domingo, 29 de setembro de 2013

Se não jogou, jogue! - Ducktales (NES)


São os caçadores de aventuras...uhul...




Curso: Ficar rico em apenas 5 estágios
Professor: Tio Patinhas
Período: 1989
Estilo: Aula em campo com dinamismo em plataforma

Ducktales (Tradução oficial: Patocontos) é um jogo altamente amado por gente do passado, tanto que ganhou um remake (Ducktales Remastered), mas será que essa admiração é justa?


Em pleno 2013, um jogo dos anos 80 continua dando o que falar. Não, não estou falando de Super Mario Bros., nem de Alex Kidd ou de Abadox. Falo de Ducktales, jogo produzido pela Capcom no longínquo ano de 1989. Aproveitando do sucesso mundial que foi a série animada, nada melhor que aumentar os lucros da franquia para o console mais popular da época. Porém, sabemos que, desde que o Godzilla era calango, adaptações de televisão/filmes para os videogames tendem a ser medíocres ou horríveis. Contudo, Ducktales quebrou esse estigma e virou um sucesso entre a galerinha, que era louca para controlar patos octogenários detentores de grandes fortunas em busca de ainda mais dinheiro por vaidade.

Ducktales (woohoo!) tem a premissa básica dos jogos de plataforma: o protagonista está em busca de algo. Mario e Link querem uma vida de luxúria, Sonic quer ser o rei dos animais. Mas Tio Patinhas tem um sonho: ser o pato mais rico do universo, podendo comprar tudo e todos, ao custo de roubar tesouros de civilizações antigas.Tudo isso para esfregar na cara da sociedade, que antes ser um pato RICO que ser apenas um rico qualquer neste mundo. Para ajudar nosso ricaço, a família aparece, aposto que só porque ele é milionário. Se fosse liso, eu duvido que alguém desse as caras. Huguinho, Zezinho, Luizinho estão presentes, assim como todos os patos do universo de Patópolis, exceto o Pato Donald. Sério, tem que ser muito jênio, com j mesmo, pra deixar ele de fora. Deve ter sido na época em que a Disney tava cortando o coitado a torto e a direita, porquê o Camundongo de voz de garotinha não estava bem das pernas, perdendo sua popularidades. Aposto que isso foi coisa do Valdisnei. Quanta pataquada...


A falta de linearidade trazida à esse jogo remete muito aos jogos de Megaman. E não é por menos, já que temos Keiji Inafune, tido como o criador de Megaman, na equipe de criação do game. Mas aqui ele estava mais sutil, trabalhando "apenas" como artista. A não-linearidade aparece em dois momentos: o primeiro é na seleção de fases, onde escolhemos nossa rota, podendo começar por qualquer fase  ir na ordem que quisermos. Quer começar na Amazônia? Pode. Quer mostrar a macheza e viajar direto para a Lua? Claro que você pode, meu patrão. Tá achando que essa galerinha é caldo de bila? Se não sabe o que é caldo de bila, é por que você é caldo de bila. Mais interessante ainda é a possibilidade de múltiplos caminhos nas fases, que permitem você atravessa-las por meio de diferentes rotas. Sempre é legal ter múltiplos caminhos e particularmente, eu acabo tomando sempre um só, porém ele é o que passa por maior parte, se não todos, os locais possíveis da fase. Tudo isso dá uma grande vontade de jogar novamente, mas não apenas isso.


Ducktales é um jogo bonito. Não há muito o que falar. Particularmente, o Tio Patinhas recebeu um grande cuidado ao ser desenhado, já que conta com praticamente todas as características que o personagem principal tem, inclusive aqueles óculos bem miudinhos, que quase não dá pra ver no jogo, mas sim, estão lá. Estranhamente, temos os 3 netos com suas respectivas cores, porém na tela de seleção do estágio não aparece o Zezinho,o de azul, e sim dois Luizinhos. Ainda assim temos a aparição deste na fase da Amazônia...vai entender a preguiça.

