domingo, 10 de abril de 2016

Se não viu, veja! - Bakemono no Ko (2015)

Vivendo e aprendendo.




Fala, galerinha desocupada! Tudo em paz com vocês?

Esse domingo tá meio pra baixo, não é mesmo? Calor desumano, nenhuma temporada nova daquela série bacana pra maratonar no Netflix, nenhuma aquisição nova pra testar na estante de games... Realmente, a situação está bem complicada. Mas não desanime, pois domingo é dia de post novo aqui no Desocupado, e quem já é da casa sabe que nós nunca decepcionamos na hora de trazer recomendações interessantes para vocês, nossos queridos desocupados. Seja no Cinema, nos Games, nos Livros, nas Séries ou nos Quadrinhos, nós sempre trazemos algo legal pra você toda semana!

E nesta semana, como a agenda cinéfila deste que aqui vos escreve anda um tanto atrasada, acabei trazendo um filme de um passado não tão distante — mas que ainda vale totalmente a pena dar uma conferida. Hoje, meus caros desocupados, falaremos sobre Bakemono no Ko (The Boy and The Beast, em terras norte-americanas, e O Garoto e A Besta, em uma tradução livre para o português), o mais atual longa animado do aclamado diretor Mamoru Hosoda — autor de obras como Summer Wars e Wolf Children. Em sua terra de origem (Japão), Bakemono no Ko foi lançado em 11 de Julho de 2015, mas a animação só saiu do Japão no começo de 2016, chegando em Janeiro na França e em Março nos Estados Unidos.

Kyuta é um garoto órfão, que mora sozinho pelas ruas de Shibuya, no Japão. Um dia, em uma de suas andanças, ele se depara com um indivíduo no mínimo peculiar — com grandes presas, uma estatura incomum e muitos, muitos pelos no corpo. O estranho convida Kyuta à tornar-se seu discípulo — seja lá o que isso signifique. Sem muita opção, Kyuta aceita a proposta e segue o estranho até um mundo que ele jamais imaginava existir: O Mundo das Bestas. Agora, neste novo mundo, Kyuta deverá treinar junto ao seu mestre — o impulsivo e teimoso Kumatetsu — para tornarem-se os melhores guerreiros do Mundo das Bestas, descobrindo, no caminho, o verdadeiro significado de Força.


Eu lembro de ter tomado conhecimento de Bakemono no Ko há quase um ano atrás, no comecinho de 2015. Assim que vi o trailer, a única coisa que consegui pensar foi "Eu quero esta maravilha na minha vida agora mesmo!". No fundo, porém, eu sabia que não teria o que queria por um longo, longo tempo. Felizmente, 2015 foi um ano cheio de filmes bacanas, que tiraram minha atenção de Bakemono no Ko — mas nunca me fizeram esquece-lo, porém.

Passado um bom tempo, depois de acompanhar notícias de que a animação estava cotada para concorrer ao Oscar 2016 — mas infelizmente, não conseguindo se classificar para a premiação —; e que estava sendo muito bem recebido pela crítica internacional, eu finalmente tive a oportunidade de conferir Bakemono no Ko com meus próprios olhos. E aí, será que valeu a espera? É sobre isso que vamos discutir daqui a pouquinho!


Pois bem, voltando da nossa bela imagem de quebra... Do que é que estávamos falando mesmo? Ah, sim! Lembrei! Pois é, será que valeu a pena a espera por Bakemono no Ko? Tendo assistido ao filme, eu finalmente posso responder: sim, a espera valeu a pena, mas não totalmente.

"Mas por que o filme não valeu totalmente a espera?" você pergunta. Ok, vamos construir a resposta.

Bakemono no Ko constrói e estabelece muito bem sua história — um garoto órfão acompanha uma criatura estranha até um mundo mágico e lá, acaba criando laços afetivos com seus habitantes. Só a proposta já parece carismática, e quando ela se concretiza no filme, torna-se mais carismática ainda. É divertido, engraçado e emocionante assistir ao crescimento não só do protagonista, Kyuta, mas também seu mestre, Kumatetsu. Bakemono no Ko desconstrói muito bem a relação Mestre-Discípulo com a qual estamos acostumados nos filmes, onde um ensina e o outro aprende. Em vez disso, ambos são mestres, ensinando coisas um ao outro, e ambos são discípulos, aprendendo coisas um com o outro; e em meio a isso, construindo um relacionamento forte e consistente.

