domingo, 29 de novembro de 2015

Se não viu, veja! - Jessica Jones (1ª Temporada)

Não banque a heroína, Jessica...
Tipo, sérião mesmo, não banca.




Salve salve, galerinha desocupada, tudo beleza com vocês?

Mais um domingo chega, e com ele, mais um post direto do nosso forninho desocupado — que, a propósito, não cai. Entendedores entenderão. Sobre o que iremos falar? Nem sempre sabemos. Pode ser sobre Games, ou sobre Cinema, ou sobre Livros, ou Séries, ou HQs. Ou poderíamos até mesmo falar sobre tudo isso de uma vez só, ou falarmos sobre um assunto totalmente diferente! O importante é que o domingo chegou, e nós chegamos também!

Hoje, falaremos um pouco sobre o mais novo bebê nascido do casamento entre Marvel Studios e Netflix, Jessica Jones. A série estreou neste dia 20 de Novembro — ou seja, já se encontra disponível em sua totalidade nas prateleiras da Netflix —, e é a segunda das 4 peças que formarão Os Defensores, ao lado da recente Demolidor e das vindouras Luke Cage e Punho de Ferro.

Diferente do que já vimos até agora no Universo Cinematográfico Marvel, a vida de herói não dá certo pra todo mundo. Foi o que aconteceu com Jessica Jones. Teria sido por causa seu temperamento explosivo? Sua língua afiada, ou sua personalidade intimidadora? Difícil dizer, mas uma coisa é certa: esse negócio não é pra ela. Mas as contas não se pagam sozinhas, então Jessica resolve ganhar a vida como Investigadora Particular — profissão que exerce muito bem, diga-se de passagem. Em um de seus casos rotineiros, porém, Jessica acaba esbarrando em uma figura-chave de seu passado, que lhe coloca em um incômodo dilema: enfrentar seus antigos demônios ou continuar fugindo deles.


Talvez o melhor de jeito de começar a falar sobre Jessica Jones é deixando algo bem claro: Jessica Jones NÃO é uma série de super-herói. Na verdade, esta não é uma série de nenhum tipo de herói — super, herói urbano, anti-herói... Ok, talvez um pouquinho deste último, mas de maneira geral, Jessica Jones não é uma série de herói, ou heroína, no caso. É verdade que a logo da Marvel em todo o material promocional da série nos faz pensar o contrário, mas como eu já disse, não é o caso em Jessica Jones.

E antes que você feche esta aba do navegador e tire a série da sua playlist do Netflix, o fato de não ser uma série de herói é talvez a maior qualidade de Jessica Jones — mas também acaba sendo parcialmente responsável por alguns de seus defeitos.

Te deixei curioso, não é, seu desocupado? Eu sei que deixei! Por isso, falemos um pouco mais sobre as qualidades e os podres de Jessica Jones. Mas só depois desta pequena quebra!


Como eu disse agora há pouco, Jessica Jones definitivamente não é uma série de herói — e eu digo isso de uma maneira boa. No que diz respeito a séries de TV, Demolidor foi uma boa quebra no Universo Marvel até aquele dado momento, migrando um pouco do ramo dos super-heróis para os heróis urbanos. Sim, o escopo da coisa foi consideravelmente diminuído, mas ainda assim, ainda estávamos falando de heróis. Com Jessica Jones, a Marvel resolveu ir ainda mais fundo nessa quebra, migrando das pancadarias e da ação para o drama psicológico e a investigação noir, mas sem deixar de lado os super-poderes. E é aí que encontramos um dos problemas de Jessica Jones.

Já em seus primeiros episódios, a série faz questão de estabelecer que o foco da vez não é um bem-feitor em uma cruzada contra o crime, mas sim um personagem de moralidade dúbia enfrentando um drama pessoal, através de conflitos muito mais psicológicos que físicos.

E a série realmente cumpre a promessa de sua premissa, pelo menos na maior parte do tempo. Em algumas horas, Jessica Jones insiste em querer ser o que não é: uma série de herói. Da maneira como a história se constrói e trama vai seguindo em frente, a ausência de cenas de ação ou de lutas vai fazendo cada vez menos falta. Aliás, eu sou capaz de afirmar que esses elementos não fazem falta alguma desde o começo. Mas ainda assim, nossa querida Marvel Studios resolve insistir no "heroísmo", enfiando lutas e sequências de ação aqui e acolá.

