sábado, 2 de novembro de 2013

[ESPECIAL] Halloween (Parte 3)

Semear.




Olá de novo, caros desocupados, ainda estão todos aí?

Pra quem ainda não está por dentro, nós, desocupados de 7º Dan, realizamos um pacto de procedência duvidosa com nossos amigos e parceiros de outro blogs, com o intuito preparar para vocês, leitores desocupados, uma série de postagens temáticas para comemorar o Dia das Bruxas. Sim, meus caros, um Especial de Halloween, semelhante àquele feito no Dia das Crianças, lembra? Mais uma vez, nos unimos sob um mesmo selo para falar muita, muita besteira!


Quem veio fazer bagunça conosco? Esses caras aqui, ó:

Save Point BR
Thunder Wave
SnesTalgia
Lol Etc
Café com Cappuccino
Marvox Brasil
Interruptor Nerd

Mas aí você, um astuto desocupado bastante observador, atenta para o seguinte fato: "Ei, mas hoje não é dia 31 de Outubro! Como vocês dizem que estão fazendo um Especial de Dia das Bruxas depois do Dia das Bruxas?!". Quisera eu ter uma explicação melhor, mais complexa e dramática, mas a verdade é bastante simples: nos atrasamos! Sim, foi isso que aconteceu, um atraso! Mas um atraso permitido, diga-se de passagem, já que, em sua constituição de normas e regras para o Especial em questão, nossa querida parceira Nelleh, do Café com Cappuccino, a responsável por esta série de postagens; disse que não havia problema algum em postar fora do dia combinado. Isso sem contar que a data na qual está sendo publicado este post é igualmente assustadora, já que estamos no dia 02 de Novembro, a.k.a Dia de Finados!

Caso você tenha caído de para-quedas por aqui, seja bem-vindo a terceira e última parte da nossa postagem especial de Halloween. Sim, meu caro desocupado, terceira parte. Decidimos dividir a postagem original em três partes para o conforto da sua leitura, pois, desta vez, esprememos nossas mentes e molhamos nossos bicos de pena na tinta preta para escrevermos contos de terror. Ou quase, pelo menos. Uns conseguiram redigir textos razoavelmente curtos. Outros em contrapartida, acabaram passando um pouco da conta, o que nos forçou a dividir o post em partes.

Creio que você deva ter lido as duas primeiras partes antes de chegar nesta última. O que? Você não leu? Então dá uma passada na Parte 1, com o nosso freelancer Anderson Pontes e a nossa "visitante" Kariny Filgueira, clicando AQUI. Terminou? Então siga direto para a Parte 2, redigida por Paulo "Cometa Halley" Victor e por Breno Barbosa (que, a propósito, é quem está escrevendo esta introdução), clicando AQUI. Leu tudo? Tudinho mesmo? Então agora podemos deixar que você siga em frente sem arrependimentos.

Sr. Angelo Alexsander, sua vez de brilhar!

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Tal qual um vegetal que nasce de uma pequena semente e cresce de forma majestosa até se tornar um poderoso pau-brasil; assim também são as pessoas, que, a partir de um momento de prazer, são geradas e concebias à este mundo.

As sementes, obviamente, crescem de acordo com o meio em que vivem, isso quando sobrevivem. Podem ser doces e convidativas, amargas e nojentas e até mesmo canibais, carnívoras.

Nossa história relata Beto Bezerra, um homem nascido numa família de classe média, a qual tinha tradição no ramo da panificação, assim como uma loja bem conhecida em sua cidade. Seus pais, sempre que podiam, o tratavam com afeto e calor, da mesma forma que produziam seus pães.

