domingo, 27 de abril de 2014

Se não leu, leia! - X-Men: A Era X

Sem mais mutantes.




Salve salve, galerinha bacana que faz parte dessa nave louca chamada Desocupado, tudo tranquilo com vocês?

Acho que todos vocês já sabem que dia é hoje, não é? Eu poderia facilmente dizer que hoje é dia de post novo aqui no Desocupado, já que, ultimamente, as vidas (e as preguiças também) de alguns de nós não nos tem permitido preencher as semanas de vocês, nossos queridos desocupados, com mais que uma publicação semanal, ainda por cima no dia mais chato da semana. Mesmo com esses pequenos percalços, cá estamos — e cá estaremos —, todo final de semana, para trazer à vocês um post super-batuta. Cinema? Games? Quadrinhos? Livros? Séries? Nunca se sabe, as possibilidades são muitas, mas uma coisa é certa: graças à graça de Odin, hoje é dia de post novo!

E depois de muuuuito tempo sem tocar no assunto — ou pelo menos sem dedicar um post inteiro à ele —, acordei hoje pela manhã e pensei com meus botões "hey, hoje é um bom dia para indicar uma HQ!", e a tal HQ trago à vocês hoje é X-Men: A Era X (Age of X, no original), uma história paralela dos X-Men, contada em um crossover entre as revistas X-Men: Legado e Novos Mutantes em 2011, com roteiro de Mike Carey e artes de Clay Mann e Steve Kurth (dentre algumas outras participações especiais). Em 2012, a Panini resolveu lançar A Era X como um encadernado aqui no Brasil — por um preço razoável, mas muito difícil de se encontrar por aí —, porém cometendo o leve vacilo de não incluir as duas edições de Age of X: Universe na revista.

E se a Escola Charles Xavier para Jovens Super-dotados nunca tivesse sido fundada? A Era X toma essa pergunta como mote principal para criar um mundo onde os mutantes são considerados ilegais no mundo inteiro, sendo caçados e executados incansavelmente, sem piedade. Um único bastião se ergue contra essas atrocidades: A Fortaleza X, o único porto-seguro dos mutantes, construída General Magneto, líder da Resistência Mutante, que tem como dever manter a ordem e a integridade da Fortaleza a qualquer custo, mesmo que isso signifique ter que fortificar os muros de seu castelo com segredos e mentiras...


É sempre bacana trabalhar com realidades alternativas, principalmente em universos tão ricos quanto o Universo Marvel. São tantas possibilidades alternativas, tantos personagens interessantes, tantos conceitos ainda não explorados, tantas ideias malucas que podem render boas histórias... A Casa das Ideias já bastante conhecida por criar mundos alternativos e variações de sua linha temporal central (as famosas revistas "E se..."). Quer uma prova? Visite a página da Marvel Database, digite o nome de qualquer super-herói famoso na barra de pesquisa, aperte Enter e veja as dezenas de versões alternativas desse mesmo herói. São MUITAS, e algumas delas bastante interessantes.

A Era X traz reimaginações bem interessantes para figurinhas já conhecidas do mundo dos X-Men, não só com novos visuais, mas com novas motivações e novos conflitos pessoais (o que acaba influenciando diretamente na concepção visual de cada um deles); mantendo-se, porém, fiel à essência original desses personagens. Provavelmente (já que eu não estava lá pra ter certeza), os principal questionamentos dos autores na hora de recriar os mutantes nesse novo universo foram: "Como esse personagem iria se comporta sem os X-Men? Como seria sua personalidade? Como se vestiria? Ele ao menos conseguiria sobreviver para ter uma participação nessa história?". Isso fez com que, por exemplo, personagens como Basilisco e Legado parecessem novos aos olhos dos leitores, mesmo sendo apenas versões alternativas dos já conhecidos e adorados Ciclope e Vampira, respectivamente. Aproveitando que acabei de citar Legado e Basilisco, eis a primeira pedra no caminho desta HQ: O desenvolvimento dos personagens. Com tantas novas encarnações de personagens famosos, é óbvio que os leitores mas ávidos — e os fãs de longa data — vão se interessar em saber que caminhos levaram aqueles mutantes à Fortaleza X, e por quais motivos (além da sobrevivência, é claro) eles estão lutando. Basilisco e Legado são dois dos poucos personagens a serem realmente desenvolvidos na trama de A Era X. Alguns tem uma participação secundária — como Dani Moonstar e Frenesi — e outros mal chegam a ter balões de fala — que é o caso dos famosos Colosso e Tempestade. Dentre vários outros motivos, isso se deve, principalmente, à curta duração da história — e também ao próprio desenrolar da trama, mas falaremos disso daqui a pouquinho —, que com certeza renderia bem mais que 7 revistas, cada uma com aproximadamente 20 páginas.

