domingo, 30 de agosto de 2015

Se não viu, veja! - Log Horizon

Levante-se mais uma vez!




Bons dias, boas tardes e boas noites, galerinha desocupada bonita e cheirosa! Tudo em paz com vocês?

Peraí, hoje já é domingo?! Minha Santa Aquerupita, tenho que escrever o post de hoje, tipo, agora! Mas sobre o que cargas d'agua eu vou escrever? Uma Série? Um Filme? Um Livro? Um Game? Uma HQ? Eu realmente não sei (na verdade eu sei, mas entrem na brincadeira, por favor), mas creio que, independente sobre o que conversemos aqui, vai ser algo legal, não é mesmo?

Sobre o que falaremos hoje? Bem, lembram do meu último post, na semana retrasada? Aquele "Combo de 3 Hits" onde falei um pouco sobre as coisinhas legais que eu estava (e ainda estou, a propósito) jogando, lendo e assistindo? Pois é, se você prestou bastante atenção, vai lembrar que uma das séries que eu estava acompanhando era uma tal de Log Horizon. E é exatamente sobre ela que falaremos hoje!

Originalmente, Log Horizon é uma série de Light Novels (romances japoneses que contam com algumas ilustrações) criada por Mamare Touno, que teve início em 2011 e continua até hoje. Com o tempo — e a popularidade —, Log Horizon foi ganhando adaptações, dentre elas, 4 volumes em mangá e duas temporadas em anime — que é sobre o que falaremos hoje —, sendo a primeira produzida pelo estúdio Satelight entre 2013 e 2014, e a segunda pelo Studio Deen, entre 2014 e 2015; ambas exibidas pela NHK TV.

Já imaginou ser teleportado para o mundo do seu RPG Online favorito? Não? Nem eu, muito menos Shiroe, um jovem jogador japonês do fenômeno mundial chamado Elder Tale. Em um belo dia, Shiroe abre os olhos e se vê no corpo de seu avatar, no mundo de Elder Tale, e não estava só. Muitos outros jogadores também haviam sido transportados para dentro dos corpos de seus respectivos personagens no jogo. O por quê disso? Quando e como aconteceu? Se há um meio de voltar pra casa? O que mudou? Como será a vida deste ponto em diante? São essas perguntas que Shiroe — ao lado de velhos e novos amigos de jogo — buscará responder ao longo de sua estadia no maravilhoso e misterioso mundo de Elder Tale.


Em algum momento de nossas vidas, apreciando uma obra de ficção (uma série, um livro, um game, etc.), todos nós com certeza já nos sentimos dentro de um "mundinho", não é mesmo? Todos nós já imergimos tanto no universo fictício criado por um (ou vários) autor (es) que chegamos a nos sentir como parte dele, não é verdade? Eu estou afirmando aqui, mas só pra ter certeza: isso já aconteceu com vocês, não é, galerinha desocupada? Por favor, não me façam passar por louco aqui!

São poucas as obras que conseguem exercer esse efeito com maestria sobre seus consumidores. Vocês têm algum exemplo a citar? Eu até tenho alguns — pouquíssimos, porque eu sou bem chato com essas coisas. Quais são? Bem, tem One Piece, Senhor dos Anéis, Game of Thrones (ou As Crônicas de Gelo e Fogo, pra quem é dos livros), The Legend of Zelda, The Witcher (tanto nos games quanto nos livros), e mais recentemente, Log Horizon. Sim, Log Horizon mal chegou e já tem um lugarzinho especial na minha lista particular de mundinhos super-legais. O por que? É o que eu vou tentar explicar nas próximas linhas!


Em minha memória recente, eu realmente não consigo lembrar de nenhuma outra animação atual que possua um universo tão bem estabelecido — e tão bem desenvolvido em seu decorrer quanto Log Horizon, principalmente dentro da premissa de estar preso em um "mundo digital".

