domingo, 30 de março de 2014

Se não jogou, jogue! - Metroid Fusion (GBA)

"Alguma objeção, dama?"




Saudações, soldados desocupados intergaláticos, tudo em paz com vocês?

Eu realmente preciso repetir essa introdução em todo santo post? Bem, acho que sim. Vai que há algum desocupado de primeira viagem entre as nossas fileiras, não é... Enfim, em poucas palavras: "artigo", "indicação" e "super-legal". Junte essas três palavras e você encontrará o significado da vida dos fins de semana aqui no Desocupado: é o momento em que trazemos à vocês artigos ou indicações super-legais para curtir nos finais de semana (mesmo que estes já estejam no finalzinho) ou em dias vazios e monótonos. Até está data, nenhum fim de semana passou em branco, e graças a Amaterasu e Shiranui, este aqui também não passará despercebido!

Depois de muito tempo sem falar sobre games aqui no blog (o último post recomendando um foi há quase um ano atrás, sobre o batuta Street Fighter X Tekken), resolvi trazer a vocês um dos jogos da franquia que, há pouquíssimo tempo atrás, tornou-se mais um de meus xodós (graças ao parça Angelo Alexsander e seu "pecado gamer"). Se você conseguiu reconhecer a dama de capacete e armadura na capa deste post, sabe muito bem que hoje vim falar de Metroid!

Mais especificamente sobre Metroid Fusion, game que marca a segunda aventura da caçadora de recompensas intergalática Samus Aran nos portáteis da Nintendo, depois de 8 longos anos na geladeira após o aclamadíssimo Super Metroid. Metroid Fusion foi lançado para Gameboy Advance em Novembro 2002 (junto com Metroid Prime, do qual também pretendo falar futuramente), e conta com Yoshio Sakamoto de volta na direção. Atualmente, Metroid Fusion também está disponível no Virtual Console do 3DS (exclusivamente para os assinantes do Programa de Embaixadores) e do Wii U (à venda no eShop).

Em Metroid Fusion, Samus é convocada pela Federação Galática, desta vez, porém, com a missão de proteger a Equipe de Pesquisa Biológica da Federação em uma nova incursão ao planeta SR388 (o mesmo de Metroid II: Return of Samus). A missão corria bem, até que a Equipe se depara com um espécime até então desconhecido. Samus tenta proteger os cientistas da forma de vida misteriosa, mas acaba sendo abatida por ela. De acordo com o diagnóstico da equipe médica da Federação, não haveria salvação para a caçadora de recompensas desta vez. Pelo menos não através de meios tradicionais. Para salvar a vida de Samus, a equipe resolve injetar nela DNA Metroid, o que acaba modificando drasticamente o organismo da caçadora. A salvo e viva mais uma vez, porém fraca e sem sua armadura, Samus é mandada para o Laboratório Biológico Espacial, uma estação espacial construída com o intuito de recriar o ambiente do planeta SR388 e cultivar as espécies que nele viviam; afim de investigar repentino ataque sofrido pela estação, supostamente causado pela raça desconhecida que quase matou Samus, porém muito mais a aguarda nesta misteriosa empreitada...


Para muitos, falar de Metroid significa falar de Super Metroid. Não é a toa, afinal ele é o mais querido da franquia, e revolucionou não só o SNES (plataforma para o qual foi lançado, em 1994), mas toda a indústria dos vídeo games, dando início a todo um novo gênero de jogo, o famoso Metroidvania (Metroid + Castlevania). Até hoje, Super Metroid é uma das maiores referências — senão a maior — no que diz respeito ao gênero que ele mesmo ajudou a criar, seja em visual, trilha sonora, jogabilidade ou em qualquer outro quesito. Além de servir de referência para outros jogos, Super Metroid também serve (até hoje) de parâmetro para os games da própria franquia. Outro marco semelhante só foi alcançado por Metroid Prime, em meados de 2002, no GameCube, que, apesar de dar uma perspectiva totalmente diferente à série, também tinha Super Metroid como modelo a ser seguido.

O por quê dessa "introduçãozinha"? Bem, por mais que eu não goste de fazer isso, é (quase) impossível não tomar uma certa obra como parâmetro de comparação para analisar uma outra. E isso não é um problema exclusivamente meu, é algo natural do ser humano, então lidem com isso, desocupado!  Como eu disse agora há pouco, Super Metroid serve (e provavelmente continuará servindo) como referência para todos os jogos da série, e Metroid Fusion, jogo aqui em questão, não foge a essa regra.

