domingo, 4 de outubro de 2015

Se não jogou, Talvez jogue... - Fire Emblem: Radiant Dawn (Wii)

Talvez. Só talvez...




Fala, galerinha desocupada, tudo tranquilo com vocês?

Então, criançada desocupada, vocês sabem muito bem que dia é hoje, não é? Caso você aí do outro lado da tela tenha acordado super-tarde e ainda anda meio desnorteado, Boa Tarde / Boa Noite, bem-vindo ao Domingo, o dia mais monótono da semana! Caso você não me conheça, eu me chamo Breno Barbosa, e modéstia a parte, estou aqui para salvar o seu Domingo! "Como?", você pergunta? Bem, que tal se eu atirar rajadas de conteúdo bacana direto na sua cuca? Que conteúdo? Nada demais, só um pouquinho de Games, umas pitadas de Cinema, alguns toques de Quadrinhos, algumas gotas de Séries, um tiquinho de Livros e o que mais nós — afinal eu nunca estou sozinho por aqui — acharmos que combine com a receita!

Nesta semana, trago à vocês uma recomendação bacana do reino dos Games... pero no mucho. Hoje falaremos um pouco sobre Fire Emblem: Radiant Dawn (ou Fire Emblem: Akatsuki no Megami, no original japonês), o décimo título da franquia Fire Emblem e sequência direta de Path of Radiance (para GameCube), lançado em Novembro de 2007 exclusivamente para o Nintendo Wii.

Anos depois da Guerra do Rei Louco, o continente de Tellius ainda está a se recuperar das casualidades do combate. Os países vitorioso seguem firmes em sua reconstrução, mas não se pode dizer o mesmo daqueles que perderam. Daein, país responsável por incitar a tal guerra, encontra-se dominado pela Força de Ocupação do Império Begnion, sob um regime opressor e corrupto. Em meio a injustiça, um grupo resolve se rebelar contra o poderoso Império. Liderado por uma misteriosa jovem de cabelos prateados, a Brigada do Amanhecer (Dawn Brigade) percorre o país lutando contra as injurias causadas pelo Império Begnion. Será que a jovem de cabelos prateados e sua Brigada conseguirão libertar sua terra natal?


Lembro-me muito bem da primeira vez em que joguei — e zerei — Fire Emblem: Radiant Dawn. Eu fiquei literalmente fascinado com o jogo de uma maneira geral. O que não era a toa, já que, até aquele ponto, meu único contato com esta franquia (que hoje é um das minhas favoritas) foram os games para Gameboy Advance. O simples fato de existir um Fire Emblem para um console de mesa já era o suficiente pra explodir a minha cabeça. Pra mim, não havia nada melhor, no que diz respeito a games de estratégia, que Fire Emblem: Path of Radiance e seu sucessor, Radiant Dawn. E assim eu permaneci. Pelo menos até algumas semanas semanas atrás, quando resolvi jogar Radiant Dawn novamente.

Deus do céu, como eu estava errado sobre esse jogo! Não que Radiant Dawn seja um jogo terrivelmente ruim, mas definitivamente, ele também não é o melhor Fire Emblem que há por aí, muito menos o melhor game de estratégia que existe, como eu costumava pensar.


"Mas o que há de tão errado com o coitado do Radiant Dawn", você pergunta? Bem, eu posso citar várias coisas, mas acho que o meu principal problema com o jogo é mais uma questão de Game Design, que eu vou me esforçar ao máximo pra explicar nas próximas linhas.