Os cenários são lindos e com um bom nível de detalhamento. Mais importante que isso foi a forma a qual foi aproveitada a criação das fases, que têm aquela pegada dinâmica, com subidas  e descidas, passagens secretas e tesouros escondidos. Se descobrir coisas boas já é ótimo, encontrar tesouros para enriquecimento próprio é melhor ainda. São milhões escondidos em pedras preciosas por todas as fases. Temos até baús invisíveis que aparecem apenas quando uma certa condição é alcançada, que às vezes servem de plataforma para ainda mais baús. É tanto tesouro que eu não me misturo mais com a gentalha.

A trilha sonora está um doce de leite. Já começamos de cara com a música de abertura da animação, claro, na sua forma 8-bit de ser. Todas as músicas são no mínimo ótimas e com um climaço de aventura, porém eu sinto que o tema da amazônia combina mais com um circo que com o "pulmão do mundo". Enquanto isso, o tema da Transilvânia é uma forma de criar um ambiente que dê medo. Se alguém se assustou tem que ser muito besta, mas a musica combina muito bem com o estágio. Mas aquela que realmente se destaca em todo o jogo é o tema da lua, que vale o seu favorito e vale seu joinha. Um fato interessante é que as músicas normalmente são creditadas a Yoshihiro Sakaguchi, que foi "apenas" o programador de som, quando na verdade quem compôs e fez os arranjos foi Hiroshige Tonomura, que trabalhou também no jogo de nave vertical, 1943.



O gameplay primoroso é mais um dos charmes aqui. Com o básico do plataforma, implementado em Super Mario Bros., adicionado ao uso da bengala de Tio Patinhas e aproveitando o design das fases da maior forma possível. Ora, usar a bengala como um pula-pula é algo que não se esperava mesmo, porém o comando não é nada intuitivo, pois é necessário pular e, no ar, apertar o botão A e segurar o direcional para baixo. Horrível para crianças de 5 anos na época descobrirem. Mas com a descoberta, o jogo fica 900% mais divertido. Esse vai ser seu movimento básico por praticamente todo o jogo, já que o pulo leva o pato quase a voar e mata os inimigos com uma lapada só. Além disto, nosso protagonista avarento pode usar a mesma bengala como um taco de golfe e arremessar pedras nos inimigos e destruir baús. Essa é uma ação mais utilizada para a exploração, já que inimigos são imunes à bengalada dessa forma. O objetivo do jogo é encontrar tesouros e juntar muita grana. Para isso, a exploração é extremamente necessária, pois temos tesouros onde sequer imaginamos, onde não é incomum paredes secretas nos levarem à paredes mais secretas ainda. Uma forma ótima de manter a vida útil do jogo.

Nada está imune a falhas, muito menos Ducktales. Apesar da alta capacidade de exploração e de 3 níveis de dificuldade, é um jogo fácil e curto. Ser curto não é tão problemático, pois na época jogo grande era RPG e olhe lá, mas pra isso que existe a dificuldade, fazer com que o jogo obrigue você a jogá-lo mais vezes até dominar pelo menos boa parte dele. As batalhas cm os chefes são uma vergonha, todos têm basicamente um ataque e um padrão. É triste morrer pra eles, eu saí com o orgulho ferido. O ultimo chefão não tem a dificuldade de um inimigo qualquer de Megaman. É triste, mas pelo menos são batalhas rápidas e nos livramos deles facilmente.

Ducktales foi o primeiro trabalho conjunto Capcom feat. Valdisney, e foi um trabalho muito bem feito. A Disney enviou supervisores para... supervisionar... os programadores para exigir a qualidade necessária, evitando produtos mequetrefes. Isso gerou uma censura e algumas adaptações, tais como o tema da Lua estar mais rápido na versão original e caixões terem cruzes substituídas por R.I.P. ( Rei Indignado Pato). Em pleno 2013 foi anunciado e posteriormente lançado o remake, Ducktales Remastered, que causou um rebuliço na galerinha mais antiga e foi bem recebido, talvez você queira checar. Mas olhe também com carinho para o de NES, ele merece.


Parte da arte da capa do Remastered, visual meio retrô legalzão.

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