domingo, 1 de novembro de 2015

Se não viu, veja! - Steamboy (2004)


Não confundir com o portátil do Gabe Newell.




Salve salve, galerinha desocupada, tudo em paz com vocês?


Vocês sabem que dia é hoje, criançada? Não? Como não?! É dia de post novo no Desocupado, oras! Vocês sabem muito bem que todo Domingo é dia de ligar o PC, conectar-se a Rede Mundial de Computadores (também conhecida como Internet) e conferir um post novinho em folha e super-bacanudo no Desocupado. Sobre o que será? É sempre uma surpresa (até pra quem está escrevendo), mas sempre será relacionado a Games, Livros, Séries, Quadrinhos ou Filmes. Todos já estão aqui? Ótimo, então vamos lá!

Já faz um bom tempo que eu não falo de Cinema por aqui, não é? Hora de dar um fim nesse regime! Para isso, voltaremos 11 anos (e alguns) meses no tempo para falar de uma animação não tão conhecida, mas que com certeza merece a sua atenção. Pra quem não sacou ainda pelo título ou pela capa do post, estou falando de Steamboy, longa animado de Julho de 2004, dirigido por Katsuhiro Otomo — o mesmo do aclamadíssimo Akira.

1863. A Industria é dominada pelo vapor, baseando todas as suas criações neste tipo de tecnologia. Em um fatídico dia, os cientistas Lloyd e Edward Steam conseguiram criar uma esfera que, com a ajuda de uma raríssima substância, seria capaz de gerar grandes quantidades de energia. Tomando conhecimento das possibilidades revolucionarias da esfera, um misterioso grupo tenta rouba-la a qualquer custo. Agora, cabe a Ray, o filho mais novo da família Steam, impedir que a esfera de seus antecessores caia em mãos erradas.


Acho que existe alguma coisa com o ano de 2004 (especificamente) e as animações japonesas. Por algum motivo — bruxaria, ocultismo, capirotagem —, alguns dos longas animados produzidos naquela época — geralmente, os mais influentes — permanecem praticamente intactos até os dias de hoje, mostrando pouquíssimos — ou até mesmo nenhum sinal de envelhecimento aparente, principalmente se forem "adaptados" para as grandes resoluções dos dias de hoje. Ah, você quer exemplos? Tudo bem, eu te dou alguns. Vamos lá: O Castelo Animado, Naruto: O Confronto Ninja no País da Neve (acredite ou não), Os Cavaleiros do Zodíaco: Prólogo do Céu, Ghost in The Shell 2: Innocence e, é claro, o filme aqui em questão, Steamboy.

Todos os filmes citados continuam muito bonitos, principalmente aqueles que foram relançados em Blu-Ray, mas acho que nenhum continua tão bonito quanto Steamboy. Quem assistiu Akira sabe que Katsuhiro Otomo gosta de fluidez, polidez e riqueza de detalhes em seus trabalhos, mas em Steamboy, parece que toda essa competência acabou se tornando uma obsessão. Mas uma obsessão boa — se é que isso existe. Nos cenários, não há um só objeto ou textura feito às pressas, de qualquer jeito. É possível notar cada livro nas estantes, cada engrenagem nas máquinas complexas e megalomaníacas, cada janela de cada prédio que compõe o cenário. Bem que eu gostaria de estar exagerando, mas vá por mim, eu não estou. Não é a toa que, durante a concepção do longa, foram produzidas mais de 180 mil ilustrações e mais de 400 peças de Computação Gráfica. Nenhuma destas parece ter envelhecido um segundo sequer. Claro, o relançamento em Blu-Ray deve ter contribuído com isso, mas apenas em fatores como resolução e cor. Toda a "essência" do filme continua intacta.

Além da riqueza de detalhes, Steamboy também conta com animações bem fluidas e convincentes. Não são poupados quadros para fazer com que os movimentos e expressões dos personagens pareçam mais próximos da realidade. Claro, há alguns exageros no que se refere a expressões, e em alguns momentos, a velocidade dos movimentos parece um tanto duvidosa, mas são momentos praticamente irrelevantes perto da qualidade geral do filme.