Em um game, do ponto de vista do "criador", ao apresentar um obstáculo ao jogador, você também deve apresentar uma maneira de soluciona-lo. Seja um power-up, um caminho alternativo ou um simples comando. Alguns designers conseguem implementar essas soluções de maneiras bem sutis — como, por exemplo, no primeiro Super Mario Bros., quando o primeiro Goomba da primeira fase está vindo na sua direção. Naquele ponto, você sabe que, pra avançar na fase, você deve seguir para o lado para o qual Mario está olhando. Porém, um inimigo está vindo na sua direção. Você não sabe exatamente como combate-lo, mas, mexendo nos botões alguns momentos antes, você descobriu que pode pular pressionando um deles, e que há um caminho de blocos acima do malfeitor. Daí, surgem duas soluções, dois caminhos diferentes: você pode jogar seguro e pular sobre os blocos, para desviar do Goomba; ou gritar "COWABUNGA!" e se jogar em cima dele. De ambos os jeitos, você vai conseguir solucionar o problema que lhe foi apresentado. Há várias outras maneiras de se implementar isso em um jogo — e é até bastante divertido parar para observar esses detalhes enquanto joga.

Fase 1-1 de Super Mario Bros.: servindo de exemplo para Game Design desde 1985.

Voltando o direcionamento da conversa para o assunto em questão, Fire Emblem: Radiant Dawn não faz um bom trabalho em fornecer soluções para os problemas que apresenta. Em muitas fases do jogo, você se verá de mãos atadas, sem recursos suficientes para derrotar seus inimigos de uma maneira razoável. Como um fã de longa data da série, eu posso falar com alguma propriedade que isso é algo incrível, impressionante — e não de uma maneira boa. Muitos jogos da franquia, anteriores a Radiant Dawn, conseguem se sair bem nesse quesito, sem perder a dificuldade e o desafio característicos da série e, ao mesmo tempo, ensinando as regras do game ao jogador.

Um exemplo? Bem, suponhamos que, em uma fase, você e sua equipe devam enfrentar Armor Knights (Cavaleiros de Armadura). Graças as armaduras, a defesa deles é bem alta e difícil de se superar com armas comuns. Porém, na fase anterior, ao derrotar um dos inimigos, você conseguiu uma arma chamada Armorslayer, uma espada que, segundo a descrição, é eficiente contra inimigos com armaduras. Além disso, nas lojas espalhadas pelo mapa, a mesma arma também está a venda. Com todo o seu grupo equipado, os Armor Knights serão uma ameaça a menos, deixando o seu progresso na fase um pouco mais suave, mas sem deixar de ser desafiador.

Em Radiant Dawn, esse artifício não é tão bem empregado quando nos títulos anteriores. Se você chega em uma fase semelhante a do exemplo que acabei de usar, o game te manda um "Se vira!" bem grande e pronto. Por mais que seja realmente possível se virar sem esses recursos que facilitariam a progressão, a experiência acaba se tornando injusta e desaconchegante, fazendo com que a tensão do desafio acabe se transformando em raiva e falta de vontade de progredir no jogo.

Esse motivo sozinho me fez mudar o título do post de "Se não jogou, jogue!" para "Se não jogou, Talvez jogue...", por ser um fator que não só pode, mas certamente irá afastar muitas pessoas do game. Isso e o fato de a morte dos personagens ser permanente. Pois é, caros desocupados, bem-vindos a Fire Emblem...

Caso você esteja se perguntando, Sim, ela morreu no final dessa luta.
E eu tive que começar a fase de novo...


Mas nem só de defeitos vive Fire Emblem: Radiant Dawn. O game também possui algumas qualidades bem interessantes.

Uma delas é a narrativa da progressão do game. Acho que esse termo ficou um pouco confuso por si só, mas vou explica-lo agora mesmo. Em vez de se dar em um só arco, a história de Radiant Dawn se dá em vários 'frontes" diferentes, retratando diferentes pontos de vista de um mesmo contexto. O game é dividido em 4 partes, e em cada uma delas, você servirá de estrategista para um grupo diferente. Cada arco contribui de uma maneira diferente para a trama principal, e durante o desenrolar da história, as diferentes linhas vão se juntando, conectando pontas soltas e trazendo de volta aliados valiosos que você pensou estarem perdidos para sempre.

