de decisões e suas respectivas influências está, obviamente (já que é a marca registrada da série), de volta, mas de um modo bem mais tímido. Se em Mass Effect 2 você podia trabalhar bem os "tons de cinza" da personalidade do seu avatar, aqui em Mass Effect 3 a coisa tende mais para o preto e branco. As decisões "neutras" foram excluídas, e boa parte dos diálogos é composta não POR você, jogador, mas sim PARA você. Em algumas cenas você vai entortar as sobrancelhas e dizer "Ei, eu não quis dizer isso!", algo frustrante para um jogo como Mass Effect.

Na imagem acima, vemos o Comandante Shepard (direita) tendo uma conversa tranquila com o ex-BBB Kebler Bambam (esquerda).


Pela primeira vez, um jogo da série Mass Effect conta om um sistema multiplayer, permitindo que você e seus companheiros estraçalhem esquadrões e mais esquadrões de outros jogadores ao redor do mundo. Infelizmente, eu não pude aproveitar essa adição, mas, pelo que pude ver por aí, o modo multiplayer de ME3 conta com várias modalidades de jogo diferentes, aparentemente divididas em duas ramificações: versus (você contra seus amiguinhos) e cooperativa (você e seus amiguinhos contra os caras maus); todas ambientadas em cenários vistos ao longo da campanha solo do jogo. Outro elemento de ME3 que não podemos deixar de fora são os DLCs (Conteúdos Baixáveis), que vão desde armas e armaduras à novos capítulos da campanha do jogo. Infelizmente, graças a esses DLCs, alguns detalhes importantes foram deixados de fora da versão "crua" do jogo, sendo o mais citado deles as cenas finais do jogo, que causaram confusão (senão raiva) em muitos dos que jogaram Mass Effect 3. As cenas finais foram complementadas posteriormente na Versão Estendida do jogo, cuja a qual os jogadores - mesmo aqueles que já possuíam o jogo - tiveram que pagar para ter acesso. Felizmente, Mass Effect 3 pode ser muito bem aproveitado sem seus DLCs, mas, se você quer dar uma maior longevidade à sua experiência com o jogo, recomendo que invista seu suado dinheirinho nos capítulos adicionais de ME3.

"Shepard, seu safado, há quanto tempo! Dá cá um abraço, seu cretino!"


Se o enredo de Mass Effect focava em contar uma aventura cheia de intrigas menores; e o de Mass Effect 2 mostrar as nuances e detalhes do universo criado no jogo anterior; o de Mass Effect 3 é, definitivamente, dar um ponto final para a saga, do modo mais "woohool!" (leia-se "energético") possível. Lembra daquelas tramas elaboradas, cheias de sub-ramificações e personagens bem desenvolvidos dos jogos anteriores? Pois é, infelizmente, quase nada disso foi reaproveitado em Mass Effect 3. O que temos aqui é um bom filme de ação adaptado para os vídeo games, onde o foco está voltado bem mais para a adrenalina da batalha que para o enredo em si. Não é que a estória do jogo seja ruim - pelo contrário, ela é bem empolgante -, mas, se comparada com as dos jogos anteriores, a de ME3 é bem menos elaborada. Claro, que se formos ficar comparando este com os jogos anteriores o tempo todo, não conseguiremos aproveitar tudo o que ME3 tem a oferecer, mas, quando se joga uma trilogia de games de uma só vez, um logo após o outro (que foi o meu caso), é impossível não fazer essas comparações, e é impossível não ficar pelo menos um pouquinho decepcionado com Mass Effect 3 depois de ter jogado o segundo capítulo da saga. ME3 se confia muito no apelo emocional que uma guerra de proporções catastróficas (como a que ocorre neste último capítulo) pode proporcionar, forçando, sempre que tem a oportunidade, uma cena testosteronicamente bombástica, que tentam arrancar lágrimas másculas dos jogadores mais chegados em filmes como Transformers (um abraço pro Angelo), mas uma vez citando o "lendário" diretor Michael Bay. E sabe o que é o pior disso tudo? Muitas vezes, essas cenas "forçadamente emocionantes" acabam funcionando, e não serão poucos os momentos em que você vai chorar como uma garotinha, se satisfação ou de culpa. Além de se voltar inteiramente à guerra contra os Reapers, a trama de ME3 também dá bastante atenção à você, o(a) Comandante Shepard; em como você se sente, sendo o centro de toda aquela catástrofe, com uma enorme responsabilidade em suas costas, algo que não pudemos ver em nenhum outro capítulo da saga. Como eu já citei antes, muitos jogadores tiveram problemas com o encerramento do jogo, que se encontra "incompleto" nas versões originais do jogo, o que forçou muitos desses jogadores a gastarem mais do que já gastaram para acompanhar o final "estendido" do jogo, algo que já deveria estar incluso desde o começo, em toda e qualquer versão do produto. Uma adição que achei particularmente interessante foram os múltiplos finais do jogo, aproximadamente 5, sendo cada um deles uma variação da sua personalidade durante o jogo, que, por sua vez, é fruto das decisões que você toma no desenrolar da estória. Em suma, podemos dizer que Mass Effect 3 é "o que faltava" para a série. Depois de um capítulo introdutório e outro com o foco voltado muito mais para a trama, a Bioware achou que seus jogadores precisavam de uma injeção de testosterona à la Michael Bay para o terceiro e último capítulo da saga. De certo modo, ela acabou acertando, ainda que com muitas ressalvas.

