sábado, 2 de novembro de 2013

[ESPECIAL] Halloween (Parte 2)

O Assassino de Rozan e Os Devaneios Noturnos




Saudações, galerinha desocupada travessa e faceira, tudo ok com vocês?

Como já deve ser do conhecimento de vocês, estamos mais uma vez participando de um Especial super-bacana ao lado dos nossos chegados, nossos queridos parceiros do canto direito da página. Lembra daquele post bacana comemorando o Dia das Crianças? Pois é, o esquema é mais ou menos o mesmo daquela vez, a única diferença é a temática. Desta vez, vestimos nossas capas negras e pusemos nossas presas de fora para comemorar o Halloween! Todos unidos por esta marca demoníaca este selo batuta:


Além destes escroques desocupados que não tem uma louça pra lavar, estão participando também deste especial os seguintes colegas:

Save Point BR
Thunder Wave
SnesTalgia
Lol Etc
Café com Cappuccino
Marvox Brasil
Interruptor Nerd

Sim, meus caros, todos esses rapazes e moças postando juntos para comemorar o Dia das Bruxas! Ou pelo menos o que sobrou dele, já que nós do Desocupado acabamos nos atrasando um pouquinho, e hoje já Dia de Finados. Bem, não deixa de ser uma data assustadora, não é?

Pra quem pegou o bonde andando, esta é a segunda parte da nossa postagem temática, na qual resolvemos usar toda a nossa criatividade (que não é lá muita coisa) para redigir contos de terror com o mínimo de sentido possível. Bem, pelo menos foi o que eu, Breno Barbosa, fiz no meu texto... Enfim, o post original foi dividido devido ao tamanho de alguns contos, já que uns e outros aqui acabaram passando um pouco dos limites (eu incluso).

Caso você não tenha visto a primeira parte, com os queridíssimos Kariny Filgueira e Anderson Pontes, basta clicar AQUI e dar uma conferida nos contos deles. Nesta segunda parte, Paulo Victor e este que vos escreve, Breno Barbosa, tentam fazer subir um calafrio pela nuca do leitor desocupado que, por não ter nada melhor pra fazer nesse fim de semana, decidiu dar uma olhada neste Especial.

E que os jogos comecem!

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Em uma pacata vila da região de Rozan, nos Cinco Picos Antigos, vem acontecendo uma brutal onda de assassinatos. Todas as vitimas foram mortas da mesma forma, na calada da noite, com apenas uma semelhança entre elas: cada vitima tinha um trigrama do Ba Gua desenhado no corpo.

Uma série de símbolos semelhantes a estes:


Noutro dia, pela manhã, chega à vila um repórter, sozinho, sem equipe, que resolveu investigar aquelas misteriosas ocorrências, a fim implementar sua matéria sobre serial killers e outros assassinos de sua região.

Depois de andar muito pela vila, em busca de informações sobre os acontecimentos, o repórter começa a pensar seriamente na hipótese de desistir. Não obteve sucesso na coleta de informações, pois os habitantes ainda estavam aterrorizados com o caso. Quase sem esperanças, ele é abordado pelo dono do armazém local, que estava disposto a compartilhar as poucas informações que tinha sobre o ocorrido. O homem falou que viu rapidamente o assassino, e descreveu-o como sendo um homem muito alto, de físico forte e que usava uma manta de sacerdote. O detalhe mais estranho é que ele carregava consigo a hélice de um ventilador de teto, a qual usava como arma.

Já era noite quando a conversa terminou. A vila parecia uma cidade fantasma. Antes de se recolher para a estalagem, o repórter, intrigado pelo detalhe da manta sacerdotal usada pelo assassino, resolve ir ate o templo da vila. Quem sabe lá não conseguiria mais informações? Ao chegar lá, ele nota que o local parece abandonado. Mesmo assim, continua sua exploração mais a fundo, em direção ao salão de cerimônial. Chegando no salão, ele avista o sacerdote responsável pelo templo. Ele estava de pé, em cima de uma cadeira, com uma corda bem amarrada ao pescoço. O religioso vira-se para o repórter e diz, com uma voz trêmula:

"Aquele que impedir a purificação será punido."

E se suicida na frente do reporter. Assustado, ele corre em direção ao portão, mas é surpreendido. Havia esbarrado em resistente, algo firme e grande. Era um homem. Um homem trajando uma manta sacerdotal. O assassino.

