domingo, 3 de agosto de 2014

Se não viu, veja! - Guardiões da Galáxia (2014)

Um Ladrão, Dois Criminosos, Uma Assassina e Um Maníaco.




Fala, galerinha desocupada, tudo tranquilo com vocês? Ah, aproveitando que o post ainda não começou de verdade, em uma de minhas viagens por aí, eu acabei encontrando uma coleção de anéis mágicos, 10, no total. Eu não encontrei muita serventia pra eles aqui em casa, então algum de vocês tem interesse me compra-los? Faço um ótimo preço!

Enfim, venda e troca de artefatos místicos a parte, hoje é dia de mais um post bacanudo, senhoras e senhores. É claro, dá pra notar facilmente que o post de hoje se trata de uma recomendação, mais especificamente de um Filme, mas pra que caiu de paraquedas neste cantinho escuro da internet — primeiramente, seja bem-vindo(a) —, nós também falamos um pouco sobre Games, Livros, Séries e Quadrinhos, além de animarmos Festas de 15 Anos, Casamentos, Velórios, Entrevistas de Emprego e Comícios Políticos.

Esta semana, como não poderia ser diferente, trago à vocês aquela que talvez seja não só a principal estreia desta semana, mas a principal estreia de todo este singelo mês de Agosto (já que Julho já foi pro saco). Sim, meus caros, estou me referindo a Guardiões da Galáxia (Guardians of The Galaxy, no original), o último filme da Fase 2 do Universo Cinematográfico da Marvel Studios antes do tão aguardado Os Vingadores: A Era de Ultron, que fechará — com chave de ouro, se Deus quiser — esta segunda rodada de longas do estúdio. Guardiões da Galáxia está sob o comando do diretor James Gunn, e estreou em terras brasileiras nesta quinta-feira do dia 31 de Julho, em cópias 2D e IMAX 3D, dubladas e legendadas.

Há não muito tempo atrás, em um galáxia nem um pouco distante, um garoto terráqueo foi abduzido por um grupo de foras da lei intergaláticos, e nunca mais ouviu-se falar dele em seu planeta natal. 20 e poucos anos depois, essa criança veio a se tornar Peter Jason Quill. Quê? Você não conhece ele? Bem, talvez não por esse nome, mas será que o nome Senhor das Estrelas te faz lembrar alguma coisa? Também não? Ok, então, deixa pra lá. Enfim, continuando, em uma de suas diversas expedições espaço afora, Peter acaba se deparando com uma misteriosa Orbe cuja a função é desconhecida, mas que o preço é quase inestimável. Acontece que, por um inconveniente acaso, essa Orbe também está sendo caçada por Ronan, O Acusador, um maníaco super-poderoso do Império Kree que vem aterrorizando a galáxia com seu senso deturpado de justiça. Fugas pra lá, tiroteios pra cá, Peter Quill acaba sendo capturado e jogado em uma prisão de segurança máxima no meio do espaço. Lá, Peter se alia a Rocket, um guaxinim geneticamente modificado; Groot, uma árvore consciente; Gamora, uma assassina cujo passado é um mistério; e Drax, um poderoso guerreiro em busca de vingança; com o objetivo de escapar da prisão, vender a Orbe e livrar seus rabos da ira de Ronan, não necessariamente nessa ordem. Será que esse grupo no mínimo inusitado vai conseguir fazer tudo isso dar certo? Tudo indica que não...


Desde que foi anunciado oficialmente na San Diego Comic-Con de 2012, todos nós, fãs do Universo Marvel cinematográfico, nos perguntamos: Quem diabos são esses Guardiões da Galáxia, e como eles vão se encaixar nesse universo em seu estado atual? A primeira resposta permanece um mistério até hoje. Poucos conhecem os Guardiões da Galáxia das HQs, e não é a toa, já que o panteão de heróis cósmicos da Casa das Ideias e toda a sua mitologia são bem mais difíceis de se adentrar do que o mundo dos heróis com os quais estamos acostumados. A segunda resposta pode ser respondida por Thor e Thor: O Mundo Sombrio, que introduzem não só a magia àquele Universo, mas também o conceito de outros mundos cosmos afora, mas tudo isso nos leva à um novo questionamento: como Guardiões da Galáxia conectaria-se com os outros filmes da Marvel Studios, mais especificamente com os filmes da Fase 2, que onde o longa dirigido por James Gunn toma lugar? E outra coisa: com Ultron sendo oficialmente o vilão do próximo Vingadores, não faria muito mais sentido trazer o Homem-Formiga — criador do Ultron, na mitologia dos quadrinhos — para a Fase 2 e chutar os Guardiões para a Fase 3, onde eles poderiam ter alguma relação com Thanos ou algo que o valha? Bem, mesmo com todas essas duvidas, Guardiões da Galáxia acabou de estrear nos cinemas, e particularmente, depois de te-lo assistido, minha resposta pessoal pára todas essas perguntas é: quem se importa? Só tenho a agradecer à Marvel Studios por nos agraciado com Guardiões da Galáxia, e por tê-lo colocado exatamente aqui, no finzinho da Fase 2. Por que? É o que eu pretendo desenvolver nas próximas linhas, meus caros desocupados.