As Curtas Aventuras de Dani e Seus Amigos.

Perguntinha rápida, desocupados: O que caracteriza uma boa história, a jornada ou a conclusão? Particularmente, eu defendo que a jornada é o mais importante para uma boa história ser considerada, bem, "boa". O desfecho com certeza tem seu peso, mas é durante a jornada que vivemos todas as emoções que aquela boa história nos proporciona; e mesmo se o final for ruim, ele não conseguirá apagar aventura que tivemos.

Encaixando-a nesses termos, podemos dizer que a jornada de A Era X é ótima, mas o desfecho, nem tanto. Por que? É o que vou tentar explicar nas próximas linhas. Desejem-me sorte! Uma das coisas mais legais de HQs que se passam em universos alternativos é o fator novidade. Seja você um veterano dos quadrinhos ou apenas um simples novato no mundo da 9ª Arte, você inevitavelmente será (re) apresentado àquele novo mundo e à todos os detalhes e personagens que o circundam. Isso faz com que essas HQs funcionem tanto para os leitores antigos, que estão interessados em ver uma nova interpretação de seus personagens favoritos, quanto para os leitores mais novos, que querem adentrar no mundo dos quadrinhos mas se sentem intimidados pela confusão cronológica dos mesmos (principalmente em grandes editoras, como Marvel e DC). Ok, existem retcons (histórias que, de algum modo, alteram acontecimentos canônicos na cronolgia de um ou mais personagens) e reboots (espécie de "recomeço") a torto e a direito, mas eles não são tão democráticos quanto os universos alternativos, já que muitos deles têm começo, meio e fim pré-estabelecidos, tornando-os mais fáceis de absorver. Dito isso, A Era X se enquadra no hall dos universos alternativos, mas somente nos momentos iniciais, pois a medida que a trama vai se desenrolando, a HQ vai traindo sua própria proposta inicial. Particularmente, eu não me senti muito incomodado com o desfecho de A Era X — até achei o conceito dele bem bacana —, mas isso porque eu conheço pelo menos um pouquinho da longa e conturbada cronologia original dos X-Men. Mas e aqueles que não conhecem, que, inocentemente, encontrarão A Era X numa banca (mesmo isso sendo bastante difícil) e comprarão a revista na intenção de, quem sabe, conseguir adentrar no mundo dos quadrinhos (mais especificamente no mundo dos X-Men)? Como ficarão esses leitores ao se deparar com o desfecho de A Era X? Sem a ajuda do Grande Pai Google, eles com certeza ficarão bastante perdidos.

Mas esse não é o único motivo para que o final de A Era X não seja lá essa Coca-Cola toda. A conclusão da HQ acaba destoando um pouco da ideia inicial, e mesmo respondendo os questionamentos levantados no início da trama, ele levanta ainda mais perguntas, e acaba não respondendo nenhuma delas. Pelo menos nas páginas das revistas que compõem a história.

Mas como eu disse, o que vale mais em uma boa história é a jornada, não o desfecho, e como eu também já disse, A Era X é uma ótima jornada. A história se desenrola num ritmo mediano na maior parte do tempo, mas apressa o passo quando as coisas começam a esquentar. A narrativa fica por conta dos próprios personagens da trama, ou seja, tudo é apresentado sob o ponto de vista deles, e assim como o leitor, muitos deles não sabem o que está acontecendo naquele mundo, e querem ir a fundo em todos os detalhes mal explicados e histórias mal contadas, o que acaba deixando a trama mais divertida de se acompanhar.

O que há dentro da caixa?