— Ora ora, se não é o vermezinho intrometido... Você tem muita coragem de sujar este local sagrado com a sua presença imunda. Terei de purica-lo também, assim com fiz com os outros. Assim como você, eles não eram dignos de viver neste mundo.

O repórter recua e tenta acertar o Assassino com um soco, a fim de lutar por sua vida, mas o misterioso homem sob a manta de sacerdote reaje rapidamente, segurando o braço do repórter e jogando-o com força no chão. O jornalista tenta se arrastar, se erguer, mas o Assassino salta em sua direção. Ainda no ar, o homem fala:

— Agora, seu verme impuro, eu vou brincar com você. Hehehe... Começando pelas suas pernas!

O Assassino cai com força sobre as pernas do repórter, esmagando-as sem uma gota de piedade. A dor lancinante transforma-se em um grito sonoro na boca do repórter.

— Hahahaha! Tá doendo? acredite, só vai piorar!

De dentro de uma bolsa preta, o Assassino pega sua arma e diz:

— Agora vai ficar mais divertido. Vou te cortar beeeeem devagarinho, pra que a dor seja pior...

O homem posiciona a hélice na ponta do braço direito do repórter. E começa a multilação. Pouco a pouco, os tendões do braço vão se rompendo, os músculos se rasgando, os ossos se partindo... E o sangue escorrendo. O mesmo acontece com o braço esquerdo. O repórter grita e chora copiosamente.

— Hahaha! Seu choro é musica para os meus ouvidos! Vou terminar com isto de uma vez. Adeus, vermezinho.

O Assassino se prosta em cima do repórter, e com sua arma peculiar, dilacera violentamente o corpo do repórter ao meio.

Não se ouviram mais gritos de terror vindos do templo naquela noite.

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Já não conseguia mais dormir tranquilo.

Quando não tinha pesadelos psicodélicos, acordava no meio da noite, suado, com a cabeça latejando e em total desespero. Dormia sempre no mesmo lugar, em seu leito, em uma choupana perto do castelo, mas tinha a impressão de ter sido transportado para algum outro mundo — se é que isso era possível — sempre que acordava no meio da noite. Não, não apenas a impressão. Não mais. Já tinha certeza de que aquele lugar já não era mais sua velha choupana, ainda que seus olhos lhe mostrassem o contrário. Seu corpo permanecia ali, mas sua mente viajava. Estava em todos os lugares, e, ao mesmo tempo, em lugar nenhum. Milhares de anos se passavam em apenas algumas horas; horas essas que, a cada nova noite, pareciam durar mais e mais devido ao sofrimento daquelas alucinações doentias. A cada nova noite, um longo e árduo caminho até a próxima alvorada.

As bolsas negras debaixo dos olhos e a barba por fazer provavam à todos que as noites de sono perdidas não eram repostas durante o dia. A inquietude não o deixava cuidar bem de si mesmo. O mesmo valia para as lembranças daquelas noites malditas, que não saíam de sua cabeça. Visões turvas de realidades distópicas e paisagens retorcidas. Dunas vermelhas sob céus cor de topázio, com montanhas verdes, de ponta cabeça, cujos dos sopés — que na verdade eram os cumes — caíam cachoeiras de água verde até os céus. De algum modo, tudo aquilo parecia real para ele. Não fazia sentido algum, mas parecia real. Pelo menos durante a noite. Seu temor aumentava à medida em que a sombra do espantalho que protegia sua pequena lavoura se estendia pelo chão. Mais uma noite se aproximava. Mais uma maldita noite.

Tudo estava azul.

Um sonho? Se fosse, tudo parecia muito real. De novo. Ao seu lado, um enorme tubo, revestido de placas de metal, passa lentamente, emitindo um choro grave, quase inaudível. Olhou para cima. Peixes. Estava debaixo d’agua? Tudo indicava que sim. Quando tornou a olhar para frente, via apenas areia. Uma areia cor de rosa, fina e brilhante. A alguns metros a frente, avistara uma porta, suspensa em pleno ar, como se houvesse ali uma parede invisível para sustenta-la. Tentou andar em direção a ela, mas não saía do lugar. Ao invés disso, a porta se aproximava dele a cada passo que dava. A porta foi se aproximando cada vez mais, até que o trinco estava ao alcance de sua mão. Girou-o no sentido horário. A porta se abriu.