Aliás, mais do que qualquer outro, Metroid Fusion está sujeito a ela, já que foi o primeiro Metroid 2D desde Super Metroid, o que é uma baita responsa, diga-se de passagem. Será que o pequeno Fusion é digno do legado do grandioso Super Metroid? Meus caros desocupados, eu vos digo que sim!


Comecemos pelo visual, como sempre.

Metroid Fusion é, de longe, um dos jogos mais bonitos do GBA. Poucos jogos — incluindo aí aqueles que foram desenvolvidos/distribuídos pela própria Nintendo — lançados para o portátil conseguiram unir altos níveis de detalhamento a animações fluidas e naturais de uma maneira tão funcional quanto em Metroid Fusion. Mesmo na telinha pequena do GBA, e possível notar o esmero dos desenvolvedores na hora de conceber o game. Os sprites (os "bonequinhos" em pixel art que você vê na tela), tanto da heroína Samus quanto dos inimigos que a confrontam durante sua missão, foram muito bem desenhados, com uma atenção especial aos detalhes dos mesmos. Os conceitos de luz e sombra aplicados aos sprites são excelentes, e ajudam não só a realçar (ou esconder, quando necessário) os detalhes dos modelos, mas também a dar à eles efeitos de profundidade e perspectiva. Se você parar o jogo e olhar bem de pertinho — pertinho MESMO, já que a tela do GBA não é lá muito grande —, você conseguirá perceber todos os detalhes do traje da caçadora de recompensas, independente do angulo pelo qual você esteja olhando. E como eu disse antes, isso vale não só para ela, mas também para todos seus inimigos. Alguns foram criados exclusivamente para o jogo, mas grande parte deles são versões renovadas de inimigos já conhecidos pelos fãs da série. Novos ou não, todos eles foram muito bem transcritos do papel para a tela pixelada do GBA, principalmente os Chefes.

Inclusive, estes merecem um parágrafo a parte, pois talvez sejam o suprassumo visual do game. Lembra o que eu falei agora há pouco sobre riqueza de detalhes, iluminação, perspectiva e profundidade? Pois é, esses elementos são aplicados a enésima potência quando o assunto são os chefes de Metroid Fusion. Alguns deles têm uma estatua aceitável, mas outros são ignorantemente enormes, chegando a tomar boa parte do cenário do jogo (e da tela do vídeo game, consequentemente). Independente do tamanho, todos são belíssimos. Digo, tecnicamente falando, é claro, afinal, o pirata espacial Ridley (arqui-inimigo jurado da caçadora de recompensas) não é lá o que poderíamos chamar de Colírio da Revista Capricho...

Ridley: o chefe gato da estação espacial.


Ah, também vale falar um pouquinho sobre os cenários e o level design do jogo. Por se tratar de um game 2D, não há nada muito ousado no level design de Metroid Fusion, apenas a aplicação bem feita de elementos clássicos da franquia. O melhor exemplo disso seriam as infindáveis passagem secretas, distribuídas pelos diferentes ambientes do jogo. Algumas delas servem apenas para conectar uma sala à outra, enquanto outras te recompensam com upgrades para suas armas, assim como em Super Metroid. Porém, algo que pode incomodar alguns fãs mais conservadores é a linearidade do jogo, principalmente no level design, mas falaremos mais sobre isso uma outra hora. Mais uma vez, o que chama atenção nos cenários de Fusion são os detalhes, principalmente as noções de profundidade e perspectiva usados neles. Diferente de muitos jogos do gênero, Fusion não abusa do efeito Parallax (que consiste em sobrepor elementos do cenário em diferentes camadas, dando, assim, uma noção maior de profundidade). O que há aqui são o cenário em que você se locomove e o plano de fundo (e, raramente, alguns detalhes a parte). A mágica aqui fica por conta da iluminação e da perspectiva, que como eu já cansei de repetir, são muito bem aplicadas.

