sábado, 9 de novembro de 2013

Se não viu, veja! - Thor: O Mundo Sombrio (2013)

Nada supera a "troll face" do Tom Hiddleston aí em cima.



Saudações, desocupados vikings, barbados e pançudos, estão todos em paz? Sim? Graças ao Pai de Todos!

Alguém aí caiu de paraquedas aqui no Desocupado? Ah, você aí no fundão? Pois é, campeão, não sei se você já estava por dentro disso, mas a regra da casa é que, toda toda semana, nós, desocupados de nível maior, trazemos à vocês, jovens mancebos desocupados, uma indicação estrogonoficamente sensível relacionada a Cinema, Games, Quadrinhos, Séries, Livros ou o que mais nos der na caixola na hora de escrever. E pela benção de Odin, esta semana não será diferente!

Como você já deve ter percebido olhando para o banner deste post, esta semana iremos de Thor: O Mundo Sombrio, sequência que marca a estreia do Deus do Trovão nórdico na Fase 2 do universo cinematográfico criado pela Marvel Studios. Todo o elenco do primeiro (ou pelo menos boa parte dele) filme está de volta, porém a direção sai das mãos de Kenneth Branagh e vai para as de Alan Taylor.

Aqui no Brasil, Thor: O Mundo Sombrio estreou mais ou menos há uma semana, no dia 1º de Novembro, porém, como naquele final de semana tivemos um especial super-bacana de Halloween com nossos "bróders" de outros blogs, decidi deixar O Mundo Sombrio para a semana seguinte. Felizmente, esta não é uma data qualquer, afinal o filme acabou de estrear na América do Norte. Conveniente, não?

A cada 5.000 anos, os galhos da grande árvore Yggdasil — que conhecemos como sendo os planetas do nosso Sistema Solar — se alinham, o que causa uma certa instabilidade nas paredes que os dividem. Uma dessas "incoerências" é encontrada pela cientista Jane Foster, que, através dessa "porta" entre os mundos, acaba encontrando, sem querer (aham...), o Éter uma perigosíssima e indestrutível arma dos elfos negros, uma raça antiga, praticamente extinta, que ameaçou os 9 reinos em um passado longínquo. Ou pelo menos era no que se acreditava. Malekith, o líder dos elfos negros, é despertado com a ativação do Éter, e inicia mais uma vez sua investida contra os 9 reinos. Agora, cabe a Thor e seus companheiros combater essa poderoso ameaça, ao mesmo tempo em que protege sua amada Jane Foster. Mas para isso, ele terá de se aliar a um de seus maiores inimigos.


Acho que essa é uma das raras vezes em que eu agradeço a mim mesmo por sempre começar minhas recomendações pela parte gráfica das coisas, pois foi pelo visual que Thor: O Mundo Sombrio me cativou mais. Lembra do primeiro filme, lá em 2011, onde a direção de arte levou a sério o título de Reino Dourado de Asgard a sério, e fez com que a cidade brilhasse em cores fortíssimas, como se com a intenção de cegar a nós, espectadores? Pois é, pode esquecer isso, pois foi escolhida uma abordagem mais sóbria e verossímil aqui em O Mundo Sombrio. A paleta de cores mais vivas e — por que não — caricatas (no sentido de darem uma identidade visual mais óbvia) foi substituída por uma série de tons mais escuros. Não é preciso se esforçar muito para notar essa mudança de tonalidade, pois tudo, desde os trajes dos personagens aos cenários, está mais sombrio, aproveitando a deixa do título do filme. Quem assistiu Thor deve lembrar dos conceitos de "tecno-magia" (que dizem que ciência e magia são uma só coisa, porém enxergadas de pontos de vista diferentes) utilizados não só na direção de arte, mas também no próprio plot do filme. Pois é, esses conceitos continuam presentes aqui em O Mundo Sombrio, porém de um modo muito mais sutil que no primeiro filme. A direção de arte deixou meio de lado a ideia de uma sociedade "alienígena" super-evoluída, que puxa mais para o lado da ciência, e abraçou o conceito fantasioso da mitologia nórdica (que serve de base tanto para os filmes quanto para as HQs), de guerreiros medievais poderosíssimos, que, justamente por conta desse valor, eram considerados divindades. Esse novo conceito pode ser observado principalmente no design dos personagens, em especial nos asgardianos, que mistura um pouco da estética viking — algo mais sujo e visceral, como trajes de couro, cabelos desgrenhados e barbas por fazer — com a estética medieval — armaduras metálicas de corpo inteiro e cotas de malha. Talvez por influência das críticas ao primeiro filme, O Mundo Sombrio se passa quase inteiramente fora do planeta Terra, ao redor dos 9 mundos da mitologia nórdica. O mais explorado deles é, sem dúvidas, Asgard. Como dito antes, a Cidade Dourada não está mais tão dourada assim, e, ao contrário do que você deve estar pensando, isso é ótimo. Seus olhos agradecerão, pode ter certeza. Em compensação, talvez pela primeira vez no cinema, a arquitetura de Asgard é mostrada de uma forma mais completa, dando atenção à detalhes como sistemas de defesa e meios de transporte, que, a propósito, fazem uma ponte bem interessante entre a fantasia e a "realidade". Alguns outros mundos também são mostrados no filme, pena que de um modo bastante tímido e limitado.

