domingo, 2 de agosto de 2015

Games - Skyward Sword: Uma História de Amor e Ódio

Eu te odeio. Mas eu te amo. Mas eu te odeio.




Fala, galerinha desocupada, tudo bem com vocês?

Alguém aí sabe que dia é hoje? Esqueci meu relógio na outra sala e estou com preguiça de buscar... O quê? Hoje é domingo? Mas já? Que coisa... Bem, isso significa que hoje é dia de post novo aqui no Desocupado! Sobre o que conversaremos essa semana? A gente decide no caminho, mas uma coisa é certa: será sobre Games. Ou sobre Livros. Ou sobre Filmes. Ou até mesmo sobre séries, se o papo estiver bom. Sobre nada disso, podemos inventar um assunto só nosso. O importante é que tenha conversa!

Mas sim, falaremos sobre Games esta semana, meus caros desocupados. Já temos mais ou menos uns 3 anos (sim, tudo isso) de blog e, quando se trata de Games, nós quase nunca saímos da linha “Se não jogou, jogue!”. Sempre estivemos acostumados a trazer recomendações de jogos que gostamos e que queremos compartilhar com vocês. De uns tempos pra cá, porém, começamos a brincar um pouco com o assunto, criando batalhas comparativa entre um game e outro (como é o caso do “Nos Embates de Sábado a Noite”), ou simplesmente falando um pouco sobre Game Design (se é que posso chamar assim), explorando alguns elementos específicos que consideramos interessantes em alguns games (como as sequências de abertura, que tiveram um post todinho pra elas).

Já hoje, não será bem um “Se não jogou, jogue!”, ou um “Nos Embates de Sábado a Noite”, ou até mesmo um bate-papo sobre design de jogos. O que será, então? Eu realmente não sei dizer ao certo. Pelo título do post — “Skyward Sword: Uma História de Amor e Ódio” — já dá pra deduzir que não será uma recomendação do “Se não jogou, jogue!”, mas, também com base no título, também não dá pra dizer que será o contrário.

Acho que a minha intenção com este post é simplesmente conversar um pouco sobre o jogo em questão, The Legend of Zelda: Skyward Sword, que foi lançado em 2011, fechando a biblioteca do Nintendo Wii e dividindo toda a comunidade de fãs entre aqueles que o amam e aqueles que o odeiam. De que lado eu estou? Isso e muito mais, você irá descobrir depois dos nossos comerciais!


Voltando do nosso intervalo... er... onde é que eu tava mesmo? Ah, sim, sim! De que lado eu estava, não é? Pois é, acho que posso dizer que estou com um pezinho em cada lado. Eu odeio Skyward Sword, mas eu também o amo. Mas também o odeio. O por quê dessa relação conturbada? É o que vou tentar explicar nas próximas linhas.

Ah, vale avisar: muito provavelmente, haverão SPOILERS no decorrer do post, então se você não quer saber nada sobre Skyward Sword antes de joga-lo por conta própria, é melhor voltar semana que vem! Um abraço pra quem se vai! Pra quem ficou, continuemos.

Hum... por onde começar... Ei, não me entendam mal, desocupados e desocupadas, eu conheço muito bem meus motivos para adorar e odiar Skyward Sword — eu os profiro em voz alta toda vez que ligo o Wii pra jogar, acreditem —, o problema é organizar esses motivos em um post bonitinho, tarefa na qual, a propósito, já estou falhando. Mas vamos lá.


Comecemos pelo ódio. Por quê eu odeio The Legend of Zelda: Skyward Sword? Resumindo tudo em uma só frase, porquê Skyward Sword é um jogo frustrante. "Mas frustrante de que jeito?", você pergunta. Frustrante no quesito de exigir habilidade do jogador? Ou no sentido de que o jogo não funciona, ou é imperdoável de algum jeito? Bem, um pouquinho dos dois. Não posso dizer que Skyward Sword não funciona totalmente, porque apesar de tudo, ele é um jogo competente no que se propõe, mas Skyward Sword frustra em exigir do jogador um nível de habilidade que o jogo em si não está disposto a perdoar. Não consegue fazer isso ou aquilo? Que pena, então você não vai conseguir aquele item que tanto queria — ou até pior: não vai conseguir avançar no jogo.

