domingo, 4 de janeiro de 2015

Se não viu, veja! - Operação Big Hero (2014)

Um super-grupo do barulho... pero no mucho.




Fala, galerinha desocupada, tudo tranquilo com vocês?

Primeiramente, um Feliz 2015 (atrasado) à todos! Preparados para serem as crianças mais maneiras do bairro durante mais um não-tão-longo período de 365 dias? Nós também estamos!

Mas não importa que ano seja, se há chuva ou se há sol, se faz frio ou calor, quando chegar a alvorada, olhem para o leste! Estão vendo? Não? Estranho... deve ser por causa do sol. Ponham a mão por cima dos olhos. Pronto... e agora, estão vendo? Ah, agora sim! Olhem para o leste na alvorada e lá estará: o quê? Não, não é o Gandalf! Melhor, é um post novinho em folha aqui no Desocupado!

E pra começar o ano bem, trago-vos a mais nova animação da Walt Disney Animation Studios, Operação Big Hero (ou Big Hero 6, no original). Operação Big Hero estreou aqui em terras brasileiras no dia 25 de Dezembro do ano passado (2014), e conta com a direção de Don Hall e Chris Williams. A versão brasileira da animação conta com algumas "personalidades" na dublagem, dentre elas Kéfera Buchmann (do canal 5incominutos, no YouTube) e comediante Marcos Mion (do programa Legendários, da Rede Record).

Num futuro (aparentemente) não muito distante, na cidade de San Fransokyo, vive um jovem chamado Hiro Hamada. Hiro é um garoto prodígio, um pequeno gênio na arte da robótica, mas que ainda não sabe que rumo dar ao seu dom. Ou pelo menos não sabia, até seu irmão mais velho, Tadashi, lhe mostrar as maravilhas da universidade onde estuda. Fascinado como que viu, Hiro decide seguir os passos do irmão. Porém, seu entusiasmo dura pouco, pois um acidente repentino na universidade põe seus planos em hiato. Em meio a tristeza, Hiro encontra Baymax, um robô com personalidade própria criado por seu irmão mais velho. Hiro e Baymax logo se tornam amigos, e juntos passam a investigar o misterioso acidente na universidade de Tadashi. O que eles descobrem? Só assistindo pra saber, porque eu não vou dar spoiler!


Sabe aquele seu amigo chato? Aquele, que sempre que a galera resolve se reunir pra pegar um cinema no fim de semana, ele entra na sala sem muitas expectativas pro filme, e no final, quando todo mundo sai da sala dizendo que o filme é bacana, divertido e tudo mais; ele é o primeiro e único a dizer que "o filme é legal, mas não tanto assim", ou que "podia ter feito isso ou aquilo de uma maneira melhor"? Todos nós temos esse tipo de amigo, não é? Menos eu. Por quê? Porque eu sou esse amigo. O que isso tem a ver com Operação Big Hero? Simples: muito provavelmente, eu serei o único a sair da sala adorando o filme, dizendo que foi legal, mas que não foi tão bom assim, e que podia ter feito isso ou aquilo melhor.

Mas calma lá, eu não estou dizendo que Operação Big Hero é um filme ruim. Muito pelo contrário, é um filme bem legal — afinal, o post não se chamaria "Se não viu, veja!" se o filme não fosse bacana, não é? —, mas que, assim como todo e qualquer filme, pisa na bola em alguns quesitos. Quais seriam essas pisadas de bola? É o que eu vou tentar falar sobre nas próximas linhas.


Mas antes de puxar o tapete do filme, vamos falar de coisa boa! Não, não vamos falar de Tekpix. Na verdade, vamos falar sobre o visual de Operação Big Hero. De maneira bem resumida, particularmente, a direção de arte do filme não me chamou muita atenção, mas a parte técnica por trás da animação despertou bastante o meu interesse.