"Ei bróder, acho que tem uma coisinha aí no seu olho esquerdo. Deixa que eu tiro pra você."


Grande parte dos personagens dos jogos anteriores marcam presença em Mass Effect 3, mas pouquíssimos deles podem lhe acompanhar nas missões. Esse é um dos (senão "o") detalhes mais frustrantes de ME3. É como ter um garrafão de 20 litros de Coca-Cola no meio do deserto e só poder tomar um golinho. Ao invés de ter deixar dividir a Normandy com aqueles companheiros que você conviveu durante um jogo inteiro (alguns até dois), ME3 te apresenta à novos personagens, todos genéricos e sem muito conteúdo. ME3 troca um panteão de mais ou menos 10 personagens "novos" apresentados em ME2 - todos muito bem desenvolvidos, diga-se de passagem - por apenas dois buchas de canhão, sendo que apenas um deles é realmente útil em combate. Sim, estou falando do cover digital de Kleber Bambam, James Vega, que você já deve ter visto em uma das imagens desse post. Mais uma vez, as palmas vão para o seu bróder Garrus Vakarian, detentor da sequência que, para este que vos escreve, fez valer cada centavo do jogo. Se nos jogos anteriores o ilustríssimo senhor Vakarian já brilhava, aqui em Mass Effect 3 ele está mais radiante do que nunca, trazendo de volta consigo suas duas maiores armas: seu rifle sniper e sua língua afiada. Não há como sair de ME3 sem citar os inúmeros e hilários diálogos entre Garrus e os outros membros da equipe, como este aqui:


Ou então este:


— É verdade que você matou três caras com um tiro só?
— Não não, foram apenas dois. O terceiro morreu de ataque cardíaco, seria injusto contar com ele.

Garrus Vakarian é o cara.

No que diz respeito a som, Mass Effect 3 passa na frente de seus antecessores, com uma trilha sonora excepcional, ainda mais cativante e emocionante que a de ME2. Os temas são capazes de deixar até o mais valentão dos brucutus com todos os pelos do corpo arrepiado e suando litros pelos olhos. A combinação de orquestra com sons digitais está de volta, agora, mais do que nunca, alcançando o pináculo da "epicidade" (de "épico") da série. A batida forte dos tambores cuida da adrenalina nos temas de batalha, enquanto som suave do piano fica com as faixas mais "fúnebres" do jogo, como é o caso do tema principal de Mass Effect 3, que é tocado nos momentos-chave do jogo, dando aquela sensação de que tudo está perdido.

Tente escutar sem ficar pelo menos um pouco triste:


Bem galerinha, acho que não falta mais nada. Só aquela velha nota safada de sempre.

E aí está ela -> 8,5 / 10

Para cada passo que a série Mass Effect deu para frente, Mass Effect 3 deu um passo e meio para trás. É como aquela trilogia de filmes que, no terceiro e o último filme, o diretor é trocado, e parte daquilo que te conquistou nos capítulos anteriores é esquecido ou mal aproveitado. Porém, isso não diminui a qualidade, tanto técnica quanto artística (a primeira muito menos que a segunda), de Mass Effect 3, fazendo com que o jogo tenha realmente feito jus à sua indicação à Melhor Jogo do Ano no Vídeo Game Awards 2012.

E assim, meus amigos, termina a maior odisseia espacial de todos os tempos (chupa George Lucas). Bem que eu gostaria de ter palavras bonitas pra fechar esse post com chave de ouro, mas vai ter que ficar por isso mesmo.

Até mais!

Por Breno Barbosa

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