Beto adorava brincar no parquinho próximo a sua casa, cheio de capim, algumas urtigas aqui e acolá. Saltitava como um cervo enquanto lá brincava. Porém, nesse fatídico dia, sua vida mudou. Notou algo diferente no campinho, um círculo, quase perfeito, sem nenhum sinal de vida. Uma terra preta, escura e até certo ponto fétida. Em seu centro, havia uma pequena muda, brilhante, verde-esmeralda, com pequenos pontos cor-de-rosa. Beto não conseguia desviar seu olhar, como se estivesse sob efeito de uma força magnética. Aproximava-se, mesmo não querendo. Seus pés afundavam pouco a pouco na terra preta, e seu braço esticava em busca daquela joia reluzente. Quando a tocou, desmaiou.

Sentia frio, fome e dor. Estava rodeado pela cor verde, mas não o verde da muda que estava em sua mão. Um verde sem vida, que escurecia a cada momento. E a medida que tudo tornava-se apenas trevas, a planta brilhava cada vez mais forte... Até que seu pequeno caule partiu-se, e de lá saiu uma pequena semente, vermelha e ardente.

Acordou rodeado por curiosos e seus pais. Ninguém sabia o que aconteceu, e nem a terra preta existia para provar sua historia. Uma leve agonia tomou conta de Beto que, ainda aos 12 anos, tivera sua vida mudada. Sentia-se incômodo a ponto de não perceber a pequena semente entrando em sua carne.

Sua vida seguiu quase normalmente dali em diante. Como um garoto normal, teve suas paixões, seus sonhos e suas decepções. Estranhamente, quanto mais se sentia experimentar a vida, mais sentia que ela tinha sido tirada dele; ao mesmo tempo em que, quanto mais triste, mais sentia que ficaria vivo por mais tempo. Quando ganhou um cachorrinho, ficou alegre. O cãozinho brincava muito com seus pais, contudo, quando chegava próximo a Beto, simplesmente deitava-se subitamente e apenas levantava quando Beto saía do local.

As flores que comprava para suas paixonites nunca duravam. Isso era aceitável em flores naturais, mas as flores de plástico se corrompiam, perdiam a cor, como se tomassem alvejante constantemente. Tudo que gostava se perdia, desistiu de seu sonho quando seus pais morreram estranhamente, alguns médicos diziam que era uma forma de câncer rara, mas como seria isso possível em duas pessoas que são casadas?

Assumiu a padaria aos 24 anos. Não tinha nenhum amor por aquele estabelecimento. Só recordava de seus pais que agora se foram. Só. Estava só. Só.

Só.
Só.
Só.
 Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só. Só.

Numa quinta-feira, dia 13 do décimo mês, um de seus clientes mais pontuais,  popularmente conhecido por Seu Fernando, veio buscar seus pães e sua rosca diária. Beto ainda estava preparando sua rosca, atento aos outros pedidos dos outros clientes, mas desatento em relação ao processo da rosca de Seu Fernando. Pequenos farelos de cor vermelha saíram de sua mão e caíram para sua rosca. Ao olhar para o doce, achou que fosse apenas parte do confeito, e deu o serviço como pronto. No dia seguinte, Seu Fernando não apareceu.

Ao receber a notícia da morte de Seu Fernando, Beto não esboçou sequer um sinal de tristeza. Sorria como não sorrira desde os seus 12 anos. Não sabia o porquê disso. Sentia-se um pouco aliviado até. Seu espirito se revitalizou tanto que assoviava enquanto trabalhava.

Com o tempo notava que os velhos clientes desapareciam de seu redor, mas nem por um segundo achava ruim. Ficava cada vez mais pobre, sua casa perdera a pouca vida que tinha e seu cãozinho, que já não era apenas um cãozinho, fugiu. Mesmo assim, diante de tudo isso, sentia-se crescendo, completo, satisfeito.

Aprendeu a usar o pó vermelho. Usava alguns de seus clientes como cobaias, e ficava feliz com os resultados positivos. Seu sorriso incomodava as pessoas, que evitavam olhar sua face. Isso só o fazia sorrir ainda mais. Descobriu que o pó vermelho na verdade era seu sangue que, de alguma forma, tornava-se sólido, como água congelada, em suas devidas proporções, é claro.