Mas se tem algo que todas esses elementos tem em comum (menos os cenários), esse algo seria a qualidade da animação. Quase todos os movimentos, principalmente os de Samus, têm uma animação própria, e todas essas animações fluem de uma maneira suave e natural. Corra, em qualquer direção, e você enxergará claramente a movimentação das pernas e dos braços da caçadora, indo e voltando; Atire — correndo ou parado —, e você verá o efeito do coice do canhão da heroína sendo aplicado à todo o seu corpo; Pule, e observe o corpo de Samus se encolher na subida esticar-se na queda; Ou simplesmente fique parado, e os sprites do toráx de Samus vão crescer e diminuir lentamente, emulando a respiração da caçadora. O mesmo nível de atenção também pode ser visto nos chefes, apesar de eles passarem bem menos tempo em tela que a heroína intergalática que protagoniza a série. Falando em série, odiadores e conservadores que me odeiem, mas particularmente, Metroid Fusion ganha o bolo em cima de Super Metroid no quesito qualidade de animação. Pronto, falei!

"Por favor, um pouco mais pra trás, senhor. Assim eu não vou conseguir remover sua cárie."


Obviamente, Metroid Fusion não brilha apenas no visual.

Além de fazer com que a nova aventura de Samus Aran ficasse tão bonita na telinha do GBA quanto sua mais aclamada aventura no SNES, a galerinha da Nintendo também conseguiu fazer com que a jogabilidade de Metroid Fusion funcionasse tão bem quanto a de Super Metroid, mesmo com as limitações do portátil e dois botões a menos (em relação ao controle do SNES) à disposição. Salvos alguns pequenos detalhes...

Se tem uma palavra que pode resumir bem a jogabilidade de Metroid Fusion, essa palavra é Fluidez. O game flui deliciosamente bem, de uma maneira sutil e natural. Os comandos foram muito bem aplicados aos controles, de modo que nenhum botão fica sobrecarregado de funções ou algum botão fique sem função nenhuma. Como o próprio jogo — ou melhor, a própria série — exige rapidez e precisão do jogador, Metroid Fusion responde perfeitamente bem à todos os comandos, fazendo disso um de seus elementos mais divertidos e satisfatórios. É extremamente gratificante conseguir, por exemplo, fazer com que um míssil — que tem um pequeno delay antes ganhar velocidade — acerte exatamente no ponto fraco de um Chefe; ou acertar o timing na hora de se transformar em Morph Ball e alcançar uma passagem secreta. Caso você se considere incapaz de realizar todos esses atos de maneira rápida e precisa, não precisa se preocupar, pois Metroid Fusion tem uma curva de aprendizado muito bem delineada, de modo com que o jogador siga aprendendo novos truques e aperfeiçoando habilidades antigas de maneira fluida e natural. Mas é bom se certificar de que você aprendeu de verdade todas as artimanhas da caçadora de recompensas, pois Metroid Fusion não perdoa vacilos de iniciante nos momentos mais avançados do jogo. Se você não dominar todas as funções da sua armadura com maestria, pode se preparar pra morrer bastante. Como diria o ditado, "rapadura é doce, mas não é mole, não!".

Ah, ia esquecendo! Que blasfêmia! Não tem como falar da jogabilidade de Metroid Fusion sem falar do SA-X, o "clone malvado" de Samus Aran. O SA-X adiciona uma nova camada à jogabilidade de Fusion, seguindo uma pegada talvez nunca antes explorada na série. Como você deve lembrar da sinopse, já no começo do jogo, Samus é destituída de sua armadura e das funcionalidades da mesma, além de estar sofrendo com os efeitos colaterais do DNA Metroid em seu sangue. Pra piorar a situação, há um ser misteriosamente poderoso rondando pela estação espacial à procura dela. O SA-X tira o jogador da posição de dominante, da caçadora de recompensas super-poderosa, e coloca-o na posição de dominado, de uma presa, incapaz de lutar contra seu predador. Você nunca sabe quando e onde o encontrará. Não adianta apenas correr, pois ele vai te alcançar. Não adianta apenas se esconder, pois ele vai te achar. Se por acaso der de cara com ele, não hesite em usar de todas as artimanhas para fugir dele, pois bater de frente com SA-X é morte certa!

"Lalalalá-lalalalaláá... Lalalalá-lalalalalááá..."


