domingo, 7 de junho de 2015

Se não leu, leia! - Penadinho: Vida

Até que a vida os separe.




Saudações, galerinha desocupada, tudo tranquilo com vocês?

Sim, cá estou eu, Breno Barbosa, novamente, pela terceira semana seguida. Tenho certeza que ainda nem deu tempo de sentir saudades de mim, não é? Pois é, esta semana seria o retorno triunfal de Angelo, o Alexsander, mas advinha só quem apagou o post do coleguinha sem querer? Sim, meus caros desocupados, este que vos escreve! Parabéns pra mim! Mas como mandam as regras, não pode faltar o santo post da semana aqui no Desocupado, então cá estou eu, em busca de redenção, porque o show não pode parar!

Parando pra dar uma conferida aqui, faz muito tempo que eu não falo sobre HQs aqui no blog, não é? Tipo, muito tempo MESMO! A última postagem foi de Outubro de 2014 (sobre a lindíssima Bidu: Caminhos, confere lá)!

Mas não se preocupem, pois hoje finalmente trarei à vocês mais uma excelente HQ. Desta vez, trata-se de Penadinho: Vida, a mais nova revista do selo Graphic MSP — que, pra quem ainda não conhece, é a ideia maluca do editor-chefe da Maurício de Sousa Produções, o grandessíssimo Sidney Gusman, de  fazer com que quadrinistas brasileiros reinterpretem os personagens clássicos do universo da Turma da Mônica em seus respectivos estilos. Os artistas da vez são Paulo Crumbim e Cristina Eiko, o casal responsável pela premiada série de quadrinhos independente Quadrinhos A2.

O que você faria se o amor da sua vida — para o qual você ainda não teve coragem de revelar seus sentimentos — estivesse com os dias contados para ir embora de vez da sua vida — ou, no caso, da sua morte? É com essa pavorosa situação que Penadinho tem que lidar. Sua querida Alminha irá reencarnar logo logo, ao nascer do sol, mas ele ainda não teve forças para dizer o que sente por ela. E justo quando ele percebe que esta pode ser a última chance de vê-la, que é "agora ou nunca", Alminha desaparece misteriosamente. Penadinho resolve partir em busca dela, mas não irá sozinho: sua horripilante turminha do cemitério o acompanhará nessa aventura. Será que Penadinho e seus amigos conseguirão achar Alminha antes do nascer do sol?


Vagando pelos corredores mais antigos do blog e fazendo a matemática (a parte mais difícil), esta já é quarta postagem que faço sobre um título do selo Graphic MSP. Fazendo mais contas ainda (a cabeça já está fumaçando), até este dado momento, ao todo, foram lançadas 7 revistas pelo selo, portanto, apenas 3 das 7 já lançadas — contando com a HQ aqui em pauta — não foram comentadas aqui no Desocupado. Olhando pra todas essas estatísticas, acho que dá pra perceber que eu sou um baita fã do Graphic MSP, não é? E eu nunca canso de repetir que o sou mesmo sem ter crescido lendo as revistinhas da Turma da Mônica do Maurício de Sousa. O que isso quer dizer? Quer dizer que eu não guardo nenhum tipo de bagagem emocional para com a turminha da golducha dentuça, portanto, sou (quase) totalmente novo e puro neste novo universo das Graphics MSP, sem apego ou carinho pelos personagens de cada título. A não ser o carinho e o apego que nasceram ao ler as revistas do selo, é claro.

O mesmo vale para os autores que assinam Penadinho: Vida, Paulo Eiko e Cristina Crumbim. Ops, Paulo Crumbrim e Cristina Eiko! Eu já tinha ouvido falar — muito bem, por sinal — da série de HQs independentes deles, a Quadrinhos A2, e apesar da vontade, nunca tive a oportunidade de lê-la, por motivos de força maior — também conhecidos como "estar sem um tostão bolso". E assim como nos títulos da Graphic MSP, meu carinho e admiração por eles só nasceu depois de ler Penadinho: Vida.


Pra começar, não tem como não se tornar fã do traço do casal só de olhar a capa da revista. Quem imaginaria que Penadinho e sua turma poderiam ficar mais fofos e bonitinhos do que já são no traço de Maurício de Sousa? Essas impressões só se confirmam ao abrir e folhear a HQ, e ainda se misturam com alguns elementos novos. O estilo do casal lembra bastante os mangás em estilo SD (Super Deformed), mas com suas próprias particularidades, como as formas mais esguias e arredondadas, sem muitas pontas. Em contraste ao traço fofinho está a paleta de cores adotada no álbum, sempre com cores frias, dando uma tonalidade sombria bastante estranha, mas totalmente bem vinda. É como estar na história de terror mais fofa do mundo. Controverso? Um pouco. Ruim? De jeito nenhum.

