domingo, 18 de dezembro de 2016

Se não viu, veja! - Dirk Gently's Holistic Detective Agency (1ª Temporada)

Tudo está (ligeiramente) conectado.



Fala, galerinha desocupada! Tudo tranquilo com vocês?

Eu poderia dar continuidade às apresentações como se nada tivesse acontecido, mas acho que devo àqueles que acompanham a página ao menos uma pequena explicação. Muitos devem ter percebido que não houve postagem nova no domingo passado, e por isso nos desculpamos, mas não foi sem motivo.

Tanto este que vos escreve quanto seu parça de blogueiragem Angelo Alexsander estavam extremamente ocupados durante o fim de semana passado — eu estava preparando os últimos detalhes do meu Trabalho de Conclusão de Curso (que, diga-se de passagem, foi muito bem sucedido) e ajudando com algumas partes do trabalho de outros amigos; enquanto o Sr. Angelo precisava estudar para duas provas finais como se não houvesse amanhã.

Com isso, nenhum de nós dois conseguiu uma brecha para trazer a vocês uma recomendação bacana (ou não) na última semana. Mas não se preocupem, pois ambos estamos de volta ao jogo, ligeiramente firmes e relativamente fortes!

Esta semana, trago a vocês a recém-estreada série original da Netflix — em parceria com a BBC AméricaDirk Gently's Holistic Detective Agency (algo como "A Agência de Investigação Holística de Dirk Gently", em português). Lançada originalmente em Outubro de 2016 exclusivamente em solo americano via BBC América, a série chegou as prateleiras virtuais da Netflix no dia 11 de Dezembro, onde está disponível para o resto do mundo em sua totalidade.

Todd Brotzman era apenas uma babaca comum e mal-sucedido, que vivia sozinho em seu miserável apartamento e tinha um péssimo emprego como carregador de um hotel local. Porém, tudo isso foi pro saco quando ele conheceu Dirk Gently, um excêntrico e misterioso britânico que se diz ser um "detetive holístico" — do tipo que não procura por provas ou pistas, mas que espera que as evidências cheguem até ele através do "fluxo do universo", sob a desculpa de que "tudo está conectado". Dá pra acreditar? Bem difícil, mas de algum modo, Dirk convence Todd a juntar-se em sua investigação sobre o misterioso assassinato do empresário Patrick Spring e o sumiço de sua filha, Lydia. O que aguarda essa dupla improvável? Nem Deus sabe...


Quem acompanha o blog já há algum tempo já deve ter se cansado de ouvir falar da "receita da boa sequência", que este que vos escreve traz de volta sempre que está falando de uma sequência que se aplica a essa regra. Eu realmente não lembro se já falei isso antes, mas também há uma "fórmula" para uma boa peça de ficção científica.

Qual seria essa? Simples: Primeiro, levante um conceito base; Segundo, estabeleça uma série de perguntas baseadas nesse conceito; E por último, responda a essas perguntas até o final da história, mas sem se esquecer de deixar algumas sem reposta e levantar algumas novas perguntas também — estas serão os ganchos para a sua próxima história.

E é óbvio que eu não estaria falando sobre essa "regrinha" das Ficções Científicas se o assunto de hoje, Dirk Gently, não se aplicasse a ela. Porém, a verdadeira questão é: o quão bem Dirk Gently se encaixa nessa fórmula? E quanto disso foi bem executado durante a série? Isso, e algumas coisinhas mais, nós discutiremos depois desta bela imagem!

Sim, essa é literalmente a única imagem que se tem por aí da série.


Voltando do nosso "intervalo comercial" improvisado, a resposta para a pergunta levantada anteriormente — se Dirk Gently se encaixa bem na "fórmula" da boa Ficção Científica — é Sim. Exatamente, sem cerimônias ou enrolações. Dirk Gently reproduz bem a dita "fórmula da Ficção Científica", mas não sem algumas pequenas ressalvas.

Primeiramente, vale a pena deixar claro: você não vai entender Dirk Gently logo de cara. Não se assuste se muitos dos conceitos apresentados pela série em seus primeiros episódios parecerem muito deslocados ou desconexos. Tudo fará sentido ao final da temporada. Ou pelo menos quase tudo. Esse é um dos principais defeitos de Dirk Gently — mas é também uma de suas principais qualidades.

