domingo, 23 de março de 2014

Se não jogou, jogue! - Okami (PS2)

O que falar de um dos meus jogos favoritos?





"Na Vila Kamiki, a cada ano ocorria um festival, mas não um que causava felicidade, era um festival de demônios. E a cada ano, Orochi, a serpente de oito cabeças, obrigava uma donzela da aldeia a entregar-se à ele, tornar-se seu prato principal, caso contrário, a vila seria dizimada. Cansado disso e com sua amada em risco, Nagi viu-se obrigado a enfrentar a maldita besta que vivia na Caverna da Lua. Apesar de não ser capaz de derrotar Orochi sozinho, sua coragem foi mais profunda e ardente do que qualquer perigo, e isso causou Shiranui, um lobo branco com marcas estranhas, que era visto pelos aldeões como um emissário de Orochi, a lutar ao lado de Nagi. Após a dura batalha e com a derrota da vil besta conquistada, Shiranui não resistiu e morreu, enquanto Nagi tornava-se conhecido como o maior guerreiro de toda a história. 100 anos depois,o selo que prendia o espírito maligno de Orochi foi quebrado, e com isso, sua influência malévola espalhou-se por todo o continente, deixando-o impuro e propagando desastres e enfermidades. Esse quadro levou a reencarnação de Shiranui, agora conhecido por Amaterasu, a divindade do sol e da vida."


É impressionante como Okami, já em seu início, nos joga o peso de salvar todo um continente logo nos primeiros 15 minutos de jogo. Normalmente temos muito blá-blá-blá até que um vilão se mostre realmente perigoso. Isso se dá ao fato de Amaterasu ser uma divindade, uma deusa, e como tal, não deve ser atrapalhada por questões mundanas que não são dignas de seu valor... Exceto que é justamente o contrário. Apesar de termos uma missão maior, é comum como divindade ajudar os seres vivos inocentes que são atacados pelos males do mundo. E realizando essas tarefas, logo no começo do jogo mesmo, percebemos uma coisa: praticamente nenhuma pessoa reconhece Amaterasu como uma deusa, apenas a veem como um lobo branco que faz boas ações. Isso sim que é sociedade mente aberta, a galera abraça praticamente os animais selvagens da região, e digo mais, os animais são extremamente educados e usam termos esquecido do português arcaico como outrora, outrem , quiçá, deveras e várias outras. [Breno -> Animais > Pessoas]


Como qualquer animal da classe dos canídeos (ta certo produção?) [Breno -> Como a preguiça de pesquisar é grande, sim, está certíssimo!], Amaterasu é desprovida da fala entendível pelos seres humanos. Claro que isso é facilmente contornado com a aparição dele, o mito, o maior artista vivo, aquele que possui o dom, o andarilho: Issun. Ao primeiro olhar, Issun aparenta ser só mais um ajudante-tutorial que vai ficar te dizendo o que fazer e quando fazer durante o jogo. Com o desenrolar do jogo, são dadas pequenas dicas de quem ele realmente é e de seu real objetivo de vida, mas não é apenas isso que o torna um personagem tão querido. Ele, apesar de ser arrogante, sabe se colocar em seu devido lugar, principalmente em ser o bróder de uma divindade, e além disso, fala grosso pra quem não tem o tamanho de uma mão. Rapaz cheio de atitude. E as vezes só ele para colocar Ammy (como ele a chama) nos eixos.

Okami chega com tudo na sua apresentação com seu estilo gráfico único. Somos apresentados à um cel shading, técnica que deixa os gráficos 3D mais cartunescos, com contornos negros, dando a sensação de algo sem profundidade, que é aliado a uma herança japonesa [Breno -> O visual de Okami é baseado no Sumi-e, um estilo de pintura japonês bem antigo, ou seja Okami foi feito para parecer uma pintura jogável]. Os contornos tornam-se muito mais presentes, sendo mais grossos do que o de costume. Isso é tão importante que dá ao jogo uma identidade visual tão grande, que você vai reconhecer assim que bater os olhos.


