domingo, 17 de novembro de 2013

Se não jogou, jogue! - Hammerin' Harry (Arcade)

O mundo precisa de mais martelos e menos capitalismo.




O que você faria se sentisse fome? Iria comprar algo numa vendinha próxima e preparar o rango, certo? Foi exatamente isso que Harry fez. Para o azar dele, assim que saiu de casa, um grupo mal-intencionado de pedreiros japoneses resolveu demolir sua casa usando apenas martelos, com a irmãzinha de Harry dentro. Tudo isso para conseguir 6m² de terra pra construir um shopping. Ao voltar para casa, nosso protagonista se vê sem teto, somente o céu acima de sua cabeça. Após muito pesar por ter perdido sua casa, agora ele busca vingança. Tornando-se nada menos que o próprio Deus do Martelo de Madeira, Harry demolirá o mal.

Hammerin' Harry
, jogo lançado pela Irem ( aquela empresa lá, dos R-Type da vida), é um daqueles jogos que você provavelmente nunca se imaginou jogando. Ele tem esse jeito meio sem-sal nem tempero nenhum, ao mesmo tempo que isso te leva a querer saber onde toda essa maracutaia vai dar.

Para início de conversa, nosso herói (se é que eu posso chamar um cara que esmaga crânios de um indefinido, porém gigantesco, número de inimigos com uma marreta de tamanho gigante de herói) é um baixinho japonês marrento que parece um sushiman (se bem que todo japonês parece com um...). Harry é um cara que não aguenta desaforo e vai em busca do que quer, e esta busca é, até certo ponto, interessante. Por quê? Porque apesar das constantes tentativas de suborno, Harry sabe no seu íntimo que não há lugar como o lar.

Irem, como sempre, a frente de seu tempo e introduzindo relações não-tradicionais entre dois homens.

Hammerin' Harry é divertido. Simples assim. A simplicidade efetivamente empregada pela Irem aqui é o sucesso do jogo, em maior parte.

O jogo pega essa simplicidade e aplica muito bem nos gráficos, por exemplo. Hammerin' Harry é bonito e sabe se ambientar. Ora, se estamos combatendo a mais maligna organização de pedreiros, mestres de obra e engenheiros, nada mais justo combate-los em seu habitat natural, ou seja, obras em construção/demolição. Por competência dos produtores, temos um cenário limpo, apesar de suas cores mais mortas, marrons ou acinzentadas em sua maioria e de seu ambiente rústico.

Os inimigos são estranhos por serem estranhamente comuns. Parece até que resolveram misturar jovens senhores japoneses que trabalham na indústria da construção civil com punks e ninjas. Eles são muito estranhos. Temos um sushiman assassino, uma toupeira que pode parir quantas toupeirinhas quiser aleatoriamente (Breno -> Reprodução Assexuada) e até uma larva horrenda e invencível. Com essa gama de inimigos, Harry é um cara condenado... condenado a destruir todos eles.

"Segura meu saco!"

O jogo lembrou-me de Shinobi nesse quesito, e não só nesse, na verdade. Ambos são bem parecidos, tanto em sua estética, pela escolha das cores; quanto em sua jogabilidade um pouco truncada, sendo Harry um pouco mais travado devido ao fato de ele ser um brucutu de 1,50m. Além disso, ele é mais um daqueles pobres seres humanos que sofrem da doença de morrer com um dano só. Isso lembra alguém? Mas ao contrário de um certo ninja, nosso marreteiro possui algumas habilidades que o auxiliam numa maior expectativa de vida (como nós sabemos, japoneses vivem muito).

A jogabilidade é básica de um bom plataforma. Usando sua marreta, Harry pode simplesmente bater em seus inimigos, atordoá-los ao atingir o chão com sua força herculana e simplesmente dar uma levantadinha na marreta sobre sua cabeça, pra escapar de algum ataque aéreo.

Claro, que como todo bom protagonista, ele conta com os clássicos power-ups. Cansado de morrer com um golpe só, mas pensa que item seria capaz de diminuir essa desvantagem? Que tal um capacete? Acha que seu instrumento é pequeno e ainda não satisfaz? Pegue um POW (lê-se "páu") e aumente seu pe... rigo. Tá se achando lento e quer ficar mais frenético? Temos a solução com uma pimentinha malagueta que dá super-velocidade para nosso marreteiro. Por ultimo, mas não menos importante, temos as poderosas calças azuis do poder, que deixam Harry dentro das tendências da moda nos anos 90. Todos os power-ups são úteis, então divirta-se com eles.

Contrabandismo de pornografia e bombas... considerando que a unica mulher do jogo só aparece no fim, eu os entendo.

Hammerin' Harry é um jogo difícil no começo, mas depois que se pega a manha ele não oferece tanta resistência em sua dificuldade inicial. Maior parte da dificuldade vem da morte de uma lapada só, o que não é um problema, já que é de praxe da escolinha caça-níquéis.

Não, longe disso, o único defeito grave de HH é sua trilha sonora fraquinha, sem sal e que praticamente está lá só pra dizer que Harry é japonês. Além de ser fraca, ela é constantemente obscurecida pelo fato dos efeitos sonoros chamarem mais atenção, e por efeitos sonoros eu digo os "AAAAAAAAAARGH" e  "AAAAAAAAAAAAAW" dos inimigos. Não gosto quando os efeitos sonoros tiram o brilho, mesmo quase inexistente, da trilha sonora. Parece preguiça de compor algo legal.

No fim do dia, você vai gostar de jogar HH por seu personagem carismático e por ser um plataforma exótico. Não é o mais bonito, mas tem um visual cativante pra caramba. Também não é o mais musical, porém cumpre o papel de um jogo, que é divertir.


O Perdão é a maior arma do ser humano. E o medo de apanhar também.

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