Primeiramente, acima de qualquer outra coisa, Guardiões da Galáxia é diferente de tudo que a Marvel Studios vinha nos oferecendo até então; uma quebra na fórmula Marvel de fazer filmes, mas ainda mantendo aquela identidade que aprendemos a gostar lá em 2008, com o primeiro Homem de Ferro.

O primeiro ponto onde podemos notar essa diferença é no visual do filme. Tudo é tão estranho, tão novo — os personagens principais, as diferentes raças de aliens que os circundam e não só a aparência, mas também a mitologia e a cultura de cada uma delas —, que é impossível não ficar curioso pra saber mais sobre cada uma delas. Guardiões da Galáxia poderia ter uma abordagem mais intimista nesse quesito, focando somente nos protagonistas para poupar alguns trocados do orçamento e ganhar alguns minutinhos a mais de tela, mas o diretor James Gunn não se mostra nem um pouco tímido em mostrar diversos planetas e civilizações diferentes, e ao lado deles elementos como arquitetura (no caso dos cenários), anatomia e costumes (no caso dos personagens). Ah, e não podemos nos esquecer dos veículos, afinal estamos no espaço, e não dá pra viajar — e batalhar — por ele sem uma boa nave; e estes também são um verdadeiro deleite visual em Guardiões da Galáxia. Cada veículo respeita muito bem a identidade de seus respectivos proprietários. E não há exemplo melhor a se citar se não a Milano, a fiel nave de Peter Quill. Assim como seu dono, a Milano é bem apessoada e cheia de personalidade por fora, mas nostálgica e bastante bagunçada por dentro. Todos esses elementos contam pontos para a Direção de Arte do filme, que fez um excelente trabalho criando e povoando todos esses mundos — os quais a direção, o elenco principal e todo o resto da equipe de produção fizeram parecer vivos críveis aos olhos dos espectadores.

Estas são as viagens da Milano, audaciosamente indo onde alguns homens já estiveram, um dia.


À primeira vista, Guardiões da Galáxia parece ser mais um daqueles filmes que usam e abusam dos efeitos digitais, e ele realmente o é, mas também há um considerável bocado de efeitos práticos, o que é algo bastante louvável para um filme desse gênero hoje em dia. Muitas das cenas que poderiam facilmente tomar lugar em um grande estúdio de tela verde foram realmente gravadas em cenários construídos à mão. Claro, ainda há muitas cenas filmadas em tela verde, e até sequências inteiras criadas em CGI, mas ainda assim, é de se admirar que um filme desse porte — que certamente conta com um orçamente generoso — tenha a atenção de fazer com que o espectador se sinta imerso naquele universo através de um pouco menos de tecnologia avançada e um pouco mais de materiais de verdade. O mesmo pode ser dito da maquiagem, que também é bastante usada aqui em Guardiões da Galáxia. Assim como os cenários, alguns alienígenas podiam ser facilmente criados via computação gráfica — e alguns deles até são, como Rocket e Groot, por exemplo, dois dos protagonistas do filme —, mas a equipe resolveu deixar os PCs um pouquinho de lado e recorrer a boa e velha maquiagem, e nós, espectadores desocupados, só temos a agradecer por isso. Mas não me entenda mal, caro desocupado, por mais que eu esteja traçando uma linha divisória entre "real" e "digital", os dois são igualmente dignos de aplausos, e casam incrivelmente bem durante o filme, fazendo com que nos perguntemos o que é "de verdade" e o que "não é".