Há também toda uma atenção para a iluminação, tanto para os personagens quanto para os ambientes em que se encontram. Eu realmente não sei como descrever isso direito, mas realmente parece estar de noite em Penadinho: Vida. Sim, história da HQ se passa durante a noite, então isso é bem óbvio, mas a ambientação, as cores e a iluminação usadas pelos autores conseguem retratam esse período do dia de modo tão verdadeiro que chega a surpreender, por mais que seja algo tão trivial. Até a cor de fundo das páginas ajuda nesse processo, mudando de acordo ou se misturando ao ambiente retratado na história. Estamos nas ruas da cidade? As páginas ficam brancas. Entramos em uma mansão no alto da colina? As páginas ficam pretas. Há até uma certa cena da HQ em que a transição preto/branco acontece na mesma página, em uma sacada muito bem pensada.

E não tem como falar de iluminação sem falar de Penadinho e Alminha. Talvez o detalhe visual mais bonito da revista seja o fato de que tanto Penadinho quanto Alminha possuem uma luz própria, uma espécie de brilho, bem leve, mas que influencia diretamente no esquema de iluminação dos cenários e dos personagens que estão em volta deles.


Como não poderia deixar de ser em uma boa HQ, a arte não é o único elemento que conquista em Penadinho: Vida. O roteiro da HQ também é muito bem construído, fazendo um ótimo trabalho em (re) apresentar seus personagens — já nas primeiras páginas da revista — e preparando o terreno para a aventura que se seguirá. Particularmente, eu não gosto de comparar obras, mas isso foi algo que senti falta em outro título do selo Graphic MSP, Bidu: Caminhos (do qual já falei aqui no blog), onde não há exatamente um objetivo que faça com que o personagem principal — e o leitor, também — siga em frente. Felizmente, Penadinho: Vida faz isso muito bem, e te mantém com os olhos grudados na HQ o tempo todo — e até te diz a hora (e a maneira) de passar para a próxima página. Piadinha interna da revista, entendedores entenderão.

A propósito, falando em piadinhas internas, Penadinho: Vida está cheio de pequenas referências, que vão desde grandes clássicos do rock a filmes de terror que marcaram o gênero, e até mesmo, por que não, um pouquinho de vídeo game.

Continuando a falar sobre o roteiro de Penadinho: Vida, mas partindo prum lado mais "emocional", não tem como não se identificar, nem que apenas um pouquinho, com  problemática levantada pela HQ. É difícil falar sobre isso sem entregar detalhes importantes da história (não necessariamente spoilers) ou filosofar demais. Acho que o máximo que posso dizer é que, falando de uma maneira mais pessoal, eu consegui me identificar bastante com o Penadinho dentro da história. Não só consegui enxergar um pedaço de mim — minha personalidade e seus problemas — no personagem, como também consegui encontrar nele uma "inspiração" para, quem sabe, ser um pouquinho melhor, ou não repetir certos erros.

Tenho certeza que minha história e problemas não interessam a nenhum de vocês, queridos desocupados, e nem é minha intenção fazer deste post uma mini-auto-biografia, mas uma obra sempre ganha alguns pontinhos a mais no seu coração quando te toca de maneira mais pessoal, não é mesmo? E Penadinho: Vida conseguiu esta bela proeza com este que vos escreve.


É, acreditem ou não, acho que já falei tudinho. Deus sabe que eu costumo me estender pra caramba nos meus posts, mas por hoje, isso é tudo que eu tenho pra falar. Hora da antiga e querida Dona Nota, não é mesmo?

E aí está ela -> 10 / 10

E mais uma vez, o selo Graphic MSP não decepciona. Penadinho: Vida traz uma história simples, bem amarrada e que conversa diretamente com todo tipo de leitor — afinal, quem nunca passou pelos problemas do Penadinho, não é? —, ilustrada de uma maneira assustadoramente fofa, com um traço limpo e cativante, em contraste com cores frias e tons bastante sombrios. Definitivamente, uma das melhores HQs lançadas pelo selo Graphic MSP até então — e minha segunda favorita, logo depois de Turma da Mônica: Laços!

"Entonce", se você está com alguns trocados sobrando no cofre e está afim de ler uma boa história em quadrinhos, seja um investidor inteligente e aplique seus tostões em Penadinho: Vida!

No mais, isso é tudo, meus caros desocupados.

Um abraço, e até a próxima!

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