É difícil comprar a proposta principal da série — "tudo está conectado" — durante os primeiros episódios. Somente nos episódios finais da temporada, todos os arcos e perguntas começam a se encaminhar em direção a um ponto comum, e as coisas começam a se esclarecer de verdade. É nesse momento que vários dos arcos que pareciam vagos e sem sentido durante boa parte da série começam se tornar relevantes de uma maneira satisfatória, de modo que você termine a temporada pensando "Cara, como eu não me liguei disso antes?!".

Infelizmente, nem tudo converge perfeitamente bem. Mesmo com tudo explicadinho — e com os ganchos estabelecidos para a próxima temporada (já confirmada) —, alguns arcos se conectam à história principal de maneiras um tanto forçadas, com pouco ou até mesmo nenhum desenvolvimento durante a série, dando um tom de Deus Ex Machina (soluções que surgem do nada) a algumas conclusões vistas durante a temporada.


Esteticamente, Dirk Gently aparenta ser bem simples, com poucos detalhes que chamam atenção, mas isso se dá somente num nível superficial. Não há como negar que, no que diz respeito a efeitos visuais e CGI, a série realmente poderia ter usado alguns trocados a mais, mas há muito pra se ver em Dirk Gently que não diz respeito a computação gráfica, ou que não é mostrado diretamente pelas câmeras.

 Até mesmo visualmente, a série se apega ao conceito de que "tudo está conectado". Muito disso é mostrado através do figurino dos personagens, ou de seus trejeitos e outras características físicas, ou até mesmo em detalhes escondidos nos cenários. Um exemplo? Fácil: é bastante curioso observar que o tom da trama acompanha as diferentes cores das jaquetas do detetive holístico Dirk Gently, indo de tons mais quentes para cores mais neutras, e terminando em cores frias. Até mesmo um cãozinho corgi passeando de maneira aparentemente aleatória durante os primeiros episódios acaba se tornando uma peça crucial para história de Dirk Gently, e assistindo a essas cenas novamente, é possível notar que os passeios do cachorrinho não eram tão aleatórios assim.

No que diz respeito a trila sonora, Dirk Gently conta com algumas faixas que se encaixam bem com o que é visto em tela — muitas vezes de maneira bem literal, à la Edgar Wright (pra quem não conhece, fica a recomendação). Fora o tema de abertura — que realmente cresce no espectador durante os 8 episódios da série —, as musicas originais de Dirk Gently não são lá tão marcantes ou dignas de atenção, apesar de cumprirem bem seu papel. Uma coisa não deve sair da sua cabeça, porém: "tudo está conectado", até mesmo na trilha sonora, e a principal faixa que mostra isso é 'First Things First', da banda Neon Trees. Uma ótima maneira não só de amarrar o arco de um dos personagens mais bem construídos da série, mas também de conectar a temporada inteira do começo ao fim. Escutem aí:


Hum... É, acho que isso é tudo por hoje, pequenos e pequenas. Hora daquela boa e velha nota de sempre.

Aí está ela -> 8.0 / 10

Tudo está conectado em Dirk Gently's Holistic Detective Agency. Ou pelo menos quase tudo. A série parece difícil de se relacionar durante os primeiros episódios, jogando cada vez mais conceitos e personagens sem nenhum nexo aparente; mas ao final da trama, os arcos de cada um se conectam de maneira satisfatória e empolgante, fazendo valer o tempo investido. Infelizmente, algumas dessas conclusões não se conectam com a história, deixando um gostinho de Deus Ex Machina na boca. No mais, Dirk Gently possui uma estética unica e cheia de detalhes escondidos, além de contar com uma trilha sonora que amarra bem os momentos-chave de cada personagem.

Portanto, se você está zapeando indeciso Netflix afora, não procure mais, pois Dirk Gently é a melhor série que você poderá assistir nas prateleiras virtuais do serviço nesta semana!

E isso é tudo por hoje, crianços e crianças.

Um abração e até mais!

Por Breno Barbosa

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