Antes de pular direto para as conclusões, a direção de arte é, sim, bonita e eficiente, mas... é só isso. Não há muita coisa que salte aos olhos em Operação Big Hero. Não há muito que faça com que você bata olho e, na mesma hora, relacione diretamente ao filme. Pelo menos na minha opinião, tudo parece meio genérico em Operação Big Hero, como se pudesse pertencer a qualquer outro filme da Disney; como se não tivesse uma personalidade forte o bastante para se estabelecer como algo único. O estilo cartunesco do traço adotado pela animação é bastante comum, e o visual dos personagens é mais comum ainda. Fora o robô inflável Baymax, todos os outros personagens são como pessoas normais que vemos no dia a dia. Claro, não há como não dar mérito aos artistas por conseguirem retratar esse quesito com tanta fidelidade a ponto de me fazer dizer isso, mas particularmente, o que eu espero da arte de um filme é que ela me mostre algo novo, que me tire da realidade que eu já conheço e me jogue num lugar fantástico, com pessoas fantásticas e coisas fantásticas. Infelizmente, as pessoas de Operação Big Hero não são tão fantásticas, mas, em contrapartida, o lugar onde elas vivem, e algumas das coisas que elas fazem, são extremamente fantásticos.

Sim, meus caros desocupados, eu quis me referir a San Fransokyo, a cidade onde Hiro, Baymax e seus amigos moram. O trocadilho é bem infame (São Francisco + Tóquio), mas a cidade é um deleite aos olhos. O nome estranho não é a toa, San Fransokyo consegue mesclar muito bem alguns elementos de ambas as culturas (norte-americana e japonesa), fazendo com que tudo fique natural e crível. Indo para a parte mais técnica do filme — da qual eu gostei tanto —, toda a cidade de San Fransokyo foi construída digitalmente. Mesmo que algumas partes não tenham sido exploradas durante o filme, a equipe teve o cuidado e a atenção de criar e dar vida aquela cidade. Cada bloco tem uma personalidade própria. Uns são mais calmos e caseiros, enquanto outros são mais movimentados, cheios de luzes e telas. Todas essas luzes e outras pirotecnias ficam ainda mais bonitas graças a tecnologia desenvolvida pelo estúdio para reproduzir o comportamento da luz nos diferentes ambientes da maneira mais realista possível. Definitivamente, San Fransokyo seria um lugar bem interessante para se passear a noite.


Você lembra das primeiras impressões que teve quando assistiu, pela primeira vez, o (ou algum dos) trailer de Operação Big Hero? Eu lembro exatamente o que pensei ao final do vídeo. Na minha cabeça, a Disney teria encontrado seu próprio Como Treinar Seu Dragão com Operação Big Hero. As evidências estavam todas ali: um garoto sozinho, excluído do meio social em que vive, que encontra em um ser incomum e estranhamente fofo um amigo para a vida inteira. Estava tudo ali! Hiro era Soluço, Baymax era Banguela, San Fransokyo era Berk, o super-grupo de Hiro eram os amigos de Soluço! Tudo se encaixava, e eu tinha certeza de que era assim que seria. Até que, finalmente, fui assistir o filme, e mesmo com todas essas "evidências", Operação Big Hero não era o Como Treinar Seu Dragão da Disney. Quebrei a cara.

Na hora, fiquei um tanto quanto decepcionado com isso, mas depois de matutar com meus botões por uns instantes, cheguei a conclusão de que não tinha sido uma decepção para o bem — se é que isso existe. Por mais que Como Treinar Seu Dragão seja uma de minhas animações favoritas, eu provavelmente não gostaria de ver sua história sendo repetida em outra animação. Eu gostaria muito mais se essa animação tivesse uma história própria, contada do seu próprio jeito, e foi isso que Operação Big Hero me entregou.

Em sua essência, lá no fundo, Operação Big Hero é uma história sobre irmãos. E não estou necessariamente me referindo a Hiro e Tadashi. O que eu quero dizer com isso? Só assistindo pra saber, mas enfim, voltando ao assunto, Operação Big Hero conta uma história sobre irmãos de um jeito que até mesmo que não tem irmãos — ou não é muito próximo a eles — consegue se relacionar e se identificar com ela. Independente da idade de quem está assistindo, essa história conversa bem com o público, divertindo e emocionando a todos da mesma maneira, mesmo que em pontos e quesitos diferentes. Esses elementos são tão bem desenvolvidos durante o filme que fazem com que todo o resto pareça apenas um pano de fundo, mesmo que isso não seja totalmente "saudável" para a história.