E como manda o figurino de todo e qualquer filme da Marvel Studios, não poderiam faltar doses e mais doses de ação e comédia, e nesse quesito, Guardiões da Galáxia honra fortemente a fórmula de seu estúdio. Mais do que em qualquer outro filme da Casa das Ideias, Guardiões da Galáxia consegue mesclar tão bem a ação à comédia — e vice-versa — que é quase impossível separar um do outro. Além de empolgantes, as cenas de ação são divertidas e extremamente engraçadas, usando um humor ao mesmo tempo único — próprio, característico do diretor — e familiar — lembrando o humor visto nos filmes anteriores da Marvel Studios. Os estilos e as personalidades tão distintas de cada personagem faz com que cada um deles nos empolgue de uma maneira diferente em suas respectivas cenas. Rocket, com seu estilo mais afoito e sem noção; Gamora, que prima por golpes certeiros e fatais; Peter Quill, cujo a astúcia e a esperteza são as principais armas; cada um deles se destaca de uma maneira diferente por conta própria, mas é quando estão juntos, como um time, que brilham e empolgam pra valer.

Pernas Protéticas: indispensáveis para fugas de prisões desde 2014.


Falando em time — e aproveitando para seguir para o próximo tópico —, o roteiro de Guardiões da Galáxia foi construído totalmente em cima da dinâmica dos protagonistas como um grupo. Nesse ponto, Guardiões da Galáxia chega a ser até superior que a adaptação da principal super-equipe da Marvel, Os Vingadores. Por quê? Pode deixar que eu explico, é bem simples: em Os Vingadores foi necessária toda uma preparação prévia para cada um dos personagens. Cada um teve seu filme solo, com suas respectivas bagagens emocional e desenvolvimento como personagem, direcionando cada um deles para um grande ponto de convergência chamado Os Vingadores. Com isso, não foi necessário reapresentar todos aqueles personagens dentro do filme, afinal, cada um deles já teve seu próprio longa para isso. Mas junto disso, também vem uma pergunta: será que é realmente necessário que cada membro de uma super-equipe tenha sua própria história solo para que uma suposta adaptação dessa suposta super-equipe funcione bem? Guardiões da Galáxia responde esse questionamento com um grandessíssimo "NÃO". Mesmo sem um desenvolvimento prévio, todos os membros do grupo — Peter, Gamora, Drax, Rocket e Groot — são muito bem apresentados e muito bem desenvolvidos durante o filme, tanto individualmente quanto como um grupo — este último principalmente, diga-se de passagem. É muito divertido e muito emocionante ver esses personagens interagindo entre si, criando ou fortalecendo laços uns com os outros. Isso sem contar que são notáveis o carinho e a atenção por parte da direção de James Gunn. Esses pequenos detalhes fazem com que o super-grupo de criminosos espaciais de Gunn consiga superar — em um único filme — o famoso super-grupo de Joss Whedon.

E falando em roteiro e em James Gunn, o diretor — que, ao lado de Nicole Perlman, também foi responsável pelo roteiro do filme — consegue fazer com que seu longa funcione para praticamente todos os públicos. Não importa se você quer ver ação, comédia ou drama, ou se você é ou não um profundo conhecedor dos quadrinhos da Casa das Ideias; Guardiões da Galáxia vai funcionar muito bem para você. O roteiro de Gunn e Perlman é até bastante simples, fácil de se acompanhar e interessante de se imergir, mas também está repleto de tiradas inteligentes e divertidas do começo ao fim. O mais interessante de tudo é que, por mais que o filme seja repleto de piadinhas, elas não acabam interferindo nos outros núcleos da trama, pelo contrário, eles acabam mesclando-se tão bem que parecem ser uma coisa só.

"Que cheiro é esse? Foi você, Drax?"


Outro grande feito do diretor foi ter conseguido espaço para utilizar — e utilizar bem — todos os personagens apresentados ao longo da trama. Claro, o foco está nos Guardiões, mas todos os personagens secundários que os circundam, aliados ou vilões, não estão lá a toa, e todos ganham uma participação em determinado momento. Algumas podem parecer menores que as outras, mas todas são igualmente relevantes, e o mais importante: todas elas são coerentes dentro do enredo.

