Fui eu quem apagou sua luz?
Saudações, galerinha desocupada, tudo beleza com vocês? Como está sendo acordar todos os dias em um país sem Copa? Espero que todos já tenham se recuperado da ressaca do Mundial e já estejam no pique!
Enfim, esqueçamos essas lástimas e nos concentremos no que está a nossa frente: este belo e lindo post! Como alguns de vocês já sabem, hoje é dia de recomendar um(a) Filme, Série, Livro, HQ ou Game super-bacana (na nossa opinião é claro); ou, quem sabe, apenas usar este espaço livre para destilar nossas humildes opiniões fecais em pequenos e singelos artigos. Bem, seja o que for, o que importa é que hoje, graças ao Fantasma Negro, é dia de post novo!
E aproveitando a levada da minha recomendação anterior (que foi o excelentíssimo Giant Killing), trago à vocês mais uma animação japonesa (ou anime, para os mais íntimos) "under the radar" — que, traduzindo livremente, é um termo que denomina uma obra desconhecida e/ou ignorada fora de terra de origem (ou até mesmo dentro dela). A bola da vez é The Skull Man, anime produzido pelo Estúdio Bones (responsável por pérolas como Fullmetal Alchemist: Brotherhood e Sword of The Stranger) e exibido pela Fuji TV entre Abril e Julho de 2007, com 13 episódios. The Skull Man é baseado no mangá homônimo de Shotaro Ishinomori, de 1970, e também serve como pseudo-prequel (ou "prequência"; que se passa antes da obra original) para Cyborg 009, do mesmo autor.
Uma série de misteriosos assassinatos vêm ocorrendo na pequena cidade do Ootomo, no Japão. Pouquíssimo se sabe sobre os ocorridos, mas todas as testemunhas ouvidas afirmam que o responsável por esses inúmeros homicídios é um homem de vestes pretas, cujo o rosto permanece escondido sob uma máscara de caveira. Atraído pelos rumores do tal Homem-Caveira — como o misterioso assassino ficou conhecido popularmente —, o jovem jornalista Mikogami Hayato decide viajar para Ootomo, determinado a conceber o maior furo de reportagem de sua carreira: desmascarar o Homem-Caveira e desvendar todos os mistérios que o sucedem. Será que Hayato conseguirá o furo de sua vida? Ou será que esse mistério é grande demais para suas habilidades jornalísticas?
Estamos muito mal acostumados ultimamente, não é mesmo, meus caros desocupados? Em relação a que? À tudo. Ou quase tudo, pelo menos. Com a invenção dos automóveis, não precisamos mais andar de lá pra cá e de cá pra lá até as canelas cansarem; com o advento da internet, não precisamos mais sair de casa para assistir filmes ou séries ou ler livros ou quadrinhos; com os telefones celulares, não precisamos falar diretamente com as pessoas que gostamos (ou que que não gostamos)... Não que eu esteja criticando os avanços da tecnologia, muito pelo contrário, como um belíssimo preguiçoso e um desocupado exemplar, eu sou totalmente a favor de todas essas maravilhas tecnológicas e de todos os confortos que elas nos proporcionam (sem abrir mão do contato pessoal, é claro), mas uma coisa é certa: elas nos acostumaram muito mal. Aonde eu quero chegar com toda essa "discussão social" (ou seja lá qual seja o nome do que eu acabei de falar)? Não muito longe, apenas quis traçar um paralelo entre a realidade em que vivemos e a mídia aqui em questão — no caso, as séries/animações, sejam japonesas ou de qualquer outra nacionalidade. Estamos acostumados com um formato padrão, confortável à todos (ou pelo menos para a maioria), e tudo aquilo que foge a esse padrão acaba nos incomodando, geralmente mais para o mal do que para o bem. E é aí onde The Skull Man se encaixa: um anime que foge do que estamos acostumados.
De que modo o Homem-Caveira se diferencia de seus semelhantes? Há outros fatores, é claro, mas eu começaria pelo enredo da série. The Skull Man é uma animação mais séria — porém não necessariamente adulta, já que, além de alguns litros de sangue, não há nenhum outro elemento que o impossibilite de ser consumido ou compreendido por desocupados mais novos —, com foco na investigação, no mistério que circunda todos os personagens e que faz com que a trama siga em frente; e como todo bom mistério, ele não é tão fácil de se desvendar. Esse é o ponto mais forte de The Skull Man, mas é também seu ponto mais fraco. Por que? Hum... vamos lá.