Se por um lado a história entre irmãos é muito bem desenvolvida, os personagens secundários que a cercam é totalmente esquecida. Sim, estou me referindo a todos os outros personagens que não são Hiro, Tadashi ou Baymax, ou seja... bem, todo o resto. A super-equipe que estampa grande parte dos posteres e outros materiais publicitários do filme é apresentada aos espectadores no começo da história, e... pronto. Tudo o que sabemos sobre eles são seus nomes e seus estereótipos. Não há nem um pouquinho a mais de aprofundamento para nenhum deles, mesmo que pareçam ser interessantes, o que demonstrem que suas personalidades renderiam muito mais que apenas uniformes de cores diferentes. A maneira como eles interagem como equipe também é pouquíssimo explorada — pra não dizer que não é explorada de jeito nenhum —, e até um tanto incoerente quanto a trama. Ué, se já foi estabelecido que eles são amigos de longa data, como é que eles não tem uma boa química entre si? O vilão da história também recebe um tratamento parecido. Há um pouco mais de desenvolvimento para ele — afinal, ele precisa de um motivo pra ser mal —, mas ainda assim, você dificilmente vai conseguir se importar com ele.

Ainda nos personagens, mas indo um pouco para a parte sonora do filme, a dublagem brasileira é competente e agradável. Não precisa ter medo os "artistas convidados". Apesar de serem tantos (4, no total) e de, aparentemente, não terem experiência anterior com dublagem — ou até mesmo atuação (corrijam-me se eu estiver falando besteira) —, a performance deles é praticamente impecável, sem nada que incomode ou destoe dos artistas mais experientes.

Apesar de não chamar muita atenção durante o filme, a Trilha Sonora de Operação Big Hero é bem composta e bastante interessante de se escutar. Cada faixa tem diferentes "fases", com climas diferentes. Ao contrário do que manda o figurino, que é a repetição de certos acordes, mantendo um padrão que rege a musica do começo ao fim, as musicas da trilha de Operação Big Hero podem começar de um jeito e terminar de outro bem diferente, passando por diversas viradas e mudanças de tonalidade. É uma opção curiosa, mas bem bacana de se escutar. Querem um exemplo? Eis aqui o tema do principal herói da história, Hiro Hamada:


Hum... é, galerinha, acho que isso é tudo que eu tinha pra falar sobre Operação Big Hero. Que horas são agora? Não, não é Hora de Aventura. Agora é hora daquela boa e velha nota de cada santo post. Todos preparados?

Pois aqui está ela -> 7.8 / 10

Operação Big Hero é uma animação bastante competente e divertida, mas que tinha potencial para ir ainda mais longe. A arte não tem um apelo visual que salta aos olhos, nem uma identidade forte e única, mas a tecnologia por trás dela mantém a animação viva e bonita. A história, em sua essência, é bem contada, emocionante e prazerosa de se acompanhar, mas se esquece dos personagens secundários, deixando-os tão superficiais, sem desenvolvimento, quando estes, na verdade, tinham potencial para mais. A trilha sonora não se destaca durante o filme, mas com certeza merece a atenção dos seus ouvidos, ou seja, vale a pena procurar por ela depois do filme.

"Entonce", se você pretende ir ao cinema enquanto ainda está de férias, não há duvida: Operação Big Hero é a melhor opção. Palavra de desocupado! Mas aproveite enquanto ainda está em cartaz, pois logo logo você pode não ter mais chance de conferir essa animação bacanuda!

Bem, meus caros, por hoje, isso é tudo que tenho pra vocês.

Um abraço na bochecha, um beijo apertado e até a próxima!

Por Breno Barbosa

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