Sim, isso se deve ao fator número de reclamações sobre o jogo internet afora: os controles por movimento. Antes de reclamar deles, como proprietário de um Wii já há alguns bons anos, devo dizer que os controles do console funcionam muito bem, principalmente em shooters em primeira pessoa. Os problemas só aparecem quando se começa a exigir precisão deles. Apesar de funcionarem bem, os controles do Wii estão longe de responder com exatidão 100% das vezes. Os comandos irão funcionar em grande parte das vezes, mas isso não exclui o fato de que eles não funcionarão vez ou outra. O mesmo é válido quando se aumenta a precisão da captura de movimentos — que é o caso do Wii Motion Plus, acessório sob o qual Skyward Sword foi concebido. Ao aumentar a precisão, também aumenta-se a margem de erro nos comandos. Mesmo assim, mesmo com essa grande margem de erro presente, Skyward Sword exige precisão e habilidade do jogador, e poucas vezes se dispõem a perdoa-lo caso o mesmo não os possua.

A primeira batalha do jogo já reflete esses problemas. Ora, mas o que estou dizendo! Só agora lembrei que os problemas já começam antes mesmo de entrar em peleja com inimigos! Logo após uma corrida corrida aérea nas costas do seu pássaro gigante (onde os controles funcionam bem, diga-se de passagem), sua querida amiga de infância Zelda lhe pede para pular do alto de uma estátua e pousar EXATAMENTE dentro de uma área delimitada por ela. Não parece bem algo que um amigo de infância faria, eu sei, mas eis aí o primeiro exemplo da exigência "injusta" de Skyward Sword. Ter seu progresso barrado em um jogo nunca é legal, principalmente quando a culpa não é somente sua, mas sua e do jogo.

"Oi, eu sou Zelda, aquele é o Link, e esse é o Jackass!"



A situação só piora quando chegamos ao combate. É simplesmente frustrante e enraivecedor tentar acertar os inimigos na direção certa, na velocidade certa. Não é a toa que começamos já com 6 corações de energia, em vez dos típicos 3 dos jogos anteriores. Você vai levar muita porrada até pegar o jeito do sistema de combate de Skyward Sword. Tamanha frustração faz com que cada encontro com inimigos em Skyward Sword seja desencorajador, entediante. Você tenta evitar o combate porque o combate é difícil, e consome o pouco tempo que você tem te fazendo posicionar a espada na direção certa, esperar por uma abertura para atacar e repetir o processo quantas vezes forem necessárias — presumindo que não haverão falhas durante a luta, é claro.

Por um lado, isso chega a ser até algo bom. Cria um relacionamento entre você e o inimigo sem precisar estabelecer um contexto. É você contra ele numa batalha de habilidade, força, velocidade; tornando a vitória ainda mais recompensante. Mas infelizmente, algumas batalhas não empolgam tanto quando sua espada resolve cortar pro lado oposto que você a direcionou, fazendo com que você pare a luta, coloque-a sobre uma superfície plana e espere ela recalibrar, para, então, voltar a lutar.

Falando assim, eu faço parecer que os controles são terríveis, e não funcionam de jeito nenhum — o que não é verdade. Sim, eles funcionam, e no meu caso, muito bem, na maior parte das vezes, mas aí é que está o problema. Parafraseando um pouco o Youtuber Matthewmatosis (que fez uma gigantesca e super-detalhada análise sobre o jogo em questão, diga-se de passagem); é complicado, em um jogo, dizer para alguém que o botão designado para um determinado comando funciona 90% ou 80% das vezes, em vez 100%. Num jogo com controles por movimento, você, desocupado, é o controle, e suas ações são os botões e comandos. E como você já deve saber (se não sabia, surpresa!), você é imperfeito, logo, os controles também são. Conceber um jogo com esse esquema de controle e exigir perfeição dos jogadores é simplesmente errado. Claro, isso não significa que você não seja capaz de alcançar a perfeição exigida, mas haverá muita vontade de desligar o vídeo game no meio do caminho.