Mas antes, um descanso para os olhos (dica de Angelo Alexsander).
Como eu já disse, The Skull Man é um anime que se foca bastante no mistério, e usa de alguns artifícios em sua narrativa para manter esse mistério bem guardado. The Skull Man não entrega nada de bandeja para seus espectadores. Outros animes usam de flashbacks ou explicações para deixar claros certos detalhes da trama que foram deixados no ar ou que não foram explorados com muita atenção em determinado momento da série, mas não The Skull Man. Não há flashbacks nem são desenvolvidas explicações de elementos que foram soltos na trama, a série apenas deixa esses detalhes subentendidos. É como se a história por trás de todo o mistério de The Skull Man fosse um quebra-cabeça, e a série te desse as peças pra que você montasse sozinho, do jeito que você acha mais conveniente. Mas The Skull Man não te dá todas as peças necessárias pra completar esse quebra-cabeça. Algumas dessas peças você vai ter que procurar por conta própria, e é exatamente nesse ponto onde eu queria chegar.
Por um lado, este é um ótimo artifício de roteiro, que deixa o espectador intrigado, com vontade de querer saber cada vez mais sobre aquele mistério, que vai ficando mais complexo a cada novo episódio. Isso incentiva o espectador a sair da sua zona de conforto — onde ele recebe tudo o que precisa de mãos beijadas, tendo como único trabalho prestar atenção para não perder nenhuma informação muito importante — e faz com que ele ponha o pé no caminho e pesquise sobre os detalhes escondidos da trama, seja em resumos internet afora ou até mesmo recorrendo as obras originais (os mangás antigos de The Skull Man e os mangás e animações de Cyborg 009, ambos criados por Shotaro Ishinomori). Mas por outro lado, isso acaba fazendo com que a série não se sustente totalmente sozinha, tornando quase obrigatórias a pesquisa e o consumo das obras originais, como eu disse agora há pouco. Particularmente, essa "mecânica" empregada pela série me incomodou um pouco, mas eu gostei de me sentir envolvido com aquela trama ao estar pesquisando as "peças" que faltavam a torto e a direito, o que acabou aumentando ainda mais o meu interesse nas obras de Shotaro Ishinomori, principalmente por Cyborg 009. Mas cada caso é um caso, então eu não posso garantir que você, querido(a) desocupado(a), terá a mesma reação que este que aqui vos escreve teve em relação a The Skull Man.
Mas antes, um descanso para os olhos (dica de Angelo Alexsander).
Como eu já disse, The Skull Man é um anime que se foca bastante no mistério, e usa de alguns artifícios em sua narrativa para manter esse mistério bem guardado. The Skull Man não entrega nada de bandeja para seus espectadores. Outros animes usam de flashbacks ou explicações para deixar claros certos detalhes da trama que foram deixados no ar ou que não foram explorados com muita atenção em determinado momento da série, mas não The Skull Man. Não há flashbacks nem são desenvolvidas explicações de elementos que foram soltos na trama, a série apenas deixa esses detalhes subentendidos. É como se a história por trás de todo o mistério de The Skull Man fosse um quebra-cabeça, e a série te desse as peças pra que você montasse sozinho, do jeito que você acha mais conveniente. Mas The Skull Man não te dá todas as peças necessárias pra completar esse quebra-cabeça. Algumas dessas peças você vai ter que procurar por conta própria, e é exatamente nesse ponto onde eu queria chegar.
