domingo, 21 de junho de 2015

Se não viu, veja! - Divertida Mente (2015)

Uma hora eu tô triste, outra hora eu tô feliz...




Salve salve, galerinha desocupada! Tudo de boa com vocês? O quê? O rapaz ali da esquerda tá meio borocoxô? Poxa, fica assim não, amigo. Ela definitivamente não vai voltar pra você, mas as coisas vão melhorar. Chega mais, vem ler um post aqui com a gente.

Creio que todos nessa pequena salinha imaginária, localizada no fundo do seu subconsciente, sabem como as coisas por aqui funcionam, não é? Caso não conheçam, aqui vai uma versãozinha resumida: Bem-vindo ao Desocupado, onde toda semana tem um post bacana — e bem escrito, porque, modéstia a parte, somos todos bons aqui, tá? —, sempre falando sobre Cinema, Games, Séries, Quadrinhos, Livros ou o que mais acharmos que vá "causar" nas interwebs.

Nesta semana, trago-vos nada mais, nada menos, que a mais nova animação da Pixar: Divertida Mente! A direção está por conta de Peter Docter — um dos co-diretores de Up: Altas Aventuras — e Ronaldo Del Carmen — que eu não conhecia até o IMDB me apresentar, mas que já trabalhou no departamento de arte de diversas animações, incluindo a recém citada Up e O Caminho para El Dorado (uma das minhas favoritas, diga-se de passagem).

Como seria se pudéssemos ver o que se passa dentro da cabeça de uma pessoa? Divertida Mente parte desse curioso conceito e nos apresenta a Riley, uma garotinha animada de 11 anos de idade, e a sua cabecinha, onde moram a Felicidade, a Tristeza, o Medo, a Raiva e a Nojinho. Juntos, eles são responsáveis por controlar as emoções de Riley, criando memórias e alimentando sua imaginação. Todos costumam trabalhar em harmonia, até que um certo dia, depois da mudança de Riley de Minesota para San Francisco, as emoções passam por um desentendimento, e Alegria e Tristeza acabam saindo, sem querer, do centro de comando e se perdendo na vasta mente de Riley. Agora, elas devem por suas diferenças de lado e trabalharem juntas para voltar á base, antes que a vida de Riley seja coberta de nojo, raiva e medinho. Mas será que elas realmente vão conseguir?


Sabe quando uma obra de arte conversa diretamente com você? Não, não quando ela cria vida e começa a falar baboseiras no seu ouvido — não, isso é super-chato. Quero dizer, quando uma peça de arte traduz, quase que com exatidão, aquilo que você está sentindo naquele momento? Fica uma sensaçãozinha estranha, de "ei, como assim esse cara sabe exatamente pelo que eu tô passando e acabou de desenhar isso nessa página de quadrinho?!"; mas é um daqueles raros momentos em que aquela arte te toca lá dentro (ui!), de um jeito que muitas vezes a gente nem imagina.

Muitas dessas peças fazem isso de uma maneira indireta, meio que nas entrelinhas, somente para aqueles que realmente estão prestando atenção na mensagem que está sendo passada, mas até agora, particularmente, eu nunca vi uma peça de arte, no caso, um filme, que conversasse tão diretamente comigo — e com qualquer outra pessoa, ouso dizer —, e de uma maneira tão metalinguística (o que conta vários pontinhos a mais, quando se trata da minha pessoa), quanto Divertida Mente. Por quê? É o que iremos discutir logo depois dos comerciais! Fica aí, a gente volta já!


Voltando do nosso break comercial, agora é hora de... er... ô produção! Onde é que eu tava mesmo? Ah, sim, sim sim, lembrei!

Como eu ia dizendo, nenhum filme que eu consiga lembrar agora conseguiu conversar comigo tão diretamente quanto Divertida Mente, e ouso afirmar que o mesmo acontecerá com você, meu caro desocupado ou minha cara desocupada. Por que? Porque Divertida Mente fala de emoções, lugares e memórias que todos nós, seres humanos, já lidamos em alguma parte de nossas vidas. Quem não tem aquela memória querida que definiu ou redefiniu o caráter para sempre? Ou quem nunca se deixou levar por uma emoção num momento de dúvida? Todos já passamos por isso, ou pelo menos por algo levemente parecido, o que torna o processo de relacionamento com o filme muito mais fácil. Já nos primeiros minutos, é possível se identificar com um — ou até com todos — dos sentimentos que perambulam pela mente de Riley, que vão aparecendo aos poucos tornando-a a personagem que vemos no filme.

Essa, a propósito, é a maneira inteligente e sutil que o roteiro de Divertida Mente encontra de introduzir seus personagens. 15 minutinhos de filme e já estamos totalmente prontos para essa divertida jornada emocional. E não falo apenas pelo bem do trocadilho (quem me conhece sabe que não perco a oportunidade de fazer uma padinha sem graça); Divertida Mente realmente é uma montanha russa de emoções, tanto dentro quanto fora da tela. Não foram poucas as vezes em que soltei gargalhadas e derramei lagrimas — não necessariamente nessa ordem — enquanto assistia ao filme.