Acredite ou não, enfrentar esse sub-chefe é mais fácil que lutar contra alguns inimigos comuns.


Nossa, seis parágrafos inteiros de ódio! Tá na hora de mostrar algum amor, não é mesmo? Afinal, o título do post é "Uma História de Amor e Ódio".

Um dos motivos pelos quais eu amo Skyward Sword, acreditem ou não, é justamente aquilo sobre o que eu estava reclamando agora há pouco: os controles por movimento. Como disse antes, eles funcionam na maior parte do tempo, e o combate cria uma relação legal entre você e os inimigos sem precisar de linhas de texto ou cutscenes. Além disso, não se pode deixar de dar os créditos a equipe de desenvolvimento por arriscar basear seu jogo com base em algo tão ousado quanto controles por movimento. O resultado não foi 100% satisfatório — como eu fiz questão de deixar claro alguns parágrafos atrás —, mas definitivamente, o esforço deve ser reconhecido.

Apesar de serem uma tentativa legal, os controles por movimento estão longe de ser meu elemento favorito em Skyward Sword. Não, meus caros desocupados, esse título vai, definitivamente, para as dungeons.

Quem já jogou pelo menos um jogo da série Zelda na vida sabe que uma bela parte da sua aventura se passa dentro dos templos e calabouços espalhados pelo mundo do jogo. Skyward Sword não foge a essa regra, mas brinca com ela de uma maneira interessante. Até então, os jogos da série Zelda possuíam uma delimitação bem clara entre o overworld (o mundo pelo qual você se aventura) e as dungeons (templos/calabouços). Era fácil, e até bem óbvio, definir quando você estava no overworld ou numa dungeon. Skyward Sword deixou essa linha delimitadora um tanto mais borrada, tornando a transição entre o mundo e o calabouço mais bem mais sútil. Numa hora, você está num barco perseguindo um navio pirata num mar de areia (literalmente). Pouco depois, você consegue parar o tal navio e adentrar no mesmo, e lá começar a sua busca pelo tesouro escondido. Você dificilmente perceberá na hora, mas nesse meio tempo, você saiu do overworld e adentrou numa dungeon. Parece apenas uma pequena sutileza, mas é nesse momento que Skyward Sword brinca com um elemento já tradicional da série, fazendo com que ele pareça algo novo, mas sem perder sua identidade.

Poucas coisas (em Zelda) são mais legais que perseguir um navio pirata invisível.



Infelizmente, há alguns momentos em que essa transição entre mundo e calabouço se torna óbvia, e até mesmo repetitiva. Não são poucas as vezes em que personagem X te manda ir atrás de item Y para chegar ao local Z. Alguns momentos conseguem mascarar esse problema de maneira melhor que outros, mas ainda assim, essa repetição acaba diminuindo o brilho de Skyward Sword.

Mesmo assim, ainda há outros caminhos bem interessantes entre uma dungeon e outra em Skyward Sword. Apesar de se ofuscar um pouco pela repetição, as provações no Silent Realm ("Reino do Silêncio") te jogam em uma posição (ui!) poucas vezes exploradas em jogos como Zelda. Nesses testes, você tem que coletar pequenas sementes de luz espalhadas pelo mapa. O grande porém é que você tem um tempo bastante limitado, e apenas essas sementes podem recarrega-lo. Caso o tempo acabe, você será caçado freneticamente pelos guardiões espalhados pelo mapa, e se eles te pegarem, você vai ter que começar tudo do começo. Sim, é bem revoltante (falando por experiência própria), mas é uma inversão interessante e desafiadora.

