domingo, 6 de julho de 2014

Se não viu, veja! - Giant Killing

Let's start now, GIANT KILLING!




Fala, galerinha desocupada de cara pintada, camisa do time e bandeira na mão, tudo beleza com vocês?

Assim como super-mercados, praças de alimentação e cinemas, o Desocupado também é um dos serviços que não para nem durante a Cop--ops, quer dizer--durante o Mundial (vai que a FIFA tá vendo isso, né?); isso significa que sim, #VaiTerPost! — Cinema, Quadrinhos, Séries, Livros, Games e etc. — , e se reclamarem, vão ter dois posts! Portanto, por favor, não reclamem, ok?

E aproveitando o clima futebolístico, a recomendação desta semana será nada mais, nada menos, que Giant Killing, anime adaptado pelo Studio Deen a partir do mangá homônimo de Masaya Tsunamoto e Tsujitomo (roteiro e arte, respectivamente). A animação estreou nas telinhas japonesas em Abril de 2010, e teve seu fim em Setembro do mesmo ano, com 26 episódios. Porém, o mangá continua firme e forte, sendo publicado semanalmente pela Kodansha nas páginas da Weekly Morning.

Tatsumi Takeshi, um dos maiores craques do East Tokyo United, um tradicional time da Liga Japonesa de Futebol. No auge de sua campanha no ETU, e no meio de uma fase importante do Campeonato Japonês, Tatsumi decide largar o time e aceitar a proposta de jogar fora, num clube do exterior, ganhando a fama de Traidor pelos torcedores fanáticos do ETU. Anos se passaram e Tatsumi se aposentou da carreira de jogador, mas não largou o futebol, continuando sua trajetória como técnico em terras europeias. Um dia, Tatsumi encontra Gotou, um ex-companheiro de time, agora responsável por administrar o ETU. Gotou convence Tatsumi a voltar para o Japão como novo técnico do ETU, que atualmente se encontra em uma situação não tão agradável. Será que Tatsumi será capaz de reerguer o ETU à sua glória de outrora? Será que, mesmo com um time pequeno, ele conseguirá derrubar os gigantes do Campeonato? Será que ele conseguirá realizar o tão sonhado Giant Killing?


Eu posso estar errado, mas acredito que muita gente aqui — apesar de estar vibrando com o clima da Copa do Mundo e coisas do tipo — não é lá muito chegado a futebol. Claro, todo mundo conhece as regras — 11 pra cada lado, uma bola, campo quadrado cheio de riscos brancos, dois cavaleiros de armadura, fortemente armados com espadas, clavas e lanças, prontos para perseguir e decepar cada um dos onze jogadores... o quê? Esse último elemento não existe? Desculpa, desculpa, devo ter confundido com outro esporte —; mas nem todos curtem acompanhar assiduamente o esporte, aprendendo nome de jogadores e ficando por dentro das notícias e fofocas desse universo. Seguindo essa linha de raciocínio, você, que não é fã de futebol, provavelmente olhará para Giant Killing e pensará: "Ah, mais um anime de futebol? Acho que vou passar. Esse não é pra mim". Mas é ao pensar assim que você se engana, meu jovem desocupado. Giant Killing é feito especialmente pra você, que não é chegando em futebol. E não só pra quem não curte, mas para quem curte também. Como eu posso garantir isso? Eu mesmo nunca gostei de futebol em minha curta e preciosa vidinha, e mesmo assim Giant Killing conseguiu me cativar. Aos poucos, mas conseguiu.

"Mas até aí, animes de futebol como Captain Tsubasa (Super Campeões) e Inazuma Eleven (Super Onze) também conseguem cativar não-fãs de futebol!", você pensa, e sabe de uma coisa? Você está totalmente certo. Porém, animes como Captain Tsubasa e Inazuma Eleven conquistam espectadores não envolvidos no meio do futebol através do recurso da fantasia, mostrando o futebol de um jeito bem mais caricato, infantil e romanceado — não que isso seja ruim ou que eu esteja desmerecendo as duas obras —, e Giant Killing não segue essa clássica receita de bolo.

Como, então, Giant Killing consegue conquistar qualquer um, fã ou não fã de futebol? De um jeito simples, mas bastante peculiar: mostrando o futebol de uma maneira mais próxima da realidade, mas explorando-o não como o foco principal da trama, mas como seu pano de fundo. O verdeiro foco da história são seus personagens, tanto aqueles que estão dentro quanto aqueles que estão fora do campo — os que estão fora até mais que os que estão dentro. Desse modo, é até um tanto injusto tachar Giant Killing como uma animação estritamente sobre futebol. Giant Killing seria um anime que, por acaso, tem como contexto o futebol. O conceito da história é tão comum, e tão bem-feito, que poderia funcionar com todo e qualquer esporte.

"Você já está morto."


Falando em história, é nela onde mora o principal diferencial de Giant Killing. Como eu disse agora há pouco, Giant Killing foca muito mais em seus personagens que no futebol em si, e mesmo que o técnico Tatsumi Takeshi estampe boa parte do material promocional do anime (e do mangá), ele nem de longe acaba sendo o centro das atenções. Na verdade, nenhum personagem rouba os holofotes somente para si em Giant Killing. Todo e qualquer um deles — os realmente relevantes, é claro — tem seu devido momento para brilhar, seu respectivo arco dramático, e todos eles são desenvolvidos muito bem durante a série, não só de uma maneira individual, mas também como um time.

