quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Se não jogou, jogue! - Altered Beast (Mega Drive)


Rise from your grave.



Produtora: SEGA
Distribuidora: SEGA
Ano:
1988
Gênero: Beat'em up

O que você faria se sua filha fosse levada para o submundo por um cara mal-encarado com uma horda infinita de monstros a seu dispor? Zeus, mesmo com todo seu poder, prefere ressuscitar um guerreiro antigo e lhe dar a capacidade de virar animais, a simplesmente lançar um raio na cabeça do sequestrador. Agora, o guerreiro sem nome deve vagar por lugares desconhecidos pelos mortais e enfrentar feras e monstros, mas, felizmente, para ele, as maiores bestas vivem dentro dele. Será ele capaz de salvar Athena? E por que ela foi levada? O único modo de saber é encarnar o guerreiro e derrotar o mal. Você é capaz?

Altered Beast tem um dos nomes japoneses mais estilosos de todos: Crônicas do Rei das Feras. Só o nome já desperta uma curiosidade, seja o oriental ou o ocidental. Lançado nos arcades, Altered Beast foi um baque no fim dos anos 80, com seus belos gráficos e suas frases icônicas. Tanto isso é verdade que  SEGA elegeu-o como o jogo a ser lançado junto com o Mega Drive, antes da chegada do ouriço azul, e também para mostrar a diferença enorme que havia entre o novo console da SEGA e o famosíssimo Nintendinho. E a SEGA conseguiu, ainda mantendo sua tradição em converter jogos de arcade para seus consoles de formas bem fiéis, até onde o Mega Drive permitia.


O jogo busca, ao mesmo tempo, um clima sombrio e épico. Esse clima vem muito mais dos cenários do jogo, que são bem bonitos. Um cemitério cheio de mortos-vivos? Confere; Uma caverna escura? Confere; O quadro "O Grito" sendo representado? Confere também. E apesar de se tratar de uma conversão para Mega Drive, o jogo ficou muito fiel ao original. Alguns detalhes foram perdidos na conversão, como por exemplo o fato de nos arcades, ao derrotar um inimigo, os membros dele caem no chão, enquanto na versão de Mega, apenas pedaços quaisquer caem, sem nenhuma identificação. Mas também houveram adições, como um efeito Parallax superior ao da versão original. Os cenários oscilam entre interessantes e chatos. O cemitério ficou bem legal, principalmente com a adição de tumbas saindo do chão. Já as cavernas são meio que sem sal, falta alguma coisa lá. O clima épico se dá por parte da trilha sonora, que dá um tom "inesperado" à jornada de nosso herói. Não são músicas que cheguem a ser marcantes, mas elas se encaixam bem no contexto. Infelizmente, há a repetição das faixas, e isso apesar de comum, não é legal, principalmente em jogos curtos. Outra coisa chata da parte sonora do jogo é quando um inimigo é derrotado, parece que estamos jogando brita no chão. Pra quem nunca escutou, não é um ruído muito legal de se ouvir. ( * Crônicas de um pedreiro... * )

O ritmo do jogo é lento, porque apesar de ser um beat'em up, nós avançamos de acordo com a tela, que passa bem devagar. E é nessa lentidão que os inimigos surgem, seja apenas andando, seja voando, brotando do chão ou até caindo em cima de você. Deixar os inimigos lotarem a tela não é uma boa ideia, pois como jogo de arcade, ele tem como principal objetivo comer o máximo de fichas possíveis do jogador, usando de meios escusos e desonrosos. A trapaça é fruto da programação. Em muitos jogos, quando se leva um golpe inimigo, nosso personagem fica com um momento de invencibilidade, para se recuperar. Aqui em Altered Beast não há essa colher de chá. Tá achando que é moleza? Se ficar cercado pelos inimigos e eles começarem a te bater, é bem provável que você perca uma boa quantidade de life, que com certeza fará falta depois. Mas temos uma compensação por essas safadezas, e essa é:


Eu enrolei pra caramba, mas enfim chegamos a parte que interessa. As transformações são a marca de Altered Beast. Nosso zumbi resgatador de divindades foi abençoado com o poder de virar bichos. E por algum motivo eu lembrei do Ney Matogrosso. Quando no modo fera, o guerreiro faz jus a frase: Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Mas para isso ele tem que pegar esferas que residem no interior do inimigo mais útil do jogo, que é o lobo azul de duas cabeças. Este bom ser nos dá uma esfera quando é derrotado, e cada esfera aumenta o poder do guerreiro (resolvi chama-lo de Ney), chegando a um ponto que ele praticamente explode e músculos. Porém, na terceira esfera, ele se transforma numa besta.

Ney bombado quase explodindo.
Ney também conta com a sorte. Ora, o vilão, Neff (que nomezinho fraco hein) só enfrenta nosso herói caso ele esteja transformado em fera. Caso não, a fase continuará até que você vire. Eu não sei o que acontece com quem enrola muito, se virem aí pra descobrir. As transformações de Ney variam a cada fase, sendo elas: o Lobo, o Dragão(o melhor), o Urso, o Tigre e o Lobo Dourado. Vale ressaltar que as transformações deixam Ney invencível, contanto que você abuse dele. O único inimigo que atrapalha Ney é o vilão Neff, que também tem suas transformações. Seja um ogro que tem um número infindo de cabeças ou uma planta de infinitos olhos venenosos, as batalhas contra ele exigem uma certa estratégia, as vezes. Mas em algumas formas, ir na doida* é muito mais efetivo.

Altered Beast conta com uma dificuldade boa. É o jogo que vai matar muito nas primeiras vezes, mas depois fica mais fácil. É o clássico decoreba dos jogos antigos, onde basta lembrar onde e quando um evento vai acontecer e bolar uma forma de contornar. Altered Beast pode se tornar um jogo bem curto ou bem  longo. Bem curto pois após o decoreba, você provavelmente vai enfrentar Neff na primeira vez que ele aparecer nas fases. Longo só se você resolver não pegar a ultima esfera e deixar Neff fugir. Finalizou fácil? Então continue jogando, pois o jogo aumenta sua dificuldade ao ser finalizado, trazendo mais inimigos e um Neff mais bravo.

Altered Beast é um marco não por sua qualidade, mas por sua significância. Ser o primeiro jogo de muita gente no ocidente o faz ter um lugar no coração de quem jogou na época, algo que nós que não jogamos não entenderíamos. Mas é de se louvar que o port da SEGA ainda manteve muita coisa, inclusive o multiplayer. Mesmo tendo uma jogabilidade datada, com comandos que não respondem tão bem, tem um belo gráfico e uma ideia interessante, mas que poderia ser melhor executada. Se quiser passar o tempo, eu digo que vale a pena sim, mas se quiser algo que vai te marcar, eu não iria com tanta sede o pote.

Nota: 80%


ir na doida*: Não pensar em consequências enquanto realiza uma ação.

Por Angelo Alexsander, que fez este post na doida.

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