Porém, não são só os "intervalos" entre dungeons que fazem a sua festa em Skyward Sword. Os templos e calabouços em si são ainda melhores. Ouso dizer, inclusive, que Skyward Sword possui algumas das melhores dungeons em toda a série Zelda. Todas possuem pequenas peculiaridades que brincam e/ou apresentam mecânicas de maneiras bastante divertidas. Você irá fazer salas avançarem e voltarem no tempo para resolver quebra-cabeças; fugir de zumbis escalando uma corda; lutar contar um capitão pirata morto-vivo enquanto caminha na prancha; fugir de um navio naufragando enquanto desvia de tentáculos assassinos; correr de uma pedra no melhor estilo Indiana Jones... São pequenos toques como esses que me fazem querer jogar todas essas dungeons de novo e de novo.

E no final de cada um desses templos, como não podia deixar de ser, há chefes. Sinceramente, devo dizer que nem todos os chefes de Skyward Sword fazem juz as suas respectivas dungeons. Alguns são o suprassumo da aventura, como o "Autômato Ancião" Koloktos, mas outros são simplesmente "ok", como Moldarach, o "Aracnídeo Milenar". E infelizmente, os chefes de Skyward Sword também não escapam do problema da repetição. Alguns chefes você enfrentará mais de uma vez, e para a sua não-felicidade, isso não é algo bom. Neste exato momento, eu estou prestes a lutar contra o boss Imprisoned pela segunda vez (de um total de 3 batalhas), e realmente espero que alguém em salve de meu destino cruel, pois a primeira luta foi irritante, e eu nem quero saber como será essa, muito menos a próxima.

Ugh... minha paciência se esvai só de pensar que vou enfrentar isso (de novo) da próxima vez que ligar o Wii...



Meu Deus... Acho que falei muito mais uma vez, pra variar...

Mas em suma, esta é a minha História de Amor e Ódio com The Legend of Zelda: Skyward Sword. Infelizmente, depois de mais de 30 horas de jogo, eu realmente não consigo compactuar com aqueles que dizem que este é o melhor jogo da série, porém, o contrário é válido. Eu realmente consigo entender porque muita gente odeia Skyward Sword — eu mesmo também faço parte dessas estatísticas —, mas ainda assim, eu não consigo odiar Skyward Sword por inteiro. Para cada coisa que me faz odiar este fatídico jogo, há algo equivalente que me faz ama-lo. Neste exato momento, eu ainda não terminei o jogo por completo, e sinceramente, eu realmente não sei se estou animado o bastante para termina-lo. Eu sinto como se todas as coisas que eu amo já tenham passado, e apenas aquelas que odeiam me esperam à frente, e eu realmente não estou afim de gastar meu precioso tempinho com essas coisas. Ainda há muitos jogos na biblioteca do Wii que eu pretendo experimentar, e se tem uma coisa que eu aprendi em todos esses poucos anos de games (e de vida, pois ainda sou novinho) é que não devemos deixar que uma experiência que não te satisfaz mais fique no caminho de outras novas, que podem te fazer tão feliz quanto ou até mais feliz que a anterior.

No mais, acho que continuarei dando uma chance à Skyward Sword, muito mais por respeito a todos os momentos legais que o game me ofereceu que por pura vontade de seguir em frente. Caso isso não funcione, Xenoblade Chronicles está me esperando, e eu realmente estou curioso para experimenta-lo.

E no final de tudo, eu continuo odiando Skyward Sword. Mas também continuo amando-o. E odiando-o.

E este é o fim deste post — que mais pareceu uma novela mexicana —, meus caríssimos desocupados. Agora, cheguem mais! Eu quero saber de vocês, amigos: vocês amam ou odeiam Skyward Sword? Ou, assim como eu, estão em uma relação "morde e assopra" com o game? Sintam-se livres para expressar a opinião de vocês aqui em baixo, nos comentários!

E no mais, isso é tudo. Um abraço, e até a próxima!

Por Breno Barbosa

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