Claro, um pouco de ação não faz mal a ninguém — eu mesmo sou um grande fã de longas porradarias e perseguições alucinantes —, mas ação não só parece deslocada em Jessica Jones, ela também é extremamente mal produzida. As lutas parecem não ter uma gota sequer de coreografia, e os efeitos especiais usados para representar os poderes de Jessica são dignos de novelas da Globo.

Ver essas cenas me fez perguntar à mim mesmo: Essa é a mesma Marvel Studios responsável por Demolidor? Por um lado — o lado da história e do drama —, eu queria que não, mas por outro — o lado da ação —, eu realmente esperava que fosse.


Felizmente, o que Jessica Jones tem de ruim na ação, ela tem de bom na história.

A série apresenta um conceito "sujo", onde todos os personagens são, de alguma maneira, "quebrados", defeituosos, de modo que se torna difícil categoriza-los entre mocinhos e vilões. Jessica Jones explora muito bem as "falhas" no caráter de seus personagens, tornando-os não só mais críveis, mas também mais fáceis de se relacionar.

De longe, o melhor exemplo disso é a própria protagonista, Jessica Jones. É bastante fácil se relacionar com ela. Já no primeiro episódio, ela conquista não só pelo seu jeito de durona, sua esperteza e seu estoque quase infinito de sarcasmo, mas também pelos seus dramas, pelos seus traumas e dilemas. É realmente interessante e intrigante acompanhar sua evolução conturbada durante a série.

Infelizmente, o mesmo não se pode dizer do resto do elenco. 

Os personagens secundários são legais por um tempo, mas começam a cansar depois de alguns episódios. Do ponto de vista da narrativa, eles partem de lugar nenhum rumo a nenhum lugar, sem nenhuma evolução relevante para a trama. Da metade pro final da série, inclusive, eles acabam funcionando muito mais como desculpas para gerar conflitos para os episódios seguintes que como qualquer outra coisa. Depois de alguns episódios, eu realmente comecei a acreditar que, se não fosse por determinados personagens, a série teria durado, mais ou menos, uns 6 ou 7 episódios.


Isso me faz chegar no vilão da série, Kilgrave — ou, como é conhecido nos quadrinhos, o Homem-Púrpura. Definitivamente, não é o melhor nome para um super-vilão, e se você procurar por ele no Google Imagens, a situação só piora. Boa decisão por parte da Marvel Studios em manter apenas os poderes e parte do nome do vilão na série. Eu realmente não sei se conseguiria levar a sério um homem de pele roxa...

Mas enfim, não divaguemos do assunto! No começo da série, é fácil ser arrematado pelo jeito afetado e pela mentalidade doentia do vilão. A escala de seus poderes e o efeito deles nas pessoas que cruzam seu caminho são temas discutidos pelos personagens durante a série inteira, e com bastante temor, diga-se de passagem. Isso ajuda a construir não só uma aura ameaçadora ao redor do personagem, mas também o torna mais desprezível e repugnante a cada episódio. E isso é bom, mostra que ele é um personagem bem construído — talvez até um dos melhores vilões no histórico da Marvel Studios.

Porém, assim como seus poderes dentro da série, esse efeito vai ficando mais fraco com o tempo. É realmente empolgante vê-lo em confronto com Jessica nas primeiras duas ou três vezes, mas depois da quinta ou da sexta, se torna cansativo e repetitivo, de um modo que toda aquela aura de perigo e repugnância ao redor do personagem vá se esvaindo a cada novo conflito. Ao final da série, eu simplesmente não conseguia mais me importar com o vilão. Pra mim, ele havia deixado de ser uma ameaça, e se um vilão chega a esse ponto, ele está praticamente morto.


Bem, galerinha, acho que isso é tudo que eu tinha pra falar. Hora daquela boa e velha nota de sempre, não é?

E aí vai -> 8.0 / 10

Jessica Jones é uma ótima quebra do universo super-heroico da Marvel Studios — apesar da insistência da mesma de querer manter a série dentro do padrão de seu Universo Cinematográfico. O seriado trabalha muito bem seus personagens, explorando suas falhas e pondo seus caráteres a prova a cada novo episódio — principalmente quando eles se vêem cara a cara com o vilão. Porém, do meio para o final da série, alguns desses personagens parecem estar lá apenas para fazer com que a história se estenda por mais um ou dois capítulos, até que a cota de 13 Episódios da Netflix seja atingida.

Se você está no sofá, com o Netflix na TV, o controle remoto numa mão e a indecisão na outra, não tenha dúvida: procure por Jessica Jones e desligue-se do mundo pelas próximas 13 horas — não antes de dar uma conferida em Demolidor, é claro.

Por hoje é só, pequenos desocupados!

Um abraço, e até mais!

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