Além do cel shading, temos o uso da tecnologia 2D também, sendo usada principalmente em cenários e elementos do ambiente, como arvores e rochas. É fácil notar isso quando giramos a câmera e as árvores aparentam girar com ela sempre ficando de frente. É engraçada a sensação de as árvores estarem te encarando. Todos os ambientes são detalhados o suficiente para se notar o cuidado com que o jogo foi desenvolvido.

A trilha sonora ajuda a fechar a ambientação que o jogo oferece. Por Okami ser um jogo no qual a história faz referencias constantes, senão baseada na cultura nipônica, elementos dessa cultura estarão sempre em foco. Na trilha sonora não é diferente, e você sente que é um jogo oriental por isso. Ele não vem com Metal nem POP nem (graças a Deus) com aqueles sons de fábrica que hoje em dia são bem comuns em trilhas sonoras americanas, principalmente no cinema (o famoso Dubstep). Temos apenas o uso de instrumentos musicais mais "calmos", onde o principal é a flauta, e ficou lindo. A trilha sonora normalmente some quando torna-se noite, te deixando isolado apenas com os sons da natureza, mas quando o sol nasce, traz com ele toda sua glória, deixando o mundo mais vivo.

Como uma divindade deveria derrotar seus inimigos? Com uma espada quilométrica? Pistolas com munição infinita? A resposta é...................... tinta. Sim, tinta. Amaterasu tem o poder de usar a tinta para realizar diversos atos divinos. Claro, esse poder todo não vem logo de cara, e é necessário prosseguir com a história para recuperar tais poderes, que consistem no controle dos elementos da natureza, como água, vento, fogo, terra, bombas, cortes...... De qualquer forma, esses poderes são úteis para resolver os puzzles, que não são difíceis, e para as batalhas, onde usamos nossos poderes para o bem do universo contra demônios que normalmente lembram macacos, mas  sempre se baseando no mundo japonês.


Amaterasu não se contenta com esse tipo de poder apelão, e também curte partir pra porrada, até porque a tinta pode acabar, e usa um dos três tipos de armas disponíveis. Os Mirrors, que são o ataque básico com um disco que tira um dano moderado; os Colares, que dão muitos hits, muitos mesmo, contudo tiram pouquíssimo "Laife" dos inimigos (útil para encher os escudos de Ammy, mas pobre em combate); A terceira, a Glaive, que eu traduzo por Espada-Que-Demora-A-Aparecer-No-Jogo, tem um ataque que carregado, causando um dano divoso. Escolha o que quiser e seja feliz. Eu, particularmente, prefiro usar os Mirrors. Acho que combina mais. [Breno -> Angelo: brincando de Vestir a Barbie até no Okami...]

De onde vem o poder de um deus? Por quê um ser tão poderoso precisa de seres mortais e por que se importa tanto? No caso de Ammy, ela é extremamente de boa com o mundo, sempre confiando, sempre ajudando, sempre amando, tão calorosa como o Sol que representa. Ela faz o bem sem ver a quem, exceto pros demônios, aí ela desce o cacete mesmo. Toda vez que Ammy faz algo de bom no mundo, ela ganha Praise, uma forma de agradecimento, e é isso que dará à ela poder pra continuar, transformando isso em forma de extensão de energia ou de tinta, ou aumentando a quantidade de dinheiro que ela pode reter. Em resumo, o bem que você faz retorna para você, o bem que você deixa de fazer, dificulta seu caminho.
Isso foi o que eu mais gostei em Okami, ele te dá um real objetivo para fazer as ações para os NPCs, que além de serem carismáticos, são também necessários para o crescimento de Ammy, mostrando que, por mais poder que se tenha, é necessário a ajuda de outros para cumprir nossos objetivos.

Eu simplesmente amei Okami, e até hoje espero lançarem uma continuação num console de mesa, mas como sabemos quais são as propriedade da Capcom, já sei que é um sonho impossível. Minhas únicas ressalvas foram alguns slowdowns aqui e acolá, mas é tão ínfimo que a grandiosidade de Ammy não será abalada.


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