Por mais que eu não curta muito fazer comparações, foi difícil pra mim assistir Steamboy sem pensar em Akira, a última grande obra (não exatamente a única, vale citar) de Katsuhiro Otomo até então. Por mais vezes que assista, eu nunca consegui gostar de Akira. Isso acabou me deixando com um pé atrás na hora de assistir Steamboy, mas felizmente, meus medos viraram fumaça. Ha! Gostaram desse trocadilho? Fumaça? Vapor? "STEAM" boy? Ok, já chega. Voltando ao que interessa, Steamboy acabou tornando-se, para mim, tudo o que Akira não foi, em todos os sentidos possíveis.

Não preciso citar os fatores visuais — afinal, já falamos deles agora há pouco, mas no que diz respeito a roteiro, Steamboy conseguiu me capturar de um jeito que Akira nunca conseguiu (e talvez nunca conseguirá). "Como", você pergunta? Da maneira mais simples — e improvável — possível: com um roteiro leve, descompromissado e fácil de se entender. Até hoje, eu não dizer exatamente do que se trata Akira, mas Steamboy? Fácil! Steamboy é um garoto que gosta de máquinas vivendo uma aventura. Só isso. Só isso é o suficiente pra que, duas horinhas depois, você levante do sofá com um sorrisinho de satisfação no rosto.

Apesar da leveza e do fácil entendimento, Steamboy conta com uns probleminhas de ritmo aqui e ali. Em alguns momentos, o filme parece um tanto arrastado, demorando mais que o necessário para resolver conflitos aparentemente simples. Em outros, ele volta atrás em suas conclusões para alguns minutos a mais de ação ou diálogo. É como se estivéssemos em O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei novamente. Quando achamos que o filme finalmente vai terminar, ele dá uma guinada e te puxa pra mais. Não é exatamente algo ruim — já que, em ambos os casos, a história é legal — mas é sempre bom saber a hora de dar tchau.


Outro ponto fraco do filme são seus personagens. Fora Ray, o protagonista, nenhum dos outros personagens da história é apresentado de uma maneira interessante, além de não serem exatamente bem definidos em suas motivações. Ninguém sabe o que quer em Steamboy! Quem é bonzinho acaba querendo fazer maldades, quem é do mal acaba dando uma de bonzinho... Eu entendo que, dentro da mensagem que o filme quer passar, essas mudanças servem pra mostrar que nem todo mundo é o que parece, ou que é totalmente bom ou mau; mas o problema é que, na maioria das vezes, essas mudanças são bruscas e repentinas, sem muitos sinais ou pistas prévios.

No que diz respeito a Trilha Sonora, Steamboy também dá um belo show. As musicas são animadas e empolgantes, numa pegada bem aventuresca, que, particularmente, me fez lembrar um pouco dos filmes do aclamadíssimo Steven Spielberg — sob a batuta de John Williams, é claro. O filme faz questão de fazer alguns "minutinhos de silêncio" pra que você possa apreciar as musicas, portanto a trilha sonora dificilmente passará despercebida. A minha favorita, definitivamente, é o tema do herói do filme, Ray Steam, que também se encontra presente nos créditos do filme. Inclusive, vale muito a pena ficar até o finalzinho dos créditos. Não quero dar spoilers, mas digamos que as aventuras de Ray não terminam quando os créditos começam a subir. Enfim, escutem só:


Hum... é, acho que já falei tudo o que tinha pra falar sobre Steamboy. Agora é hora daquela boa e velha nota marota de cada santo post!

E aí está ela -> 8.0 / 10

Steamboy é uma aventura leve, descompromissada e divertida, com um visual lindíssimo, que não envelheceu um segundo sequer desde 2004, e uma trilha sonora animada e bem empolgante. Fora alguns problemas de ritmo e personagens mal-estabelecidos, Steamboy é uma excelente escolha para aqueles que curtem não só animações japonesas, mas o gênero animado como um todo.

Então, afim de assistir uma animação legal? Não vá na onda daquele seu amigo do Facebook — com o qual você só conversa quando quer dicas do quê assistir! Siga a nossa dica e vá de Steamboy!

No mais, isso é tudo por hoje, galerinha.

Um abraço, e até mais!

Por Breno Barbosa

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