Nada.

Não havia nada.

Nada além de um ébano pleno. Hesitou por um momento, mas tomou fôlego — o pouco que ainda lhe restara — e acabou adentrando àquele breu.

Despertou.

Era apenas um sonho. Graças aos Deuses, apenas mais um maldito sonho. Sentou-se em sua cama, limpou o suor do rosto. Parou por um instante. Há algo de errado. Algo estava diferente ali, mas ainda estava muito perplexo para levantar e checar. Depois de alguns minutos sentado à beira da cama, refletindo, deixou que o desespero e a ânsia vencessem a cautela e a parcimônia e resolveu ver o que tinha acontecido. Foi até a porta de sua choupana. A porta improvisada com tábuas de madeira velha não estava mais lá. Em seu lugar, havia uma bela e ornamentada porta de cedro. A mesma que vira em seu sonho. Ao perceber isso, seu coração disparou aceleradamente. A mão, trêmula, estendia-se involuntariamente em direção ao trinco da porta. Girou-o. Mais uma vez, no sentido horário. A porta se abriu.

Um sonho?

Ainda estava num sonho? Não, não desta vez. Desta vez era real. À sua frente, atrás de sua choupana, uma estrada de tijolos amarelos, que começava abruptamente, se estendia, de maneira irregular, até onde a vista alcançava. Ao final dela — ou onde ela supostamente deveria terminar —, conseguia enxergar a sombra de um castelo. Sob seus pés, uma grama vermelha, cor de sangue, tomava o lugar antes ocupado por um chão de terra batida. Virou-se para a esquerda. Imensos casarões fincados, todos de cabeça para baixo, num campo de grama escarlate. Alguns equilibravam-se perfeitamente nas terminações pontiagudas daqueles telhados de arquitetura peculiar, enquanto outros pendiam para um lado ou para o outro. A maior parte deles tinha pedaços faltando, como se tivessem sido arrancados pela lâmina gigante de um cirurgião etéreo. Virou-se para a direita. Uma imensa torre negra, de espessura fina e achatada, se erguia na beira de um penhasco. No canto inferior direito da torre de formato estranho, havia escrito, em um líquido vermelho — aparentemente sangue —, “4.000”. O que aquilo significava? Jamais saberia. Virou-se para trás. Dois rios, de um fortíssimo de azul anil, se prolongavam até o horizonte, e lá, como se por alguma ausência de lógica ou sentido, subiam em direção ao céu. Foi acompanhando a trajetória dos dois rios até se ver olhando para cima. Não havia céu ali. Havia mar. O mar estava lá em cima. O mesmo tubo revestido de metal “voava” naquele mar, passando por entre cardumes de peixes de várias espécies, algumas delas nunca antes vistas em sua vida. Correu até o penhasco da torre negra e olhou para baixo. O céu. O céu estava no chão, e o mar estava no céu.

O que diabos havia acontecido ali?

Onde estava? Será que finalmente tinha enlouquecido de vez e não enxergava mais o que as pessoas comuns viam? Ou será que tinha sido levado para um outro mundo, um mundo bizarro que mais parecia o cantinho de brincadeiras de uma criança, onde ela abandonara vários de seus brinquedos de maneira aleatória? Se era isso que havia acontecido, como faria para voltar para seu mundo, para sua vida, se é que ainda estava vivo? Correu para a choupana, na esperança de atravessar a misteriosa e bonita porta mais uma vez e voltar para onde pertencia, mas ela não estava mais lá. Em seu lugar, a velha porta improvisada de sua choupana.

Não havia mais volta.

Não havia mais saída.

Correu as mãos trêmulas pela porta de madeira velha, deixou o corpo cair sobre as pernas e sentou-se na grama vermelha e fez a única coisa que conseguia pensar em fazer naquele momento.

Chorar.

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E lá se vai a segunda parte do nosso post especial de Halloween.

Amaram? Odiaram? Acharam "legalzinha", "mais ou menos" ou "podia ser melhor"? Solte o verbo bem aqui em baixo, sim, aí mesmo, nos comentários do post. Quem sabe não temos uma conversa bacana sobre os contos aqui mostrados?

Enfim, aguentem mais um pouquinho, pois a terceira e última parte está a caminho (se já não estiver por aqui, é claro)!

Até mais!

Por Paulo Victor e Breno Barbosa

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