Ah, e não podemos deixar de lado um dos pontos mais legais de O Mundo Sombrio: a ação. Lembra o que eu disse sobre guerreiros que eram considerados deuses? Pois é, esse conceito também prevalece por aqui. Thor e seus companheiros, antes de serem "deuses", são guerreiros, e provam isso através de suas habilidades em combate. Todas as batalhas do filme — e senão todas, pelo menos uma grande parte delas — são empolgantes e muito bem coreografadas. Destaque para a batalha final entre Thor e Malekith, que, apesar de não ter lá uma da melhores conclusões de todos os tempos, tem um ritmo bastante empolgante, deixando a petecar cair somente nos últimos momentos da luta. Também vale a pena falar um pouquinho da fotografia do filme, que não é revolucionária ou apela para tomadas ousadas, mas cumpre bem seu papel quando é necessário.

— Pai, a câmera tá ali.
— Onde?
— Ali.
— Pra cá?
— Ah, meus deuses...


No que diz respeito ao roteiro... Bem, não sei há muito o que se falar sobre ele aqui em O Mundo Sombrio. O enredo é bem simples e funcional, e consegue usar muito bem o que lhe é oferecido (como elenco e direção de arte, por exemplo); mas sofre com algumas incoerências que podem incomodar alguns espectadores um pouco mais críticos. Você, desocupado, conhece o termo Deus Ex Machina? Não? Então aí vai uma pequena explicação: Deus Ex Machina é uma expressão do latim (vinda primeiramente do grego) que, se traduzida literalmente, significa "Deus surgido da Máquina". A expressão Deus Ex Machina é empregada quando una história, independente de em que mídia ela esteja sendo contada (teatro, literatura, cinema e etc.), possui uma conclusão incoerente com o enredo, geralmente repentina e sem nenhum tipo de explicação lógica (há exceções, é claro). Um exemplo? Er... "Pedrinho foi comprar açúcar para sua mãe. Ao chegar em casa, sem o açúcar, sua mãe o pergunta por que ele não trouxe o que ela havia lhe pedido. Ele responde que Deus apareceu à sua frente e não o deixou levar o açúcar. Fim.", mais ou menos isso. Deu pra entender? Se não, Google! Enfim, explicado o que significa Deus Ex Machina, podemos dizer que Thor: O Mundo Sombrio sofre com alguns desses em seu roteiro. "Oh, estamos presos aqui nesse mundo inóspito? Ah, olha só, exatamente aqui, há um portal mágico que nos leva exatamente para onde nós deveríamos estar agora!", "Eu não sei como, nem por quê, mas essas máquinas podem nos ajudar a vencer o vilão!"; e por aí vai. Não é algo que destrua totalmente o enredo do filme, mas, como eu disse antes, pode incomodar bastante aqueles desocupados mais observadores. Particularmente, eu não pude deixar de notar esses Deus Ex Machina, mas escolhi ser bonzinho e relevar, afinal o filme já havia me oferecido muita coisa boa até aquele momento, e um vacilo ou dois podem ser perdoados se o conjunto da obra for realmente bom, como é o caso de Thor: O Mundo Sombrio (e também de Wolverine: Imortal, se você quiser outro bom exemplo). Outro detalhe que pode incomodar os desocupados é o humor do filme. Constantemente, os personagens de O Mundo Sombrio precisam soltar piadinhas infames, pequenos chistes, independente do que esteja acontecendo, seja uma cena mais séria e introspectiva — alguém acabou de morrer — ou algo mais leve e superficial — um grande embate —. Isso seria pior se fossem todas piadinhas sem graça, mas muitas delas funcionam e são bem engraçadas. O problema é que muitas vezes elas lhe fazem rir em momentos inapropriados. Há também o fato de que Thor: O Mundo Sombrio não se preocupa em criar um caminho para Os Vingadores 2 (pelo menos não um caminho tão óbvio quanto o do primeiro filme) para o Deus do Trovão, mas aí fica por sua conta enxergar isso como um defeito ou não. Particularmente, eu não acho que seja algo ruim. Pelo contrário, é algo ótimo, pois prova que o filme consegue se sustentar sozinho, sem a ajuda dos outros.