Felizmente, pude ver Divertida Mente ao lado de dois bons amigos — cujos quais não irei citar os nomes, para proteger os inocentes —, e pude observar que ambos riam e/ou se emocionavam não só nos mesmos momentos em que todos os outros presentes na sala de cinema, mas também em momentos bem distintos um do outro. Isso ajuda a comprovar o que eu falei lá mais pelo comecinho do post — sobre a identificação em diferentes momentos para cada espectador. Se possível, eu gostaria de saber os momentos que mais "conversaram" com vocês, meus caros desocupados. Mas agora não, porque ainda tem post pela frente!


Outro quesito em que Divertida Mente se sai muito bem é na Direção de Arte. Eu não sei vocês, desocupados, mas a partir de hoje, a visão que os artistas da Pixar tiveram das emoções neste filme será também, oficialmente, a minha representação delas.

Todas as emoções são carismáticas do seu próprio jeito, e todas rendem momentos hilários e emocionantes. Particularmente, minha favorita é a tristeza. Não por eu ser ou estar triste, mas por ela ser bem mais complexa que apenas uma pequena emoçãozinha fofinha e depressiva dentro do filme.

Mas Divertida Mente não se limita apenas as emoções da pequena Riley, Não não, ela ainda tem uma vasta e enorme mente para se explorar, com muitos lugares alegres, mas também repleta de lugares sombrios. A animação viaja por lugares como a Imaginação, os Sonhos e o Subconsciente de uma maneira, ao mesmo tempo, inimaginável — no sentido de "Meu Deus, como assim?!" — e lógica — do tipo "Puts, mas é claro! Faz todo o sentido biológico!". O melhor de tudo é que todos esse lugares são mostrados sem apressar ou retardar o roteiro, e ainda deixam uns gostinhos de mistério e de "quero mais" com lugares que são somente citados durante o filme. Só por isso, já vale bastante a pena fazer uma sequência. Fica a dica, Pixar!

Do ponto de vista técnico, Divertida Mente não apresenta nada de novo ou revolucionário, mas ainda assim é bem competente e consistente. O destaque vai para a textura das emoções. Se você olhar de pertinho, mas bem de pertinho mesmo, vai perceber que todas elas parecem ser feitas de glíter, ou areia colorida. Pode parecer um detalhe bem pequeno, mas foi algo que não consegui parar de admirar durante o filme.


Mudando um pouquinho de assunto, eu não sei quanto a vocês, caros desocupados, mas eu fiquei basante receoso quando vi o vídeo que anunciava os dubladores oficiais de Divertida Mente no Brasil. Miá Mello como Alegria? Leo Jaime como Raiva? Dani Calabresa como Nojinho? Otaviano Costa como Medo? Katiuscia Canoro como Tristeza? Como assim? O que todos esse globais estão fazendo aqui? Se fosse uma ou duas das emoções, tudo bem, mas todas elas? Isso tem tudo pra dar errado!

Pelo menos foi assim que eu pensei, até ter assistido o filme. Particularmente, eu fiquei realmente impressionado com o quão bem cada um deles se saiu em seus respectivos papeis. Na maior parte do tempo, não dá nem pra dizer que são artistas de TV, com pouca ou até nenhuma (corrijam-me se estiver errado) experiência em dublagem. Todos estão de parabéns, e mais ainda por terem impressionado a este que vos escreve.

Ainda falando de som, Divertida Mente conta com a trilha sonora linda e marcante, composta pelo excelentíssimo Michael Giacchino. Grande parte das faixas são variações do tema principal, o que ajuda bastante a estabelece-lo na cabeça dos espectadores durante o filme. Ao final, todos estávamos cantarolando a musica tema da animação, uma bela e agradável mistura de felicidade e tristeza, que permeiam boa parte do filme. Escuta só:


Hum... pois é, acho que isso é tudo, galerinha. Hora daquele momento o qual todos estavam esperando! O Gran Finale de todo santo post! A poderosa, diva e causadora nota!

E aí vai ela! -> 10 / 10

Divertida Mente é uma verdadeira jornada por entre os sentimentos humanos. Uma jornada empolgante, assustadora, divertida e emocionante. Só não é nojenta e enraivecedora, mas você amará a Raiva e a Nojinho mesmo assim. Todas as emoções são cativantes e engraçadas, e o roteiro as trabalha de um jeito que todos saiam felizes, com seus respectivos momentos de brilhar. É impossível não se relacionar, se identificar e não se deixar conquistar por Divertida Mente. Se alguma outra animação pretende ser a Melhor de 2015, ela terá que trabalhar bem duro para bater Divertida Mente!

Portanto, meus amados desocupados, se o que você quer nesta semana é pegar um cineminha com a galera, não fique hesitando na fila, escolhendo no painel e perguntando pra atendente do cinema "qual o melhor filme" (além de ser chato, isso é falta de decência): Divertida Mente é a melhor escolha pra você!

E isso é tudo, galerinha.

Um abraço e até a próxima!

Por Breno Barbosa

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