Cortava-se diariamente para produzir o pó do sorriso, como quis chama-lo. Já não trabalhava diariamente, sequer saía para a rua. Não se interessava por nada, exceto pelo pó. Tornou-se um viciado em automutilação, mas cuidava para não se matar. Não queria perder aquele sorriso.

Sonhava acordado e dormia alucinado, nada fazia sentido ao mesmo tempo que tudo. Tudo era preto e branco, ao mesmo tempo em que era branco e preto. Via seres horrendos e mulheres lindas numa praia de águas cor de rosa e areia azul. Sentia-se surreal. O sonambulismo não demorou a aparecer.

A padaria fechou, a casa morreu. Não sabia separar sonho de realidade. A vida tornara-se uma grande alucinação. Sorria ao lembrar de sua agonia. Dormia. Essa rotina repetiu-se por uma semana até que ele acordou pela ultima vez.

Estava naquele mesmo campinho, perto de onde teve contato com aquela muda. Novamente, a terra preta se fazia presente, e novamente perdeu o controle de suas ações. Começou a escutar sua própria voz em sua cabeça, contudo, considerava-a estranha. Só conseguia escutar duas palavras: "pó" e "voltarás".

Escutava mais e mais vozes à medida que se aproximava da terra preta sob a luz do luar. Diferente da primeira vez, não havia muda, apenas um pequeno buraco no centro. Pisou na terra preta e afundava. As vozes não paravam, seu sorriso se esvaia conforme era puxado pelo solo. Lembrou-se de toda a dor que causara. Sentia-se uma vítima. Não queria ter matado Seu Fernando nem os outros clientes. Queria seus pais. Queria ser feliz. Seu tronco inclinava-se para frente e sua mão esquerda simplesmente saltou de seu braço.

Do vazio que ficou em seu corpo, escorregou a mesma semente vermelha de sua infância, com uma cor muito forte. Deslizou e caiu no pequeno buraco. O pescoço de Beto inclinava-se para frente enquanto ele chorava. Suas lágrimas eram rapidamente absorvidas por aquele solo aparentemente infértil.

Afundou completamente.

Perdeu a consciência.

Chorava.

Ninguém sequer sentia falta daquele filho do padeiro. Sequer foi-se capaz de lembrar seu nome. Virou uma memória embaçada. No terreno, porém não seria esquecido, uma vez que a muda verde-esmeralda voltou a aparecer em busca de seu próximo ciclo de vida.

É contado até hoje que mudas verdes-esmeralda são o símbolo de uma vida de arrependimentos. Não dão frutos e são alimentadas apenas por lágrimas de uma tristeza imensurável. Somente algumas poucas pessoas são úteis para estes vegetais e amaldiçoadas por elas. Se assim como Beto, você vir uma dessas plantas, fuja ou então... você...será...arf...arf.. amal....

Abençoado por nós.

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Ufa! Acho que isso é tudo, pessoal.

E aí, o que você achou? Na-na-não, não fale sozinho em voz alta. Ao invés disso, vem conversar com a gente aqui em baixo, nos comentários. Pode vir sem medo, nós temos bolo!

Mais uma vez, dou por terminado mais um Especial super-bacana aqui no Desocupado. Agradeço, em nome de toda a equipe, à Nelleh, do Café com Cappuccino, por ter nos convidado para mais uma série de posts temáticos, e espero que sejamos convidados mais vezes. Só não agora. Nem no próximo mês. Ou talvez nem neste ano, ainda. Estamos cansados pra caramba, essa é a verdade...

Agradeço também à todos os nosso parceiros, chegados,colegas e amigos, que toparam participar de mais este Especial. Espero poder contar com todos eles novamente assim que mais uma ideia mirabolante surgir.

Obrigado por nos acompanhar até aqui, e até mais ver!

Por Angelo Alexsander e Breno Barbosa

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