E falando em personagens, não há como não ser cativado pela personalidade única de cada um: o zagueiro mal encarado Kuroda, e seu parceiro mais calmo, Sugie; o sério e focado meio-campista Murakoshi; o egocêntrico, e também meio-campista, Gino (que prefere ser chamado de Príncipe); o talentoso, porém inseguro, meio-campo Tsubaki; o afobado atacante Sera... Cada um desses, e até alguns outros, possui um crescimento divertido e empolgante de se acompanhar durante a série. Porém, com tantos personagens assim, você deve se perguntar se há tempo e espaço para cuidar do desenvolvimento de cada um deles. Bem, há duas respostas para essa pergunta: Sim e Não. Sim, graças a narrativa — da qual falaremos daqui a pouquinho —, foi possível dar uma atenção bastante razoável a cada personagem; e Não por causa da curta duração da série, apenas 26 episódios, que apesar de se encaixarem bem com o que queria ser contado, acabou deixando alguns conflitos sem resolução. O que é realmente uma pena, já que, além de o material original (mangá) estar continuando até hoje, a animação com certeza renderia mais episódios, ou uma nova temporada, se fosse o caso. Eu diria que esse é o único e maior defeito de Giant Killing, mas acho injusto culpar a série em si por decisões do estúdio responsável por produzi-la, fosse por problemas financeiros ou qualquer outro percalço que não permitiu que tivéssemos mais Giant Killing.

"Vamo, me dá mais uma temporada de Giant Killing!"


Sobre a narrativa, esse também é um ponto bastante interessante em Giant Killing. Como eu já devo ter repetido algumas vezes até aqui, o foco principal da série não é o futebol em si, mas todos aqueles que o circundam e o fazem acontecer, dentro e fora de campo. Com isso, muitdas das partidas realizadas durante o anime são deixadas de lado para que os personagens sejam melhor trabalhos. Algumas até mesmo terminam antes do soar do apito do juiz, saltando diretamente para um diálogo pós-jogo entre os membros do time ou, por exemplo, dos jornalistas, ou da torcida, que também exercem um papel essencial durante o desenrolar da série. Essa cortada de clima pode soar um tanto chata e anticlimática, mas acaba funcionando dentro do contexto, e pra mim acabou se tornando até mesmo um dos principais pontos positivos do anime. Outra grande sacada da narrativa de Giant Killing é se preocupar em mostrar a tensão do jogo sob o ponto de vista dos principais jogadores, sejam eles do ETU ou dos times adversários; e não só deles, mas também o técnicos adversários, torcedores, jornalistas e fotógrafos presentes durante o jogo. Isso mostra que o futebol em Giant Killing — e até mesmo na vida real, por que não — é mais que apenas 22 marmanjos e uma bola.

No que diz respeito a visual, o traço de Giant Killing pode parecer bem estranho no começo, mais caricato que o comum, mas logo você se acostumará às formas quadradas e linhas retas dos personagens, sem muita preocupação com proporção e/ou anatomia. Ah, e joelhos iguais. Assistam e reparem: todos os personagens de Giant Killing têm joelhos exatamente iguais (e estranhos). A animação não é 100% fluida, muito menos é digna de aplausos, mas funciona bem e não incomoda em momento algum. Algo que incomoda, porém, são os péssimos modelos em 3D usados para representar os jogadores e a torcida quando os mesmos estão longe. A animação deles é horrivelmente travada, e não condiz nem um pouco com o estilo do anime. Eu não entendo muito de orçamentos, mas não seria muito mais barato — e agradável aos olhos — desenhar manualmente um só torcedor, copia-lo e cola-lo ao longo da arquibancada, e fazer o mesmo para os jogadores? Felizmente, isso não afeta a qualidade do anime, mas que é feio, podem crer que é, meus caros desocupados.

"Cara, aqueles bonecos de barro mal animados somos nós?!"


A trilha sonora de Giant Killing também é ótima, com uma abertura e um encerramento bastante agitados e animados, e faixas instrumentais que, em sua maioria, são pequenas variações do tema de abertura do anime. Não é nada de muito revolucionário, mas funciona, e é muito bem empregada durante os principais momentos da série, principalmente naqueles em que a tensão é tão grande que nenhum som, que não o do vendo e o da bola rolando, é ouvido, e logo a trilha sonora explode de uma vez e a empolgação vai para as alturas. Pra sentir um gostinho do que lhe aguarda, eis aqui o tema de abertura de Giant Killing:


Bem, acho que isso é tudo que eu tinha pra falar sobre Giant Killing. Hora de dar aquela boa e velha nota de sempre, não é mesmo?

E aí vem ela -> 9.0 / 10

Através de uma história focada muito mais no desvolvimento dos personagens que no futebol em si, Giant Killing faz com que até mesmo o desocupado mais averso ao velho esporte inglês se sinta cativado e empolgado pelo East Tokyo United do técnico Tatsumi Takeshi, que com certeza ainda teria muito futebol para mostrar em pelo menos uma ou duas temporadas a mais de série, sendo forçado a deixar prematuramente o campo, ainda com algumas contas à acertar.

"Entonce", se você está em clima de Copa do Mundo, mas não quer torcer para o time da usa pátria, pinte o rosto de preto e vermelho, pegue o uniforme, levante a bandeira, comece a gritar "E.T.U! E.T.U!" e corra atrás de Giant Killing. Você não irá se arrepender!

E isso é tudo por hoje, galerinha.

Um abraço na bochecha, um beijo apertado e até mais!

Por Breno Barbosa

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