O que pode incomodar, porém, é o estilo narrativo empregado no jogo. Se você gosta de ler — e entende de inglês —, Radiant Dawn não será um empecilho para você. Mas, se assim como eu, você acha que lugar de leitura é nos livros e não nos vídeo-games, você terá alguns probleminhas com Radiant Dawn. Uma boa parte da história do jogo é contada através de textos, com algumas poucos momentos que contam com um narrador. Há também algumas cutscenes, mas elas são tão escassas que dá pra conta-las nos dedos das mãos. Isso sem contar a dublagem, que não é das melhores.

Mesmo assim, no fundo, no fundo, você não vai estar perdendo muita coisa. Apesar de ter uma progressão interessante no que diz respeito a jogabilidade, a história de Radiant Dawn não é lá essas coisas. Se você já jogou um game da franquia Fire Emblem antes, com certeza já notou que, basicamente, todos eles possuem a mesma história, e não é diferente com Radiant Dawn. Claro, cada game tem suas particularidades — inclusive aquele aqui em questão —, mas no final, a conclusão sempre será a mesma.

Uma verdadeira pena essa batalha durar menos de 20 segundos...


No que diz respeito a visual, Fire Emblem: Radiant Dawn possui um visual decente para os padrões do Wii, mas que ainda deixa um bocado a desejar. As cutscenes são bastante bonitas, e as artes 2D de personagens e cenários são impecáveis, mas os modelos 3D in-game (dentro do jogo) são bem fracos. As miniaturas dos personagens nos mapas das batalhas são bem estranhas, se vistas de perto, e os modelos mostrados nas batalhas individuais — os suprassumos da série Fire Emblem —, apesar de bem construídos, possuem animações robóticas, truncadas e sem o mínimo de impacto visual. Algumas chegam a ser tão lentas e desagradáveis que você com certeza vai querer fazer uso da opção de desativar as animações de batalha, para que a fase corra com mais fluidez.

Assim como no visual, a parte sonora de Radiant Dawn também faz um trabalho decente, mas nada muito marcante ou memorável. As musicas são agradáveis e cativantes, tanto dentro das batalhas quanto fora delas, poucas delas vão ficar guardadas na sua cabeça depois de jogar. Um quesito digno de elogio, porém, é a variedade de faixas. Os temas das batalhas mudam de acordo com quem está atacando (aliados ou inimigos), e alguns personagens mais importantes contam até com temas próprios em seus confrontos individuais. Só é uma pena que nenhum deles seja orquestrado, mas todos são igualmente competentes. Particularmente, o meu tema favorito é The Devoted, o tema de ataque dos Greil's Mercenaries, um dos grupos que protagonizam o game. Escuta aí:


Hum... é, acho que já externei todas as minhas (muitas) injurias e (poucos) gracejos no que se refere a Fire Emblem: Radiant Dawn. Hora daquela boa e velha nota de sempre, não é mesmo?

E aí está ela -> 7.0 / 10

Apesar de estar recebendo uma nota bastante razoável, Fire Emblem: Radiant Dawn não é exatamente o tipo de game que eu recomendaria sem ressalvas, tanto para veteranos quanto para novatos. O game conta com problemas bem sérios de Game Design, que o tornam não desafiador, como deveria ser, mas injusto, e até mesmo irritante, em boa parte do tempo. O que é uma pena, já que, fora esses problemas, o game como um todo é bastante competente, com gráficos decentes, uma história interessante e uma trilha sonora decente.

Se mesmo com essas pedras no caminho, você quer dar uma chance à Fire Emblem: Radiant Dawn, jogue-se de cabeça, pois, apesar dos pesares, o game continua sendo legal. Mas se você ficou com um pé atrás, melhor deixar este pra lá e, quem sabe, dar uma chance à um outro Fire Emblem. Existem dezenas de títulos, muitos deles até melhores que Radiant Dawn.

Bem, galerinha, isso é tudo por hoje.

Um abraço pra todo mundo e até mais!

Por Breno Barbosa

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