Por um lado, este é um ótimo artifício de roteiro, que deixa o espectador intrigado, com vontade de querer saber cada vez mais sobre aquele mistério, que vai ficando mais complexo a cada novo episódio. Isso incentiva o espectador a sair da sua zona de conforto — onde ele recebe tudo o que precisa de mãos beijadas, tendo como único trabalho prestar atenção para não perder nenhuma informação muito importante — e faz com que ele ponha o pé no caminho e pesquise sobre os detalhes escondidos da trama, seja em resumos internet afora ou até mesmo recorrendo as obras originais (os mangás antigos de The Skull Man e os mangás e animações de Cyborg 009, ambos criados por Shotaro Ishinomori). Mas por outro lado, isso acaba fazendo com que a série não se sustente totalmente sozinha, tornando quase obrigatórias a pesquisa e o consumo das obras originais, como eu disse agora há pouco. Particularmente, essa "mecânica" empregada pela série me incomodou um pouco, mas eu gostei de me sentir envolvido com aquela trama ao estar pesquisando as "peças" que faltavam a torto e a direito, o que acabou aumentando ainda mais o meu interesse nas obras de Shotaro Ishinomori, principalmente por Cyborg 009. Mas cada caso é um caso, então eu não posso garantir que você, querido(a) desocupado(a), terá a mesma reação que este que aqui vos escreve teve em relação a The Skull Man.
Outro detalhe bastante interessante de The Skull Man é que, apesar da série levar o nome do personagem principal e de seu enredo girar em torno dele, nós, espectadores, não acompanhamos o desenvolvimento da trama sob o ponto de vista do tal Homem-Caveira, mas sim daqueles que o circundam, principalmente do jornalista Mikogami Hayato — citado na pequena sinopse, lá em cima — e de seus amigos (e inimigos). Dos animes que eu assisti em minha curta vidinha — ou pelo menos dos que tenho lembrança —, The Skull Man é o único onde os personagens secundários têm mais tempo em tela, e até mesmo mais desenvolvimento, algumas vezes, que o próprio personagem principal. Se toda essa atenção ao elenco de suporte atrapalha o desenvolvimento do personagem? Impressionantemente, não, pois é através dos personagens secundários acabamos conhecendo o misterioso Homem-Caveira, descobrindo, e até mesmo simpatizando, com suas motivações e os meios usados por ele para alcança-las. Essa não é a coisa mais revolucionária do universo, mas com certeza é um diferencial, e diferenciais são sempre bem-vindos, principalmente numa mídia em que, cada vez mais, temos mais do mesmo.
Visualmente, The Skull Man possui um traço não muito único, mas bastante atraente. The Skull Man possui um estilo mais adulto, não necessariamente apelando para o realismo, mas evitando feições e formas mais cartunescas, como caretas super-expressivas e corpos exagerados (narizes avantajados, olhos gigantes, bocas e dentes tortos, e coisas desse naipe). O que mais atrai no estilo de The Skull Man é o design de seus personagens. Cada um deles tem um visual único e que encaixa perfeitamente com suas respectivas personalidades. Muitos desses personagens são exclusivos do anime, mas há também algumas participações especiais de personagens de outros mangás de Shotaro Ishinomori — principalmente Cyborg 009 —, e é bastante interessante ver esses personagens reinterpretados por outros artistas, adaptando o estilo cartunesco de Ishinomori para uma versão mais sóbria e realista. O próprio protagonista da série, Skull Man, pode ser encaixado nesse perfil, já que seu design original é bastante diferente do que o que vemos durante o anime. Devido ao ritmo mais lento e soturno da trama, na maior parte do tempo, a animação é parada e sem muito brilho, mas o Estúdio Bones não deixa peteca cair quando o roteiro dá uma acelerada, entregando batalhas fluidas e cativantes — na medida do possível, é claro, já que não estamos falando necessariamente de uma série de ação.
A trilha sonora de The Skull Man também não fica por baixo. Assim como a própria série, as musicas possuem um ritmo mais obscuro. São poucas as faixas mais agitadas ou animadas, pois grande parte delas estão lá para incitar o clima sombrio do anime. Basicamente, a trilha sonora de The Skull Man segue uma pegada mais próxima da Música Clássica, mas também há algumas pitadas de Blues em algumas faixas. Uma mistura um tanto quanto inusitada, mas que acaba casando muito bem, principalmente como pano de fundo de uma série como The Skull Man. Dentre elas, vale destacar a musica de abertura, Hikari no Machi, interpretada pela banda TOKIO. Escuta só:
Hum... confere... confere, também... erm.... é, pelo visto, eu já falei tudo o que tinha pra falar. Hora daquela boa e velha nota, obscura, misteriosa, soturna e silenciosa com a noite. Na verdade ela não é nada disso, mas eu só queria fazer um joguinho com as palavras que usei e abusei durante esse post...