Log Horizon toma como base principal os MMORPGs (Massive Multiplayer Online RPG), que pra quem não conhece, são games onde o jogador deve escolher um "papel" a exercer — geralmente na forma de classe ou profissão, como um Guerreiro ou um Mago (daí o RPG, de Role-Playing Game, ou Jogo de Interpretação, numa tradução livre) — e representa-lo em meio a um considerável número de outros jogadores, todos em um mesmo "mundo", conectados via internet (de onde provém o Massive Multiplayer Online, ou Multijogador Massivo Online, traduzindo). Por se passar dentro de um game desse gênero, Log Horizon busca ser o mais fiel possível às características desses jogos. Aqueles que já tiveram algum tipo de experiência com MMORPGs (como este que vos escreve) vão se sentir em casa, em meio a Quests (missões), Raids (Incursões em Grupo), NPCs (personagens não-jogáveis), PVPs (batalhas entre jogadores) e muitos outros elementos icônicos dos RPGs Online. Mais até, ouso dizer, que em qualquer outra série com a mesma premissa.

Log Horizon foge bastante do "caminho comum" trilhado por outras animações do mesmo gênero (com premissas iguais ou não), e exatamente aí onde se sobressai. Em vez de focar na ação das grandes batalhas, Log Horizon se volta muito mais para as questões politicas e sociais do mundo que serve de palco para sua história, focando-se em conflitos de um cunho muito mais lógico e racional que emocional. Não que os personagens de Log Horizon não tenham que lidar com suas próprias limitações, ou que careçam de algum apelo emocional; mas os problemas e mistérios apresentados pelo velho novo mundo de Elder Tale ganham mais importância dentro da trama que os conflitos pessoais de cada personagem. A primeira vista, isso pode parece um tanto ruim, mas como eu disse antes, é algo que foge do senso comum, que trilha um caminho diferente do que estávamos acostumados — principalmente no que diz respeito a animações japonesas. É estranhamente reconfortante ver os protagonistas lidando com problemas como as Relações Sociais entre os jogadores e os personagens do jogo (chamados de Povo da Terra), ou até mesmo tentando dar gosto as comidas digitais do game; em vez de seguir seus sonhos distantes, ou buscar vingança por seus entes queridos.

Por causa desse foco maior na politicagem, a trama principal de Log Horizon caminha a passos mais lentos, mas a medida em que vai se desenrolando, novas subtramas vão surgindo em diferentes partes daquele universo, criando novos mistérios a serem explorados e aumentando a imersão do espectador no mundinho digital de Elder Tale. A cada arco, os conflitos vão evoluindo de uma maneira bastante lógica e competente, de modo que o espectador desocupado ache óbvio e inesperado ao mesmo. "Poxa, eles vão ter que resolver isso agora?! Ora, mas é claro! É óbvio que esse problema ia aparecer uma hora ou outra". Eu acho que é mais ou menos assim que você irá reagir quando estiver assistindo Log Horizon. Só acho...

"Mano... essa sim é uma árvore gigante..."


Outro grande ponto forte de Log Horizon são seus personagens. Assim como o Massive Multiplayer de MMORPG propõe, Log Horizon possui uma infinidade de personagens em seu elenco. Alguns têm uma maior importância para a trama que outros, sendo mais explorados em determinados arcos, mas todos — sem exceção — ganham pelo menos um pouquinho de desenvolvimento e tempo de tela, de modo que nenhum deles se torne apenas um rostinho diferente no cantinho da cena. Cada um desses personagens possui um visual bastante único, independente de sua participação na trama, algo que remete bastante as vastas gamas de opções de caracterização de personagem nos MMORPGs, onde cada jogador pode construir e equipar seus personagens do jeito que quiser, decidindo desde o nome e o gênero do personagem até a sua profissão e personalidade dentro do jogo. Log Horizon reflete essa realidade de maneira competentíssima, com personagens que buscam interpretar um determinado papel com seus avatares, ou que os batizaram com nomes diferentes dos seus na realidade fora do jogo, ou que até mesmo decidiram criar avatares de sexos opostos aos seus na "vida real". Como um jogador de longa data desse gênero de vídeo-game, é realmente gratificante ver essa realidade replicada com tanta fidelidade em uma animação, algo bastante raro em qualquer obra que se propõe a basear-se em... bem, qualquer coisa!