Ah, não posso esquecer de falar um pouco de Age of X: Universe (Universo Era X, numa tradução livre), minissérie de duas edições, roteirizada por Simon Spurrier e ilustrada por Khoi Pham, responsável por contextualizar o mundo de A Era X. Aqui, vemos o outro lado da caçada aos mutantes, sob o ponto de vista de um grupo de Vingadores não tão amistosos e corretos quanto o que estamos acostumados. Pode ser difícil de acreditar, mas a história contada nessas duas revistas chega a ser tão boa — ou até melhor — quanto toda A Era X. Além de enriquecer aquele universo — até então exclusivo dos X-Men — e dar uma nova roupagem aos Vingadores e sua origem, a minissérie também levanta um discussão bastante pertinente sobre o controle (de um ou mais indivíduos sobre outro, ou outros). Tudo isso retratado no excelente traço do artista Khoi Pham. É bem provável que Age of X: Universe não tenha sido publicada aqui no Brasil, mas vale a pena correr atrás da minissérie internet afora.

"AVANTE VING-- Ah, deixa pra lá..."

No que diz respeito à ilustração, o traço de A Era X, na maior parte, fica por conta dos artistas Clay Mannn e Steve Kurth, responsáveis, respectivamente, pelas revistas X-Men: Legado e Novos Mutantes naquela época. O primeiro artista, Clay Mann, tem um traço mais limpo e direto, com formas mais quadradas, usando um enquadramento mais simples e sem muitas ousadias. Particularmente, eu já conhecia o trabalho de Mann um pouco antes de ler A Era X, mais especificamente em algumas páginas de X-Men: Legado, e gosto bastante do traço do artista, que me lembra bastante o traço do Olivier Coipel, um dos meus quadrinistas favoritos — que, a propósito, foi o responsável ela arte que ilustra a capa deste post. Clay Mann também ficou responsável por reimaginar visualmente os personagens que semeiam A Era X. O resultado, como vocês podem ver, foi bastante satisfatório. Além da proposta, um dos maiores atrativos de A Era X é o visual diferente e intrigante (em alguns casos) de personagens que já conhecemos. A própria capa da primeira edição já desperta a curiosidade de qualquer um que se diz fã dos X-Men e do Universo Marvel. Palavras de quem só leu A Era X por se interessar pelo visual alternativo dos personagens.

Ao contrário de seu parça de revista, Steve Kurth (responsável pelos Novos Mutantes) tem um traço mais sujo e detalhado, com formas mais sinuosas e com poucas retas. O enquadramento também é um pouco mais ousado, com quadros sobrepostos e personagens saindo para fora dos quadros. Os únicos problemas de Kurth são a anatomia o sombreamento de seus personagens, que são bem... "estranhos" (pra não dizer "errados"). Muitas das expressões faciais não condizem com o que os personagens estão dizendo ou fazendo, e as sombras não escondem nem realçam nenhum detalhe, ou seja, não servem pra nada. A não ser deixar o traço de Steve Kurth mais estranho ainda...

"Legado? Você está bem, chére? Acho que tem algo errado no seu rosto..."

Hum.... er.... ahn... é, eu falei tudo que tinha pra falar sim! O que vem agora? Ah, é verdade, a notinha! Aquela boa e velha nota, feliz, esperta e faceira!

E aí está ela -> 8.0 / 10

X-Men: A Era X é uma ótima reimaginação da vasta mitologia dos mutantes do Universo Marvel — e não só deles, se levarmos em consideração a minissérie Age of X: Universe —, mas que comete alguns pequenos vacilos na hora de recriar essa mitologia. O desfecho da trama acaba destoando um pouco da proposta inicial, e acaba tornando a história menos acessível para aqueles que ainda não estão familiarizado com o mundo dos X-Men. O novo visual dos mutantes — e todo o conceito por trás dele — é bem interessante, mas a execução é fraca por parte de alguns artistas. Sim, eu estou falando de você, Steve Kurth.

"Entonce", se você é fã dos mutantes da Marvel, ou se simplesmente está procurando uma HQ bacana para ler, X-Men: A Era X é a sua melhor pedida. Isto é, se você conseguir encontra-la, é claro...

Bem, isso é tudo, galerinha. Um abraço e até mais!

Por Breno Barbosa

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