"Meu filme funciona sem Os Vingadores, tenha inveja, Tony Stark!"


No quesito atuações, boa parte dos atores manteve o nível visto no primeiro filme (afinal, 90% do elenco do filme anterior está de volta na sequência). Quem era mediano continua mediano, quem era ruim continua ruim e quem é era bom continua muito bom. A principal diferença está na direção, que ajudou a mascarar melhor a falta de carisma e de habilidade de alguns dos atores. O próprio Chris Hemsworth, que representa o poderoso Thor neste e em outros filmes, pode servir como exemplo. Ele não é lá um dos atores mais cativantes que já passaram pela Marvel Studios, muito menos um dos mais habilidosos, mas aqui em O Mundo Sombrio, graças a direção de Alan Taylor, ele consegue exercer melhor seu papel como Deus do Trovão. Há também um maior aproveitamento do elenco de apoio, principalmente dos companheiros inseparáveis de Thor, que são Fandral (Zachary Levi), Volstagg (Ray Stevenson), Hogun (Tadanobu Asano) e Sif (Jaimie Alexsander). Até Frigga (Rene Russo), a esposa de Odin, cuja a participação no primeiro filme foi mínima (pra não dizer nula), participa abertamente deste filme, muito mais até que o próprio Odin (Anthony Hopkins). Talvez o único ponto fraco das atuações de O Mundo Sombrio seja Christopher Eccleston, responsável pelo vilão Malekith. Mas a culpa não do senhor Christopher. O nemesis do Deus do Trovão é tão mal explorado no enredo do filme que acaba refletindo em uma atuação vaga e indiferente por parte de Eccleston. Mais uma vez, o destaque vai para o Loki de Tom Hiddleston. O Deus da Mentira rouba a cena durante o filme inteiro, mesmo que ele só se junte a trama mais ou menos na segunda metade do longa (contraditório, não?). Sim, o personagem de Tom Hiddleston está mais caricato do que nunca, principalmente em relação ao primeiro filme, onde havia toda uma profundidade emocional muito bem explorada pela equipe criativa; mas o carisma, tanto do ator quanto do personagem, permanece inalterado. Bom para os fãs d'Aquele de Mil Faces (como este que vos fala), melhor ainda para as fangirls (tietes, no bom português) de Tom Hiddleston.

"É sério, mortais, estou tentando ler  este tomo, cessem seus bramidos, por obséquio."


Pela primeira vez na história da Marvel Studios, uma trilha sonora consegue ser excelente sem precisar de AC DC ou Ozzy Osbourne. Thor: O Mundo Sombrio conta com temas muito bem compostos (cortesia de Bryan Tyler), muitos deles se destacam ainda durante o filme, sem fazer com que nós, fás desocupados, tenhamos que escutar a trilha sonora somente depois do filme, através da internet. Alguns temas são realmente memoráveis, outros nem tanto, mas em suma, o produto final é algo épico e empolgante. Dá só uma olhada (ou escutada, melhor dizendo) nesse tema principal:


Bem, galerinha, acho que isso é tudo que eu tinha pra falar. Olha daquela velha e poderosa nota de sempre, não é mesmo?

E aí está ela -> 8,5 / 10

Diferente de seu antecessor, Thor: O Mundo Sombrio se mostra independente e caminha com as próprias pernas, sem a preocupação de ter que apresentar um novo personagem apenas com o intuito de que as pessoas saibam quem é aquele cara loiro com um martelo na mão no meio da patota super-poderosa. A ação empolga de verdade, e o bom humor do filme não te deixa sério em nenhum momento, o que acaba se tornando inconveniente, às vezes. O roteiro dá alguns tropeços aqui e ali, mas nada que não possa ser perdoado frente a qualidade da obra como um todo.

Portanto, se você perdeu a estreia brasileira (que ocorreu no dia 1º de Novembro), compadeça-se de seus semelhantes nortenhos (já que o filme só estreou ontem na América do Norte), chame sua galera e parta para o cinema mais próximo, pois Thor: O Mundo Sombrio continua sendo a melhor escolha para este final de semana!

E isso é tudo, desocupados. Como despedida, fiquem com essa foto da batalha entre os Vingadores e o Deus da Mentira. Sabe-se lá como, todos os vingadores viraram asiáticos...


Acho que o Capitão América esqueceu o escudo em casa e teve que se virar com o que viu pela rua...

Até mais!

Por Breno Barbosa

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