Porém, nenhum desses personagens estaria em tela se não fosse pelos atores que os interpretam, não é mesmo? E em Guardiões da Galáxia todos eles fazem um ótimo trabalho, até mesmo os que nem estavam nos sets durante as filmagens. Dentre os protagonistas, não há como não destacar Chris Pratt, responsável por dar vida ao Senhor das Estrelas, Peter Quill. Desde o Tony Stark de Robert Downey Jr., nunca nenhum outro personagem das adaptações da Marvel Studios teve tanta personalidade e carisma quanto o Peter Quill de Chris Pratt. O ator mostra à que vem com seu personagem logo na abertura do filme, e é impossível não gostar dele logo de cara. Mas nem só de Peter Quill vivem os Guardiões. Zoe Saldana e Dave Bautista também estão muito bem nos papéis de Gamora e Drax, respectivamente, mas são Bradley Cooper e Vin Diesel que roubam a cena com a dupla Rocket e Groot. o Peter Quill de Chirs Pratt pode esbanjar personalidade, mas o Rocket de Bradley Cooper não fica nem um pouco atrás, mesmo não estando no set de filmagem para contracenar com seus colegas de grupo. O guaxinim de trabuco consegue ser ácido e inescrupuloso ao mesmo tempo em que é fofinho e adorável. Uma mistura inusitada, mas que com certeza vai te conquistar durante o filme. Ao lado de Rocket temos seu fiel e amável parceiro Groot, cujas as únicas palavras que saem de sua boca são "Eu sou Groot". Mesmo através de apenas três palavras, James Gunn e Vin Diesel conseguiram desenvolver uma personalidade para o personagem e fazer com que nós, espectadores, a compreendêssemos claramente ao longo do filme. E como eu disse anteriormente, todas essas performances acentuam-se ainda mais quando postas cara a cara uma com a outra, como um grupo.

"Agora, na passarela, podemos observar os Guardiões da Galáxia com um look focado no vermelho, SUPER-TENDÊNCIA nesse Verão!"


E como se eu já não tivesse soltado elogios o bastante, a trilha sonora de Guardiões da Galáxia também é espetacular. Ouso dizer que é a melhor trilha sonora de um filme produzido pela Marvel Studios até este exato momento, superando até as aclamadas trilhas de Homem de Ferro (tanto do primeiro quanto do segundo filme) e Os Vingadores. E isso se deve não só ao excelente gosto das faixas escolhidas para compor a trilha do filme. Ao longo dele — e isso não é nenhum spoiler, já que pode ser visto em alguns dos trailers —, a trilha sonora é reproduzida através do walkman de Peter Quill, mais especificamente por sua fita favorita, batizada de "Awesome Mix Vol. 1" ("Mix Maneiro Vol. 1", em uma tradução livre). Nela estão gravados grandes hits dos anos 80, como Hooked On a Feeling, Spirit In The Sky e Cherry Bomb. Além de casarem perfeitamente com o estilo do filme, essas musicas também traduzem a personalidade e os sentimentos de Peter, tendo um papel importante no arco dramático do personagem. É a primeira vez, em um filme da Marvel Studios, que a música tem um papel tão importante, podendo até ser considerada com um personagem a parte, responsável pelo desenvolvimento dos outros personagens ao seu redor.

E para ilustrar um pouco as minhas palavras, deixo com vocês a minha faixa favorita, Cherry Bomb, da banda The Runaways. Escutem aí:


Acho já falei demais, não e? Sim sim, falei até mais do que o que deveria, e o post acabou ficando enorme, maior do que o esperado. Mas enfim, agora é a hora daquela boa e velha nota de todo santo post, não é mesmo?

E aí está ela -> 10 / 10

Guardiões da Galáxia é a pausa que precisávamos nesse finzinho da Fase 2 do Universo Marvel nos cinemas, uma quebra mais que bem-vinda em toda essa grande neura de filmes que têm que, obrigatoriamente, se conectar para formar um pedaço maior no final. Guardiões da Galáxia dá um tempo nessa fórmula e nos apresenta algo diferente, único e cheio de personalidade, estrelando um grupo que consegue ser mais carismático e melhor desenvolvido que o "time de elite" da Casa das Ideias, Os Vingadores.

"Entonce", se o seu plano é curtir um cineminha qualquer dia desses, não hesite em fazer de Guardiões da Galáxia a sua escolha. Esta não é só a melhor estreia da semana, é também um dos melhores filmes já feitos pela Marvel Studios até então, perdendo apenas, em minha humilde opinião, para o excelentíssimo Capitão América 2: O Soldado Invernal.

Bem, galerinha, isso é tudo.

No mais, fiquem com essa raríssima imagem de um dos testes do Rokect para o filme.


Um abraço pr'ocês e até a próxima!

Por Breno Barbosa

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