Lembra que eu disse que Log Horizon gosta de fugir do senso comum? Outra fuga bastante interessante — e condizente com as propostas da série — é o próprio protagonista. Ao contrário de muitos protagonistas de séries semelhantes, Shiroe não é bem aquele personagem que consegue tudo com a força dos punhos e vai se tornando cada vez mais forte no decorrer da história. Pra falar a verdade, ele é quase o total oposto disso. Em vez de lutar com seus músculos, Shiroe escolhe lutar com a mente, ocupando um posto mais estratégico dentro da realidade do jogo, jogando como Enchanter (Feiticeiro), uma classe que, curiosamente, não funciona muito bem por conta própria, mas que dentro de um grupo torna-se quase essencial para se obter sucesso nas batalhas mais difíceis. Shiroe nunca está na linha de frente, na ação,sempre precisando de seus companheiros para se sobressair nas batalhas, e o mesmo pode-se dizer da própria série Log Horizon, que como eu havia explicado antes, tenta explorar muito mais o lado político e social do mundo em que se estabelece, em vez de partir direto pra pancadaria.

Impressão minha ou Gimli d'O Senhor dos Anéis resolveu se juntar à essa Raid?


No que diz respeito a visual e qualidade de animação, Log Horizon não faz um trabalho excepcional, mas também não é qualquer porcaria. Apesar do traço genérico, a Direção de Arte não vacila na hora de criar visuais interessantes para os personagens, sejam eles protagonistas ou simples figurantes. A mudança no traço é bastante perceptível entre a 1ª e a 2ª temporada, já que cada uma foi animada por um estúdio diferente. Particularmente, eu preferi o trabalho do estúdio Satelight ao do Studio Deen. Apesar de ambos procurarem seguir uma mesma linha, a diferença entre os dois não dá pra ser ignorada. Pelo menos não quando discrepâncias como essa acontecem:

Acima: 1ª Temporada (Satelight)
Abaixo: 2ª Temporada (Studio Deen)

Apesar dos pesares, ambos os estúdios buscam fazer um trabalho competente. Tá certo que o estúdio responsável pela primeira temporada da animação se sobressai em relação ao segundo, mas ainda assim, ambos entregam um bom anime no final.

A trilha sonora de Log Horizon é cheia de faixas marcantes que se repetem a todo momento. Em uma cena com teor mais épico, é fácil esperar pelo tema principal (Main "Log Horizon" Theme); já em uma cena onde a trama toma um rumo mais meticuloso e calculista, é quase certo se ouvir Shinkousuru Keikaku. Apesar da fixação por repetição, os temas de Log Horizon não são exatamente memoráveis ou inesquecíveis, mas apenas competentes e agradáveis. Uma faixa marcante, porém, e a musica de abertura da animação, Database, interpretada pela banda Man With A Mission  em parceria com o artista TAKUMA, da banda 10-FEET. Não é a toa que a faixa é o tema de abertura tanto da primeira quanto da segunda temporada. Saca só:


Hum... é, acho que isso é tudo que eu tinha pra falar sobre Log Horizon. Pelo menos por enquanto... Hora daquela boa e velha nota de sempre, não é?

E aí vai! -> 9.0 / 10

Poucas animações são tão fieis ao seu material de base quanto Log Horizon, e pouquíssimas animações procuram sair do caminho comum do jeito que Log Horizon o faz, com foco na politicagem e nas relações sociais do mundo que estabelece para si e nos personagem que povoam esse mundo, em vez da pancadaria generalizada e sem substância. A qualidade da animação e a trilha sonora acabam ficando um pouco pra trás, mas no que diz respeito a construção de mundo, exploração de personagens e riqueza de mitologia, Log Horizon não só teve como ainda tem muita lenha pra queimar, por, no mínimo, mais umas duas temporadas, se os deuses de Elder Tale quiserem!

"Entonce", se você está carente de um anime com uma pegada diferente e com uma base bem forte nos MMORPGs, não tenha duvida: Log Horizon com certeza é a melhor pedida para você!

Bem, isso é tudo, galerinha.

Um abraço, e até mais!

Por Breno Barbosa

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