Porém, em um determinado momento do filme, essa consistência é abalada por uma reviravolta no roteiro. De repente, a trama começa a tomar um rumo diferente da proposta inicial, e o Bakemono no Ko dos primeiros dois terços de filme acaba dando lugar à um outro Bakemono no Ko. É como se, no meio do filme, um novo filme começasse, deixando de lado o anterior. Mas não é que esse "novo filme" seja ruim — pelo contrário, ele também é bom, à sua própria maneira —, mas a mudança de tonalidade que ele traz é tão grande que acaba tornando-o alheio ao conceito inicial. E mesmo também sendo agradável, esse "novo caminho" não é nem de longe mais interessante que o "caminho inicial". Há, sim, um ponto em que esses dois "caminhos" convergem, mas a conclusão dessa união não é tão forte quanto poderia ser.

Eu lembro de ter ficado ligeiramente decepcionado com isso ao final do filme, mas depois de parar e pensar com mais calma, eu percebi que este não é um problema tão grande assim, e que não diminui as outras qualidades do filme — ao contrário, até chega a alavancar algumas dessa qualidades.


No âmbito visual, como já é de característico do diretor Mamoru Hosoda, Bakemono no Ko dá um verdadeiro show.

Apesar de ser relativamente novo no meio das animações japonesas, Mamoru Hosoda já possui algumas particularidades marcantes, que assinam uma grande parte de seus trabalhos. E, é claro, Bakemono no Ko não poderia ficar de fora. Os personagens são desenhados num estilo bem simples, sem muito detalhamento, usando um traço bastante fino — e ligeiramente amarronzado (outra das assinaturas de Hosoda) — e cores chapadas, com pouquíssimas variações de luz e sombra. Em contrapartida, os cenários são muitíssimo bem elaborados, não poupando nem um pouco nos detalhes e sempre com cores vibrantes. Esse contraste dá um destaque aos personagens em cena, sem denegrir, porém, o cenário que os rodeia, de modo que ambos pareçam atrativos aos olhos na tela. É interessante observar, também, o contraste entre o Mundo Real — aqui retratado pela cidade Shibuya, no Japão — e o Mundo das Bestas — chamado Jutengai na versão original. Enquanto o primeiro possui tons escuros e uma correção de cor mais sóbria — usando até, algumas vezes, de câmeras de vigilância para mostrar a história em tela —, o segundo não poupa no colorido, com tons bem vivos e uma correção mais quente.

Mamoru Hosoda também é conhecido por saber fazer boas cenas de ação em seus longas. E apesar de não ser exatamente o foco dentro da história, Bakemono no Ko também conta com sua dose de pancadarias. A ação aqui possui um ritmo mais lento, mas conta com movimentos fluidos e momentos bem fortes e marcantes.

A trilha sonora, assim como a trama — sobre a qual conversamos mais lá em cima —, é dividida em duas contrapartes bastante diferentes, porém, diferente da trama, ambas são agradáveis e se complementam entre si. No Mundo das Bestas, principalmente durante as lutas e sessões aventurescas que lá ocorrem, os temas são mais animados e empolgantes; enquanto no Mundo Real, as musicas são calmas, seguindo um ritmo mais lento. Essa divisão não é tão clara quanto no roteiro. Haverão cenas no Jutengai com trilhas lentas e momentos em Shibuya com musicas super-animadas, dando uma unidade à trilha sonora como um todo. O tema de encerramento fica por conta da banda japonesa Mr. Children — que já emprestou ótimos temas para filmes japoneses, como Dororo e One Piece: Strong Wolrd, deixando a dica —; com a musica Starting Over. Escuta aí:


Hum... É, acho que já falei tudo por hoje! Hora de irmos para aquela boa e velha nota de sempre, né?

E aí vai ela -> 8.5 / 10

Bakemono no Ko é um história divida em quatro partes: três delas muito boas, e uma nem tanto. Em um determinado momento, o filme acaba fugindo da própria proposta inicial, seguindo um caminho daquele que estava trilhando até dado ponto. Porém, esse desvio não cancela os outros pontos fortes da história — pelo contrário, até acaba impulsionando alguns deles. Fora esse pequeno tropeço, Bakemono no Ko é um primor em todos os sentidos: o visual é vívido e cativante, a ação é empolgante e divertida e a trilha sonora é muito bem equilibrada entre temas aventurescos e emotivos.

Entonce, caríssimos desocupados, se o que falta no seu domingo é um filminho bacana, dê uma chance a Bakemono no Ko. Você certamente não se decepcionará!

Bem galerinha, isso é tudo por hoje.

Um abração pra todos e até a próxima!

Por Breno Barbosa

Nenhum comentário:

Postar um comentário