Enfim, chega de papo! -> 8.0 / 10
The Skull Man é um anime que foge do padrão estabelecido por seus semelhantes, através de uma narrativa que se preocupa muito mais em fazer com que os espectadores criem suas próprias interpretações a partir de ideais e conceitos apresentados durante a trama que entregar todos os detalhes do enredo de mãos beijadas. Uma jogada bastante interessante e ousada, mas que também acaba por fazer com que a série não consiga se sustentar 100% sozinha, forçando os espectadores a ter que recorrer a outras obras do autor Shotaro Ishinomori atrás de informações e esclarecimentos para alguns momentos mais "misteriosos" do anime.
Portanto, se você está a procura de um anime curtinho, mas com uma proposta interessante e uma narrativa um tanto quanto diferente do que se está acostumado a ver por aí, The Skull Man é uma ótima pedida para você, meu caro desocupado! Só tenha cuidado ao sair de casa depois da meia noite...
Bem galerinha, isso é tudo por hoje.
Um abraço pra vocês e até depois!
Por Breno Barbosa
Visualmente, The Skull Man possui um traço não muito único, mas bastante atraente. The Skull Man possui um estilo mais adulto, não necessariamente apelando para o realismo, mas evitando feições e formas mais cartunescas, como caretas super-expressivas e corpos exagerados (narizes avantajados, olhos gigantes, bocas e dentes tortos, e coisas desse naipe). O que mais atrai no estilo de The Skull Man é o design de seus personagens. Cada um deles tem um visual único e que encaixa perfeitamente com suas respectivas personalidades. Muitos desses personagens são exclusivos do anime, mas há também algumas participações especiais de personagens de outros mangás de Shotaro Ishinomori — principalmente Cyborg 009 —, e é bastante interessante ver esses personagens reinterpretados por outros artistas, adaptando o estilo cartunesco de Ishinomori para uma versão mais sóbria e realista. O próprio protagonista da série, Skull Man, pode ser encaixado nesse perfil, já que seu design original é bastante diferente do que o que vemos durante o anime. Devido ao ritmo mais lento e soturno da trama, na maior parte do tempo, a animação é parada e sem muito brilho, mas o Estúdio Bones não deixa peteca cair quando o roteiro dá uma acelerada, entregando batalhas fluidas e cativantes — na medida do possível, é claro, já que não estamos falando necessariamente de uma série de ação.
A trilha sonora de The Skull Man também não fica por baixo. Assim como a própria série, as musicas possuem um ritmo mais obscuro. São poucas as faixas mais agitadas ou animadas, pois grande parte delas estão lá para incitar o clima sombrio do anime. Basicamente, a trilha sonora de The Skull Man segue uma pegada mais próxima da Música Clássica, mas também há algumas pitadas de Blues em algumas faixas. Uma mistura um tanto quanto inusitada, mas que acaba casando muito bem, principalmente como pano de fundo de uma série como The Skull Man. Dentre elas, vale destacar a musica de abertura, Hikari no Machi, interpretada pela banda TOKIO. Escuta só:
Enfim, chega de papo! -> 8.0 / 10
The Skull Man é um anime que foge do padrão estabelecido por seus semelhantes, através de uma narrativa que se preocupa muito mais em fazer com que os espectadores criem suas próprias interpretações a partir de ideais e conceitos apresentados durante a trama que entregar todos os detalhes do enredo de mãos beijadas. Uma jogada bastante interessante e ousada, mas que também acaba por fazer com que a série não consiga se sustentar 100% sozinha, forçando os espectadores a ter que recorrer a outras obras do autor Shotaro Ishinomori atrás de informações e esclarecimentos para alguns momentos mais "misteriosos" do anime.
Portanto, se você está a procura de um anime curtinho, mas com uma proposta interessante e uma narrativa um tanto quanto diferente do que se está acostumado a ver por aí, The Skull Man é uma ótima pedida para você, meu caro desocupado! Só tenha cuidado ao sair de casa depois da meia noite...
Bem galerinha, isso é tudo por hoje.
Um abraço pra vocês e até depois!
Por Breno Barbosa
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