Como eu disse há alguns parágrafos atrás, há um elemento em Metroid Fusion que pode fazer com que os fãs da série olhem torto para o game. Que elemento é esse? A Linearidade. Quem já jogou Super Metroid sabe que game não é dividido em fases, arcos ou momentos. Sua nave pousou num planeta inóspito, cheio de inimigos, e a sua missão é destruir os Piratas Espaciais. Como? Quando? Onde? Por que? Você quem decide. Se vira. Nada de colher de chá pra você, meu amigo. A falta de linearidade é uma das características mais marcantes não só de Super Metroid, mas de toda a franquia protagonizada por Samus Aran. Apenas três jogos da franquia fogem a essa regra: Metroid II: Return of Samus, Metroid: Other M e o game aqui em questão, Metroid Fusion. Durante todo o jogo, Samus é guiada pela Inteligência Artificial de sua nave, batizada por ela mesma de Adam. Através de Salas de Comunicação distribuídas ao longo do mapa, Adam vai definindo os próximos objetivos de Samus, marcando-os no mapa da caçadora quando necessário. Algumas vezes, inclusive, Adam não deixa que você tenha acesso a certas partes do mapa até determinado momento do jogo. Sim, é chato ter alguém te dizendo o que fazer o tempo todo, cortando suas asas e tapando seus olhos, pra que você não explore lugares diferentes nem veja certas coisas "antes horas", mas nada disso é feito por mal, sem algum motivo. Há uma justificativa para toda essa limitação: a trama do jogo. Talvez pela primeira vez em toda a franquia, um game da série resolve contar uma história — e trabalhar o desenvolvimento de um personagem — de maneira clara e visível, através de textos e cutscenes, de modo com que qualquer jogador, novato ou experiente, consiga entender o que — e por que — está acontecendo na tela. Se isso apaga de vez a frustração de ser "castrado" pelo próprio jogo? De maneira alguma, mas com certeza ajuda a amenizar esse sentimento ruim.

Um dos momentos mais marcantes de Metroid Fusion.


Lembra daquela época em que os vídeo games não tinham a capacidade de reproduzir sons tão boa quanto a que vemos nos consoles de hoje em dia? Ou, como eu gosto de falar, quando até o som era pixelado (e você conseguia escutar os pixels claramente)? Se você lembra disso, com certeza também deve lembrar que esse detalhe não era, nem de longe, um obstáculo para os compositores, e que os games conseguiam ter trilhas sonoras incríveis mesmo com uma qualidade sonora "cheia de pixels". Metroid Fusion não foge a essa regra, e mesmo com o sistema de som "pixelado" do GBA, consegue nos entregar uma trilha sonora muito bem composta, cheia de tensão, suspense e música eletrônica, elementos que melhor traduzem sonoramente o clima dos games da franquia Metroid. Como você com certeza irá passar diversas vezes por um mesmo cenário ou ambiente, os temas de cada um deles logo irão se alojar na sua cachola. O mesmo vale para os chefes, cujos quais você com certeza vai querer enfrentar de novo, só pra ouvir a musica tema do monstrengo. Sem dúvida alguma, o melhor exemplo disso é Ridley, o rival de Samus. Dúvida? Então escuta só o tema dele:


Tan-tan Tantan-tantan Tantantan-tantan Tan-ta-- ops, desculpa! Erm, onde eu tava mesmo? O que? Eu já falei tudo? Tem certeza, produção? Então tá. O que é que vem agora mesmo? Ah, é mesmo, a nota, a nota! Ok, vamos lá, hora daquela boa e velha nota anti-gravitacional de sempre, não é?

E aí está ela -> 9.3 / 10

Metroid Fusion marca o retorno magistral da caçadora de recompensas mais querida da galáxia ao ramo dos jogos 2D (no qual se originou), fazendo jus ao legado de seu maior representante, o grande Super Metroid. Os gráficos são excelentes, a jogabilidade flui de acordo com o aprendizado do jogador e a trilha sonora ajuda a estabelecer o clima sombrio e solitário da aventura. Alguns fãs mais conservadores sentirão falta da liberdade e da não-linearidade dos jogos anteriores, mas isso não interfere drasticamente na qualidade de Fusion, que preenche essa lacuna com uma trama muito bem elaborada, narrada de um jeito nunca antes visto nos games da franquia.

Portanto, se você uma história bacana e um desafio à sua altura, seja no próprio Gameboy Advance ou no Virtual Console do 3DS ou do Wii U, Metroid Fusion com certeza é a sua melhor escolha!

E isso é tudo, galerinha. Pra fechar este post com chave de ouro, fiquem com o olhar tranquilo e amistoso do SA-X!

"Ei, crianço! Quer ver um pesadelo bem na sua frente?"


Um abraço e até a próxima!

Por Breno Barbosa

Nenhum comentário:

Postar um comentário